quarta-feira, 26 de maio de 2010

Formação dos Multiplicadores UCA

Segunda-feira iniciamos a formação dos multiplicadores (NTE/NTM) designados para o programa Um Computador por Aluno (UCA), em Pernambuco. A nossa estratégia inicial foi deixar que eles experimentassem o computador por uma hora, sem dicas ou orientações. A reação foi muito positiva, todos tinham uma expectativa bem menor e se surpreenderam com o "ukinha". Discutimos os conteúdos da formação dos professores e a nossa estratégia de abordagem. Ficou claro para todos que a aproximação e sedução do professorado vai ser muito mais importante do que qualquer conteúdo formal. A grande vantagem em trabalhar com os multiplicadores, é que eles conhecem muito bem a realidade das escolas e a atitude dos professores diante da tecnologia. Não precisamos começar do zero para bolar um plano infalível do Cebolinha, precisamos apenas conversar e trocar ideias. Como diria meu tio Foucault, a introdução de tecnologia como sinônimo de acesso à informação envolve uma séria disputa de poder. Não se enganem com o mantra do professor resistente, isso é um mito muito bem construído ao longo do tempo para manter o uso das tecnologias digitais longe das escolas. O programa um computador por aluno envolve muito mais do que a imersão tecnológica, ele propõe uma mudança no poder porque os equipamentos estarão nas mãos dos alunos e não dos professores/gestores. Todos estão preocupados com as questões operacionais (defeitos, regras de uso, programas etc) e não temos as respostas prontas, precisamos encontrar consenso em quase tudo. Só não abrimos mão da concepção do computador para o aluno. Qualquer mudança no objetivo fim do projeto é inegociável, e é exatamente aí que o bicho vai pegar...

domingo, 23 de maio de 2010

Esperando a segunda-feira chegar...

Felizmente, o calor senegalês deu uma trégua e estamos aproveitando os dias ensolarados, mas com uma brisa fresca que vem do mar. Com a temperatura mais amena, fomos para a cozinha (Mariazinha e eu) preparar biscoitos e bolos. O resultado vocês podem ver nas fotos, a receita do bolo está no blog Flagrante Delícia, da Leonor de Sousa Bastos. Os biscoitinhos foram feitos com uma receita básica que copiei de uma revista no dentista. Ao contrário da vida corrida no ano passado, agora posso me dar ao luxo de esperar tranquilamente a segunda-feira chegar, com chá e biscoitos. Estou convencida de que a qualidade de vida está mesmo nas coisas simples...


Receita dos Biscoitos
- 2 xícaras e meia de farinha de trigo
- ½ xícara de açúcar
- ½ colher de fermento em pó
-150 gramas de manteiga gelada picada
- 2 gemas
- 4 colheres de sopa de água

Em uma tigela grande junte a farinha peneirada, o açúcar, o fermento e a manteiga até formar uma farofa granulosa. Faça uma depressão no meio e junte as gemas e a água. Misture bem até formar uma bola e leve para gelar por 30 minutos. Abra a massa em uma superfície polvilhada com farinha até obter meio centímetro de espessura. Corte os biscoitos e leve ao forno moderado (180) por 15 minutos ou até dourar as bordas; Depois de 5 minutos retire com uma espátulo e deixe esfriar em uma grade. Para fazer o biscoito bicolor , acrecente 2 colheres de chocolate em pó à uma parte da massa, estique as duas com o mesmo formato e coloque a massa com chocolate por cima da massa branca. Enrole firmemente como um rocambole e leve para gelar por 1 hora. Retire da geladeira, corte em fatias finas e leve ao forno.

