terça-feira, 28 de abril de 2009

A UAB/MEC em Tempo Real

Sem querer copiar o Jack Bauer e suas 24 horas, estou em Brasília participando de um encontro do Pró-Licenciatura com coordenadores de todos os cantos do país. O pretexto do evento é a incorporação amistosa do Pró-Licenciatura pela UAB, que por sua vez foi incorporada pela CAPES, que por sua vez resolveu se tornar uma locomotiva operacional dos programas de educação. Educação básica, a distância, presencial, graduação, pós-graduação, seja o que for, a CAPES está no comando das carrapetas. Como diria Stuart Hall, do lugar de onde eu falo, os números estão na pauta do dia. Hoje, são 560 pólos de educação a distância com cerca de 100 000 alunos. A previsão para 2011 é de 850 pólos com 700 000 alunos. Eu não sei nem fazer a conta deste aumento percentual, e nem sei explicar porque o aumento astronômico no número de vagas é um fato positivo. O Pró-Licenciatura foi implementado em uma concepção de autonomia das Universidades na organização e estruturação dos pólos, e foi dito com clareza que esta autonomia será sacrificada com a mudança para a UAB. A UAB não é apenas uma rede de articulação dos cursos a distância, ela é um modelo hegemônico de educação a distância. A permuta para a perda de autonomia é a sinalização de novos financiamentos. Mas será mais fácil chegar aos 700 000 alunos agregando os pólos do Pró-Licenciatura... Não é uma escolha, a decisão já foi tomada, cabe aos representantes "construir" de forma "coletiva" como esse modelo será melhor absorvido. No que me diz respeito ao processo, encontrei o tema e o material do capítulo final da minha tese, mas vou sentir muita falta do Pró-Licenciatura e do que ele representou para se pensar em um nova concepção de educação no país.

sábado, 25 de abril de 2009

Qualificação em Poucas Palavras

Imagine estar sentado com quatro doutores na sua frente, dissecando o seu texto com a precisão de um legista de C.S.I... Imaginou? Pois é, isso é uma qualificação de doutorado onde são apresentadas várias possibilidades com apenas uma regra: o trabalho é seu, só você pode decidir o que acatar. Qualificação é isso, colocam mais caraminholas na sua cabeça do que você pode digerir, fazendo você sair de lá com a animação de quem bebeu vinte copos de café expresso com oito latas de Red Bull. Você se sente capaz de escrever a melhor tese dos últimos tempos em uma semana! Lá vamos nós...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Bibliotecas Digitais

Acabo de ler que a Unesco vai lançar amanhã em Paris (trés chic, porque não fazem um lançamento na Somália?), a World Digital Library, um site com acesso grátis a livros, mapas, manuscritos, filmes e fotografias raras. É um projeto semelhante ao Google Book Search e a biblioteca virtual Europeana. O objetivo do projeto, segundo a Unesco, é reduzir a exclusão digital, ampliar o conteúdo "não-ocidental" na internet e oferecer conteúdo para ensino on-line.O projeto foi idealizado pela Unesco e outras 32 instituições. Em um primeiro momento, o conteúdo estará disponível principalmente em árabe, chinês, inglês, francês, português, russo e espanhol e haverá conteúdo adicional em outras línguas. Fico imaginando o impacto da sistematização do conhecimento em bibliotecas digitais. Quando eu era criança, minha mãe comprou uma enciclopédia no Círculo do Livro, chamada "Tudo". Aqueles três volumes de capa azul eram a minha única fonte de consulta e, depois de alguns anos, eu já tinha memorizado vários verbetes. Hoje, minhas filhas e meus alunos por mais tempo que passem na frente de um computador não conseguirão dar conta de todas as informações disponíveis. Ainda bem que nós, professores, vamos encontrar algo mais útil para fazer em sala de aula do que repetir as informações da Barsa...



