Ao final de cada ano, eu costumava fazer um balanço para contabilizar as coisas que produzi profissionalmente durante doze meses. A vida tem suas reviravoltas, as prioridades mudam e isso não é mais importante (na verdade, acho que nunca foi). Hoje contabilizo as novas amizades que fiz durante o ano, as amizades antigas que foram reforçadas, os lugares que conheci, as experiências engraçadas, o carinho das filhas, os beijos e afagos que dei e recebi. Claro, teve também o pós-doc, uma experiência maravilhosa daquelas para guardar dentro de um livro de capa dura com folhas transparentes para proteger, mas que só pode ser medida através das belas conversas com as pessoas que conheci ou do cuidar e proteger que aprendi enquanto estava fora. Durante os primeiros meses do pós-doc, eu tinha a nítida sensação que meu cérebro estava se esticando, quase podia ouvir as engrenagens trabalhando a todo vapor para dar conta das leituras e discussões. Imagem, cinema, antropologia visual, narrativas, metodologia, a cada novo encontro de orientação uma nova porta se abria e me mostrava mais possibilidades para pensar a cultura digital. Foi um ano realmente intenso... As orientações, publicações, palestras, aulas, bancas e eventos fizeram parte da minha vida em 2014 no mesmo ritmo frenético de sempre, mas são apenas uma parte da minha vida. Não é (e nem pode ser) a parte mais importante). São registros que valem a pena não pelo suposto sucesso das empreitadas, mas pela possibilidade de interagir, apoiar, ensinar, aprender, esclarecer e indicar o caminho para as pessoas. A coisa mais importante que descobri (e que consegui colocar em prática): é o amor que nos move, mas não do jeito que pensamos. O amor está nas pessoas e se não podemos ter tempo para conviver com elas e exercitar a nossa generosidade, carinho e compaixão, a vida não vale a pena. Entre as mudanças que aconteceram em 2014 (mudança de país, mudança de casa, inúmeras viagens, lugares incríveis, novos amigos presenciais, novos amigos virtuais, muitas risadas e conhecimento), o que fica mesmo é a memória do afeto e a cada vez que aciono as minhas lembranças, consigo encontrar paz e felicidade. Foi mesmo um bom ano, um excelente ano...