sábado, 22 de maio de 2010

Tópicos no Mestrado

Na última segunda-feira encerramos a disciplina Tópicos em Tecnologias Educacionais, no mestrado em Educação Matemática e Tecnológia da UFPE. Foi a minha estreia como professora do mestrado e tive a sorte de dividir a sala de aula com a Professora Patrícia Smith. O primeiro desafio foi estruturar um conteúdo que articulasse as questões teóricas sobre o uso das tecnologias digitais na educação com aplicações práticas das ferramentas existentes, resultando em um produto construído pelos alunos. Depois, tivemos que selecionar os alunos especiais entre mais de cinquenta canditados para apenas quinze vagas. Como disse a Patrícia no primeiro dia, os alunos especiais e regulares possuem os mesmos direitos e deveres, portanto, nada de moleza! O resultado foi fantástico, os grupos produziram propostas maravilhosas, todas viáveis e muito criativas. O primeiro grupo desenvolveu uma aula utilizando o Facebook como local de discussão e repositório de materiais, o resultado foi muito interessante. O segundo grupo desenvolveu a proposta "Digaê, Cidadania e Lazer" com alunos da rede pública utilizando o twitter e outras ferramentas da web 2.0, um resultado tão interessante que qualquer ONG de inclusão digital teria interesse em aplicar a proposta. O terceiro grupo desenvolveu uma experiência no fórum como um AVA, explorando as limitações e as possibilidades da ferramenta. Ficamos impressionados com a quantidade de atividades e estratégias que podem ser desenvolvidas. O último grupo trouxe a proposta de jogos com o ARG e o celular como ferramentas de aprendizagem com uma apresentação interativa bem inovadora. Fecharam com chave de ouro! Ao final, eu e Patrícia estávamos encantadas e perguntei se ela esperava um resultado tão bom. Ela respondeu que também estava surpresa, completando antes de darmos boas risadas: - Ainda não sei as notas deles, mas nós merecemos nota dez!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Fotos que podem mudar o mundo

Uma das minhas disciplinas na graduação é Fundamentos do Ensino de Geografia, no curso de Pedagogia. A proposta do trabalho final para os alunos é a apresentação de estratégias para o ensino de Geografia, utilizando abordagens inovadoras e materiais concretos. Uma das aulas é sobre o uso de filmes e fotos para que as crianças assimilem melhor a temporalidade como um processo, já que a noção de tempo é bastante complexa para os menores. Considero o uso de filmes, fotos, reprodução de quadros etc, como dispositivos tecnológicos com a mesma potencialidade de um equipamento mais sofisticado, mas muitos professores não aproveitam as potencialidades dos recursos disponíveis. O vídeo a seguir é sobre a importância das fotos e como elas podem mudar o mundo, sem pieguice ou exagero.


quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pesquisa no Departamento de Anatomia (Brrr...)

Como eu não posso ver uma novidade/desafio sem querer participar, me integrei ao projeto "Criação de uma videoteca como recurso auxiliar as aulas práticas da disciplina Anatomia", da professora Silvia Moraes, do departamento de Anatomia da UFPE. A professora Silvia já vem desenvolvendo experiências inovadoras no processo de ensino-aprendizagem de Anatomia nos cursos de Fisioterapia. Ela procurou o Centro de Educação para integrar a experiência no uso de tecnologias na aprendizagem ao seu projeto. A nossa empatia foi imediata e dez minutos depois de iniciada a nossa conversa, já tínhamos planos elaborados para dominar o mundo, muahahahah! Da proposta inicial para a criação de vídeos, já avançamos para colocar o material no Moodle, desenvolver animações e preparar listas de atividades para os alunos. A equipe conta com dez monitores da disciplina, um mestrando e um doutorando em Fisioterapia. Apesar de já estar envolvida em dois projetos de pesquisa, fiquei animada em participar do grupo porque nunca vivi a experiência do uso de tecnologias digitais na área biomédica. É interessante porque eles estão buscando alternativas inovadoras e refletindo sobre o ensino. Nós poderemos avaliar as nossas propostas pedagógicas em uma área que absorve com facilidade os recursos tecnológicos na prática profissional, embora seja conservadora na transmissão do conhecimento. Enfim, bom para os dois lados. Meu único receio é ter que lidar com esqueletos e exemplares humanos, a nossa reunião foi no SVO da Universidade, que significa Setor de Verificação de Óbitos! A professora Silvia foi super gentil indo me buscar no estacionamento, mas ao entrar na sala, já dei de cara com um esqueletão me olhando. Ao ver minha expressão apavorada, ela rapidamente me tranquilizou afirmando que era um modelo feito de plástico (como se isso fizesse muita diferença). Já comecei bem...