# Eu ando com os nervos em pandarecos por causa da qualificação do doutorado na próxima sexta e, obviamente, a família não colabora, nada funciona direito e o mundo está prestes a acabar... Minha filha adolescente me pede para dar carona para uma festa no sábado à noite, em algum lugar que ela não sabe direito onde é. Deixo os meus procedimentos teórico-metodológicos de lado, respiro fundo e vou fazer meu papel de mãe. Depois de vinte minutos rodando sem achar o endereço, ela telefona para cinco pessoas diferentes que não conseguem explicar com chegar na tal festa. Eu, literalmente surto, e aos berros digo que vamos para casa, que eu não sou palhaça etc e tal. Trecho sui generis do diálogo? Lá vai: - Você passa o dia todo na #@*% do computador, custava encontrar a %&* da rua no Google Mapas e descobrir como chegava na #@!% da festa? Faça alguma coisa útil na Internet ao invés de ficar só no MSN e Orkut!!!! Sim, eu sou uma mãe desbocada, sim, estou surtada e a coitada não tem culpa, mas convenhamos... Até nessa hora tem que lembrar da @#$% do uso das tecnologias???!!!

domingo, 12 de abril de 2009

I Seminário Ciência em Ação

Os percalços para escrever uma tese de doutorado são os mais variados possíveis: a dificuldade de ler todos os autores sobre um determinado assunto, conseguir os documentos necessários para provar a sua hipótese, realizar a pesquisa de campo, conseguir as entrevistas necessárias, encontrar aquele texto manuscrito de mil novecentos e antigamente, enfim, cada um tem uma história para contar que pode ser tornar uma tragédia ou uma comédia, dependendo do resultado final. Embora os problemas sejam pontuais e variem de acordo com as especificidades de cada pesquisa, todos encontram dificuldades com as questões metodológicas, sobretudo nas ciências sociais. O aprofundamento nas questões metodológicas da pesquisa social trouxe uma maior exigência em sua construção, ao mesmo tempo em que a diversidade de opções metodológicas aumentou significativamente. Por esta razão, os espaços para aprofundamento das questões epistemológicas e metodológicas são sempre bem vindos. Seguindo esta linha, a Professora Miriam Aquino organizou o I Seminário Ciência em Ação, que acontecerá nos dias nos dias 16, 23 e 30 de abril e 07, 14 e 21 de maio de 2009, tendo como objetivo promover o intercâmbio de informações e experiências nas áreas de Ciência da Informação e Educação, a fim de gerar debates e fomentar o desenvolvimento da área. O foco da programação está nas questões metodológicas da pesquisa social e contará com a participação de professores do PPGCI/UFPB, PPGE/UFPB e DL/UFRN.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Responsabilidade Jurídica

Eu já tinha decidido esquecer o assunto, mas como esse blog funciona como um espaço de cartase dos meus estranhamentos cotidianos, vou contar uma historinha aqui. Como a responsabilidade jurídica me obriga a omitir os nomes das pessoas e Instituições, vou recorrer ao artifício de minha querida autora Jane Austen para garantir a privacidade dos envolvidos. A Universidade Federal ... abriu recentemente um concurso que exigia experiência em pesquisa e em Educação a Distância, assim mesmo como está escrito aqui. O edital não especificava qual o tipo de comprovação documental ou exigência que seria feita para a homologação da inscrição. Depois de encerradas as inscrições e com vários indeferimentos, descobrimos que o critério era ter pesquisa aprovada no CNPq, em programas como PROINCI E PIBIC. Não foram aceitas as pesquisas em Mestrado e Doutorado, participação em Grupo de Pesquisa (mesmo os cadastrados no CNPq e certificados pelas Instituições), assim como as orientações e trabalhos publicados. Por outro lado, uma candidata com experiência como aluna de graduação bolsista, foi considerada apta como pesquisadora, embora nunca tenha entrado em uma sala de aula, seja da Educação Básica ou do Ensino Superior. Em conversa com a Chefe de Departamento, ouvi a seguinte pérola: -"A declaração da chefe de departamento de sua Instituição não serviu, porque conheço muita gente da sua Universidade que tem o papel, mas nunca fez uma pesquisa na vida". Ótimo professora, no próximo concurso, vocês poderiam colocar uma ressalva de que qualquer prova documental estará sujeita à análise e compreensão subjetiva, preconceituosa e aleatória dos professores designados por este departamento. Ou melhor ainda, coloquem logo as características físicas e o CPF dos possíveis candidatos. Assim, eu e outras pessoas não perderíamos nosso tempo e nosso dinheiro referendando processos como este. Sinceramente, eu desisti de entrar com qualquer tipo de recurso, porque um departamento que é capaz de tamanha ilegalidade debaixo do nariz de todo mundo, é bem capaz de mandar quebrar as pernas dos candidatos que eles não querem que sejam selecionados. Por via das dúvidas, é melhor ficar de fora!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Enquanto isso, direto da batcaverna...

