No final de janeiro, visitei o Dimeb (Mídia Digital na Educação) da Universität Bremen, na Alemanha. A minha orientanda de doutorado, Dagmar Pocrifka Bley, está realizando as atividades do doutorado sanduíche na Universität Bremen, com o grupo de pesquisa liderado pela Profa. Dra. Heidi Schelhowe. O grupo gentilmente organizou uma programação intensa para nós que nos permitiu conhecer todas as pesquisas em andamento. O Dimeb possui um FabLab dentro da universidade para pesquisa e formação de professores (Uni FabLab Bremen) e desenvolve vários projetos e oficinas. Usando o termo TechKreativ, o projeto reúne "vários programas para oferecer a crianças e jovens, mas também adultos, maneiras criativas de usar a tecnologia e experimentar novas formas de aprender e projetar".
Bremen, localizada no norte da Alemanha, parece uma cidade de contos de fadas, com suas estátuas de animais espalhadas pelas ruas e uma arquitetura fofíssima que lembra o cenário de Harry Potter. O frio em janeiro é para os fortes e a viagem já começou com uma nevasca em Hamburgo, nosso ponto de partida.
Além dos projetos de pesquisa, conhecemos os diferentes espaços utilizados para as pesquisas do grupo, como uma escola primária e um FabLab aberto para a comunidade com atividades de programação, cultura e esporte. Fui calorosamente recebida por todos e foi surpreendente perceber que temos problemas semelhantes, apesar de contextos tão diferentes.
O Dimeb está inserido no Centro de Matemática e Computação e os professores e pesquisadores possuem formação na área de exatas, mas usam conceitos e metodologias do campo da Educação com muita propriedade. Conhecemos os seguintes projetos: Emotest (desenvolvimento de um software de reconhecimento das emoções para pessoas com demência ou algum tipo de deficiência), SMILE (projeto para motivar meninas para o campo da Ciência e Tecnologia), Calliope (programação para crianças nas escolas), Mídia digital e letramento nas séries iniciais (uso de mídias como stop motion como suporte para o letramento), FabLab (para a comunidade com atividades de programação, artes e esporte).
Visitamos uma escola para observar a aplicação do projeto Calliope em uma sala de aula do 4°ano com crianças entre 9 e 10 anos. Ali encontramos a realidade dura dos imigrantes sírios e a enorme dificuldade de inserção em outra cultura: uma menina síria de 12 anos (fora da faixa etária do grupo) estava na sala e quando perguntamos se falava inglês ou alemão, ela disse que falava um pouco das duas, mas dominava perfeitamente outros três idiomas: turco, árabe e aramaico.Vrááááá na cara das estrangeiras sem-noção além do seu próprio umbigo...
Foi uma verdadeira imersão em quase todas as ações desenvolvidas pelo grupo e como toda imersão, o contato humano, a acolhida, a atenção em responder minhas perguntas, a explicação paciente de coisas que parecem óbvias naquele contexto, foram essenciais para a minha compreensão e reflexão sobre a experiência vivida.
Não tenho palavras para agradecer o carinho da Profa. Dra. Heidi Schelhowe que nos recebeu em sua casa, a acolhida calorosa da Dra. Iris Bockermann com um delicioso e divertido jantar em sua casa, o convite gentil para participar da aula da Dra. Nadine Dittert que me apresentou formatos de aula tão diferentes para a pós-graduação, a simpatia e o bom dia de Michael Lund, a delicadeza e o carinho de Saskia Illginnis, a conversa animada com Simon e a simpatia e generosidade de Antje Moebus que me mostrou como é possível aprender tanta coisa em tão pouco tempo de uma forma leve e divertida com chás de gengibre e sopas. Muita gratidão para todos e todas e que os próximos anos nos tragam muita colaboração e ótimas parcerias!
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