domingo, 16 de maio de 2010

EAD no Twitter

O João Mattar criou a tag #eadsunday no twitter como ponto de encontro para indicações sobre o tema. Não é possível aprofundar a discussão em 140 caracteres, mas as indicações de leitura, eventos, links e outras coisas perpassam as tendências e correntes do uso da tecnologia na educação. Hoje, o João Mattar acordou a mil por hora, e só na parte da manhã fez muitas indicações interessantes. Vamos lá: primeiro temos o livro Linguagem, Educação e Virtualidade - Experiências e Reflexões, organizado por Ucy Soto, Mônica Mairynk e Isadora Gregolin, disponível para download (é necessário se cadastrar no site). Depois, sobre os fundamentos da realidade aumentada (assunto ainda pouco explorado) temos para download o livro Fundamentos e Tecnologia de Realidade Virtual Aumentada, editado por Romero Tori, Claudio Kirner e Robson Siscoutto. Para finalizar, a indicação do projeto Búzios: Ecos da Liberdade, um jogo adventure sobre a Revolta dos Búzios que aconteceu na Bahia no fim do século XVIII, desenvolvido pela Universidade do Estado da Bahia com o financiamento da FAPESB. Enfim, ótimas indicações que você também pode acompanhar seguindo a tag #eadsunday no twitter.

sábado, 15 de maio de 2010

Eventos em 2010

Pode parecer um paradoxo, mas desde o meu ingresso na UFPE, não consegui me inscrever em um só evento para apresentar trabalhos. Foram tantas informações novas ao mesmo tempo, projetos, editais, orientações e o próprio processo de adaptação ao novo modus operandis institucional, que só agora eu consegui me estruturar para voltar a escrever (para fora, é claro, porque para consumo interno já estou com as minhas munhecas derretendo). Felizmente, temos vários eventos interessantes no segundo semestre, alguns internacionais. Então, imitando o katylene.com, se você é um mestrando/doutorando desesperado por publicações, prepare as leituras, anote as referências bibliográficas, abra o documento no editor de texto e vem comeeeego! De 20 a 23 de julho, em João Pessoa, teremos o I Congresso Internacional da Catédra da Unesco de Educação de Jovens e Adultos, com o tema "Educação e Aprendizagem ao Longo da Vida". São doze grupos de trabalho e o GT12 - EJA e Tecnologias da Informação e Comunicação - possibilita uma discussão interessante sobre a inclusão digital. As inscrições com trabalhos estão abertas até 13 de junho. Outro evento importante também em João Pessoa (juro que não tenho nada a ver com isso!) é o Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, que acontecerá no período de 23 a 26 de Novembro, numa realização conjunta entre a Universidade Federal da Paraíba e a Universidade Federal de Pernambuco. A inscrição com trabalhos pode ser feita até 17 de julho. Quem quiser atravessar o Atlântico tem como opção o I Encontro Internacional TIC e Educação que acontecerá em Lisboa, no período de 19 a 20 de dezembro. O evento é "uma iniciativa do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa em articulação com a Revista Educação, Formação & Tecnologias e com a Unidade de Investigação em Educação e Formação da Universidade de Lisboa e tem como principal finalidade proporcionar um espaço de reflexão sobre práticas de integração e inovação curricular nas escolas portuguesas e em outros contextos de formação e aprendizagem". O prazo final para submissão de trabalhos é 19 de junho. Outro evento internacional (só que na vizinhança) é o Congresso Ibero-americano de Informática Educativa (IE) 2010, que acontecerá entre os dias 1 e 3 de dezembro, em Santiago (Chile). O evento é a união dos três eventos ibero-americanos mais importantes de Informática Educativa: o Congresso da Rede Ibero-Americana de Informátiva Educativa (RIBIE), o Simpósio Internacional de Informática Educativa (SIEE) e o Taller Internacional de Software Educativo (TISE). A proposta do IE 2010 "é reunir os grandes expoentes da Ibero-América e do mundo para formar um espaço de apresentação, intercâmbio e difusão de experiências sobre informática educativa". A data limite para o envio de trabalhos é 14 de setembro. Ficou animadinho? Então não fique aí parado, corra e comece a escrever o artigo agora mesmo!