O uso do celular em sala de aula está proibido no Rio de Janeiro, por força de lei sancionada pelo Governador Sérgio Cabral. Segundo o autor da lei, deputado João Pedro (DEM - tinha que ser!), autor da lei, o objetivo é acabar com a fofoca e o troca-troca de torpedos durante as aulas que atrapalham o aprendizado e dispersam a atenção do professor e alunos.- "Conversei com alguns professores e me surpreendi com as inúmeras reclamações ao uso do telefone celular pelos alunos - diz o deputado". Maravilha, o problema da educação no Brasil está resolvido: são os celulares que interferem na aprendizagem! Podemos dormir tranquilos agora que essa medida tão importante foi tomada. Enquanto isso, no mundo real de quem trabalha com educação, discute-se como podemos nos apropriar do celular para potencializar a aprendizagem, com o avanço da web móvel. Mas não vamos contar nada aos nossos políticos, senão eles vão inventar uma outra forma de proibição e coerção para melhorar a educação do nosso país...


# Não reparem no tom ácido, mas realmente este tipo de proposta me tira do sério, principalmente quando vejo a quantidade de descontos no final do mês para sustentar essas figuras...
# O Evandro, do blog entre Zero e Um, fez uma postagem bem bacana com uma referência ao meu blog. Obrigada, Evandro!

Web 2.0 Expo

Aconteceu semana passada, em São Francisco - EUA, a Web 2.0 Expo, um evento que "apresentou inovações, modelos de negócios, padrões e estratégias de projeto que vêm tendo sucesso na nova geração da web", segundo a reportagem do Jornal O Globo. Ainda segundo o jornal, o Twitter e Facebook reinaram absolutos. Interessante foi o pedido do vice-presidente da Nokia, ao iniciar sua palestra: - Por favor, deixem seus celulares ligados para que vocês mantenham contato com o mundo online. - disse Tero Ojamperä,contrariando o hábito de se pedir para que se desligue o aparelho. As palavras de ordem do momento são mobilidade e múltiplas plataformas. Um dos temas tratados no evento foi como sobreviver à crise com a economia de recursos e o uso racional e inteligente da web - The Power of Less, menos é mais, faz jus ao nome e nos faz pensar no que podemos fazer melhor, gastando menos. Simpler. Faster. Cheaper. É interessante observar que podemos criar links entre os posts aqui do blog, pois a pesquisa com os adolescentes diante das telas, o uso dos celulares na Educação a Distância (Amadeus), as tecnologias invisíveis e a Web 2.0, estão todos interligados na mesma proposta de uso da rede, cujo nome eu ainda não sei qual será. Embora centrado no poder de fogo dos negócios que podem render dinheiro na web, o evento reforça a tendência da Web 2.0 como um conceito e uma forma de utilizar a Internet que veio mesmo para ficar. Ah, sim, os vídeos e os slides das palestras estão disponíveis no site do evento. Quando eu crescer, ainda vou acompanhar um evento de educação aqui no Brasil desse jeito...

domingo, 5 de abril de 2009

Tecnologias Invisíveis

Acontecerá um seminário na Argentina a partir de amanhã sobre a web 2.0, capitaneado por Hugo Pardo. O título do seminário é Educação Web 2.0, Tecnologia Invisível/Aprendizagem Colaborativa: A Universidade do Século XXI. Eu achei o termo tecnologia invisível simplesmente irresistível porque sintetiza muitos elementos que caracterizam a Web 2.0 em uma definição simples. A facilidade para o usuário em publicar um conteúdo na web, fazer upload de vídeos, criar um site, compartilhar fotos, entre outras ações, é determinante para o uso que se faz da Internet. É a diferença entre acreditar que o professor precisa fazer capacitação do pacote Office da Microsoft (argh!), ou conhecer as ferramentas que permitem a autoria (Blogs, Facebook, YouTube etc) e participar de listas de discussão sobre o seu uso. Quanto menos percebemos a estrutura tecnológica dos dispositivos, digitais, mais fácil se torna a sua utilização em favor da aprendizagem. Assim, pensar a Web 2.0 como uma estratégia de marketing ou um conceito pouco consistente, é não compreender a dimensão educativa da web e a apropriação (finalmente!) das novas tecnologias pela educação.

Ads Banner

Google Analytics