sábado, 8 de maio de 2010

Lançamento do Programa UCA em Pernambuco

Ontem foi o lançamento do Programa Um Computador por Aluno (UCA/SEED/MEC), em Pernambuco. A cerimônia de lançamento foi no auditório do Centro de Educação da UFPE, com a presença da Secretária de Educação do Estado, professora Zélia Porto (que é professora do meu departamento). Estavam presentes representantes das secretarias de educação dos municípios participantes, gestores das escolas e multiplicadores dos NTE/NTM. Fizemos uma apresentação do UCA com o professor Paulo Gileno, e do sistema de avaliação do programa com a professora Kátia Cilene. O professor Sérgio Abranches (coordenador do UCA) conduziu os trabalhos e deixou um espaço para as dúvidas e questionamentos dos gestores e multiplicadores. Praticamente todas as escolas já receberam os computadores e a rede lógica está quase pronta. A gestora de Caetés colocou que os alunos já perceberam a movimentação dos técnicos de rede na escola e estão na maior expectativa com a chegada dos equipamentos. As colocações dos gestores foram muito importantes para repensarmos algumas ações do programa. Foram tão importantes que vou sugerir ao grupo nos mudarmos de mala e cuia para dentro das escolas nas próximas semanas. As realidades são muito distintas, definitivamente não é possível atochar um pacote pronto de formação. Surgiram questões variadas, por exemplo, o atendimento dos alunos de EJA, a recarga dos equipamentos, o uso do laptop na educação inclusiva, o trabalho em salas multiseriadas na escola rural etc. Na reunião com os multiplicadores, apresentei o projeto de formação e as ações que precisaremos desenvolver nos próximos meses. A reação foi muito positiva, todos ficaram empolgados com a proposta. Como disse o professor Paulo Gileno, este é o momento dos multiplicadores assumirem um papel fundamental no processo de inclusão digital nas escolas. E o mais importante: eles sabem disso!


#As fotos são da minha orientanda top model, Dagmar Heil Pocrifka, que tem uma super máquina fotográfica e ontem fez uma bela apresentação de seu projeto no Edumatec.

Discutindo a EAD na Semana Pedagógica

Semana passada tivemos a semana pedagógica no Centro de Educação da UFPE. O grupo que trabalha com educação e tecnologias apresentou vários mini-cursos coordenados pela professora Auxiliadora Padilha. Na sexta-feira, último dia de atividade da semana pedagógica, nós participamos de uma mesa redonda intitulada O Contexto da Educação a Distância no Brasil. A professora Auxiliadora Padilha falou sobre os conceitos e fundamentos da EAD, eu falei sobre as políticas públicas em EAD e a professora Thelma Panerai falou sobre as ferramentas utilizadas na EAD (e que também podem ser utilizadas no presencial). Foi muito interessante, vários professores participaram, até que um professor (de outro departamento que eu nem sei qual é) pediu para falar e fez um discurso marxista/stalinista da demonização da EAD e como a modalidade iria roubar nossos corpos e destruir as nossas mentes. Sem comentários...Para dizer a verdade, me incomodou muito mais ele dizer que no governo FHC houve mais investimento na educação do que no governo Lula. Falar mal da EAD eu até tolero, mas falar de Lula, jamais! Felizmente, o professor Batista que é Diretor do Centro de Educaçao, fez um belo discurso sobre a necessidade de se trazer a discussão da EAD para dentro de Centro e construir, de forma coletiva, uma proposta de EAD que traduza a compreensão do CE sobre a modalidade. Já não era sem tempo!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Compartilhando a Tese

Já faz um certo tempo que eu desejava disponibilizar a minha tese aqui, mas ainda faltava alguns ajustes da ABNT e confesso que eu não aguentava mais olhar para ela. Fiquei empacada com as normas para a citação de documentos oficiais. A princípio a citação correta seria BRASIL, ano, mas a quantidade de documentos do mesmo ano (e do mesmo órgão) confundiria bastante o leitor. Optei por manter o nome do documento, uma opção prevista nas normas da ABNT quando o documento for específico. Como a pesquisa é documental, os documentos oficiais são as estrelas do trabalho, citá-los como Brasil, 2005a, Brasil, 2005b, transformaria a análise das resoluções e anexos em materiais subjacentes. O corpus documental que eu estava analisando era tão complexo que foi preciso criar um esquema visual para explicar a importância e a articulação entre eles. Confesso que sinto um prazer secreto em desafiar as normas da ABNT, existem alguns elementos que simplesmente não estão previstos nas normas e ficamos sem saber o que fazer com eles. Um exemplo foi a nuvem de tags que eu coloquei ao final de cada capítulo, para desespero da banca. O momento Kodak da defesa foi o professor Sérgio Abranches elogiando a minha ousadia ao inserir as imagens e as nuvens de tags enquanto o resto da banca não achava tão interessante assim. Outra questão importante era a publicação no próprio site do PPGE, responsável pela indexação oficial das teses defendidas na UFPB. Bom, sem mais delongas, segue o link para acessar a tese "Educação a Distância e a Formação de Professores na Perspectiva dos Estudos Culturais".

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Alice

Ontem fui assistir ao filme de Tim Burton e fiquei muito impressionada com o espetáculo visual do filme. Li que algumas pessoas não gostaram do roteiro, acharam o filme fraco etc e tal, mas não consegui enxergar nada disso. O filme aborda com delicadeza o principal elemento do livro de Carroll, a busca pela identidade como um processo de crescimento. A pergunta "você é mesmo Alice?" é realizada várias vezes ao longo do filme, como uma espécie de pegadinha para o espectador. Ficamos em dúvida se ela é realmente Alice ou não, da mesma forma que no livro o autor resolve o surrealismo da história com Alice acordando de um sonho. A opção por uma Alice adulta é interessante porque retira a questão temporal do universo infantil. O filme não se resume aos conflitos de uma pré-adolescente em crescimento, ele opta por tratar um conflito que pode nos acontecer em qualquer momento de nossas vidas. Burton optou por focar as nossas escolhas e o que podemos ser a partir delas, a sensibilidade dele ao traduzir o universo feminino é fantástica (vale a pena ler o texto do Arnobio Rocha sobre o filme). No mundo real, ela é uma marionete cujo noivado foi arranjado sem que ela sequer soubesse. No submundo/subterrâneo ela pode escolher o que quer ser (sonho de independência de qualquer mulher que deseja escolher o que quer ser e não o que esperam que ela seja). Ao final, Alice pode escolher o que realmente queria para a sua vida, ela rompe com o status quo criado ao seu redor para que ela aceitasse de forma passiva o casamento.O espetáculo visual envolve muitas outras questões, é impossível não reagir diante do colorido, movimento das câmeras, cenografia espetacular e figurinos maravilhosos. Ao subverter a perspectiva (os diferentes tamanhos de Alice, e a enorme cabeça da Rainha Vermelha com o corpo pequenino, por exemplo), Burton traduz para as imagens a concepção do roteiro. Ou melhor, deixa uma pista para nós de sua abordagem ao contar a história de Alice. Talvez seja justamente nesse momento que ele incomode tanto, não é um filme linear, tampouco uma versão. É cinema no seu conceito mais simples: contar uma história que possa ser compreendida através da linguagem visual.

domingo, 2 de maio de 2010

A Institucionalização da EAD nas Universidades

Nas reflexões sobre as políticas públicas em Educação a Distância é possível observar os movimentos da ação governamental com a precisão de um jogador de xadrez. Nem todos os movimentos são os mais adequados, mas reconheço que não haviam muitas opções para se implementar a EAD como política pública. A opção foi negociar diretamente com os reitores, via editais, operacionalizando a EAD através de grupos dentro das IES, sem passar por departamentos e conselhos. Não resta dúvida que se fosse seguido todo o procedimento regimental das IES - aprovação dos cursos nos departamentos, conselhos de centro e órgãos superiores das Universidades - a EAD ainda estaria no papel, porém, "quebrar" o sistema significou manter a modalidade marginalizada. A EAD sobrevive na maioria das Universidades públicas porque é financiada, se o governo retirar amanhã o subsídio, o sistema trava. A proximidade das eleições presidenciais tem tirado o sono de muita gente, e mesmo com algumas garantias elementares, não existe certeza de que a EAD será mantida nos modelos de hoje. Por esta razão, o governo corre contra o tempo tentando institucionalizar a EAD e cortar a dependência financeira (e sistêmica) que foi criada. Não foi por acaso que a EAD foi parar na CAPES, órgão reconhecido por sua excelência, por financiar projetos e realizar avaliação da pós-graduação no país. As vagas para os professores, reivindicação antiga dos percursores da EAD, foram liberadas apenas para lotação dentro dos departamentos. O último edital de fomento da CAPES para as IES que atuam com EAD foi explícito: as propostas precisavam de aprovação nos departamentos. É um movimento confuso, mas o objetivo é claro: as equipes criadas no início da implantação da EAD foram necessárias, mas hoje constituem-se um entrave para o processo de institucionalização. Não é possível convencer as estruturas departamentais e conselhos (que atuam com representantes legitimados através do voto) que a EAD seja conduzida por pessoas indicadas pela reitoria. Nenhuma estrutura reconhecerá a modalidade enquanto os coordenadores (e a equipe constituída) não for eleita ou legitimamente indicada a partir de um debate democrático. As indicações são toleradas apenas por um tempo determinado, e o próprio desempenho e formação da maioria dos escolhidos deixa muito a desejar, por mais que a CAPES os agrade constituindo "grupos de avaliação" (é só olhar o banco de consultores, a maioria é formada por coordenadores UAB ou de curso, ou seja, avaliação entre pares). Em resumo: os coordenadores UAB, figuras de confiança do reitor e do próprio sistema UAB, tornaram-se elefantes brancos nas IES. Mas conhecemos as políticas de Estado o suficiente para saber como terminará a história: o atual modelo de gerenciamento da EAD está com os dias contados!

Um pouco de história, por favor!

Semana passada concluí alguns ciclos importantes, tenho muita dificuldade em deixar as coisas e seguir em frente. Quando eu fui trabalhar na UEPB, não existia a educação a distância no ensino superior e minha tarefa na instituição era criar os cursos e a estrutura para o funcionamento de uma nova modalidade. Eu tinha uma boa formação e vinha trabalhando com EAD em empresas no Rio de Janeiro. Junto com a professora Iolanda Barbosa trabalhei muito para que a Universidade desse os primeiros passos nesta direção. Participamos de inúmeras reuniões, formamos parcerias, escrevemos projetos, elaboramos orçamentos e concorremos aos editais do MEC. Iniciamos as atividades de EAD como polo dos cursos da UFRN e UPE, mas rapidamente já tínhamos conseguido implementar os nossos próprios cursos. A UEPB foi a primeira universidade a oferecer cursos a distância na Paraíba, saindo na frente das federais que só iniciaram as suas atividades quase dois anos depois. É claro que não posso afirmar com certeza, mas dificilmente ela teria conseguido fazer isso sem a minha presença, pelo menos naquele momento. Tudo isso pode parecer grande coisa, mas pouco mais de um ano depois eu já tinha sido colocada para escanteio, substituída por uma pessoa a qual eu jamais daria boas referências. Apesar de todas as mágoas que costumam acompanhar os movimentos do sobe e desce nas instituições, eu fui procurar outras opções, já que meu objetivo era me tornar professora efetiva em alguma instituição pública. A única possibilidade era estudar, praticamente todas as universidades federais estavam exigindo o doutorado nos concursos. Saí da disputa (a vibe era muito negativa e eu não estava disposta a lidar com esse tipo de energia), e fui me dedicar ao cargo de professora substituta e ao doutorado. Aguentei desaforos e engoli muitos sapos e muitas pessoas me questionavam porque eu suportava determinadas coisas, mas a resposta é muito simples: eu não ia desistir de tudo o que havia contruído, eu só sairia quando eu quisesse, no momento certo. O resto vocês já sabem, conclui o doutorado em um ano e meio, fiz o concurso para a UFPE e estou muito bem no meu novo trabalho. Fui muito bem recebida, aprovei um projeto de pesquisa, fui aceita como professora do mestrado, ajudo de verdade no meu departamento e estou me envolvendo em vários projetos importantes. Na minha reunião de despedida foi lembrado que eu devia muito à UEPB, embora a UEPB também deva muito à mim. Claro que é verdade, mas existe uma diferença tênue entre o que podemos fazer com o apoio de uma instituição e a nossa capacidade individual, muitas pessoas tem a mesma oportunidade e não conseguem sair do canto. A convergência de elementos positivos depende de como nós o administramos, um exemplo é que eu não fui beneficiada por trabalhar com o meu objeto de pesquisa, eu escolhi o meu objeto de pesquisa no meu trabalho porque eu não poderia parar de trabalhar para me dedicar exclusivamente ao doutorado. O fato é que eu passei dois anos sem ter um final de semana livre, trabalhando na pesquisa nas madrugadas e feriados (todos sabemos que isso tem um preço alto). Sempre soube onde e como eu queria chegar, não estava disposta a passar por cima de ninguém no caminho. Acreditei na lealdade, no trabalho árduo, na generosidade e fui muito bem recompensada por isso. Felizmente, disso ninguém pode duvidar...

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