Eu nunca tinha organizado um evento científico antes e o balanço que eu faço dessa experiência não está relacionado com os aspectos operacionais ou financeiros, mas sim com o desenvolvimento pessoal e acadêmico que o ICCI nos proporcionou. Em primeiro lugar (sempre!), estão as pessoas. E que pessoas! Os palestrantes convidados foram maravilhosos não apenas na perspectiva da qualidade científica de suas apresentações, mas na afetividade, cordialidade e doçura. Todos foram extremamente generosos, participativos e empenhados em fazer o evento ser um sucesso. Eu realmente lamento que os alunos não aproveitem melhor oportunidades como essa, a UFPE é um centro de atividades em ebulição o tempo todo, mas vejo sempre poucas pessoas da própria instituição participando das atividades. Talvez seja uma questão de exemplo mesmo, precisamos (como professores) incentivar os nossos alunos, indicando os eventos e liberando os alunos para que eles participem das atividades. O nível dos trabalhos apresentados foi outro elemento importantíssimo e já estamos providenciando um livro com os melhores trabalhos apresentados no evento. Em breve publicaremos os anais eletrônicos do evento e as fotos estão disponíveis na nossa página nas redes sociais. Para concluir, preciso agradecer ao professor José Ribeiro, meu orientador no pós-doutorado e idealizador do evento em nossa Universidade. Claro que sem a minha querida parceira de luta, Thelma Panerai, não teríamos conseguido nada, nunca vi alguém para conhecer tanta gente e ser tão eficiente! Obrigada, Thelmita, as nossas parcerias sempre dão muito certo!
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
Notas sobre o ICCI (7): agradecer é sempre bom!
Organizar um evento não é fácil mesmo, mas nada teria dado certo sem a ajuda das nossas orientandas e agregados do Edumatec que foram os grandes responsáveis pelo sucesso do evento. O querido Mario, nosso apoio na secretaria, foi um verdadeiro leão para dar conta da burocracia e dos intermináveis pedidos que fazíamos a todo instante. As queridas Amanda, Alice, Dagmar, Flávia, Claudia e Lilian que foram quase sequestradas para a função, nos deram todo o apoio que precisávamos. Amanda fez o site mais lindo de todos os tempos, gravou todas as conferências e esteve lá, firme e forte resolvendo os pepinos tecnológicos e recebendo os merecidos elogios do pessoal da USP.Flávia nos ajudou no credenciamento e na recepção dos palestrantes.
Alice assumiu o credenciamento, recebeu os convidados, esteve na linha de frente das reclamações dos participantes e ainda coordenou uma sessão. Dagmar, Claudia e Lilian assumiram a coordenação das sessões, o que é ótimo para o currículo e melhor ainda para o evento. Meninas, eu e Thelma agradecemos o empenho de vocês em nos ajudar! Sem vocês, estaríamos perdidas... O melhor de tudo é trabalhar com gente que não fica de cara amarrada, não se chateia com os imprevistos, não se desespera quando tudo dá errado. O sorriso de vocês, o carinho e a fofice foram tudo de bom, suas lindas!
Notas sobre o ICCI (6)
A qualidade dos trabalhos apresentados no X ICCI foi surpreendente, não apenas em relação ao aspecto inovador das propostas de pesquisa, mas também em relação ao rigor conceitual e metodológico utilizado. Tenho sempre a impressão de que quem trabalha com assuntos que escapam do rigor acadêmico se preocupa excessivamente com os aspectos metodológicos e conceituais por uma questão de sobrevivência mesmo. Assim, tivemos trabalhos inovadores e absolutamente fora das "caixas acadêmicas", mas extremamente estruturados e fundamentados. Os títulos dos artigos já despertavam a curiosidade de quem estava nos corredores, trabalhos como Robocop e a Pós-Modernidade: Uma análise do corpo biocibernético-monstruoso, Os relatos pessoais da cidade: as micronarrativas de Humans of New York, Eu sou a Universal! A publicidade iurdiana e a concretude da felicidade terrena, entre outros, foram muito bem recebidos por todos.
Na sessão em que eu estava, tive a satisfação de ouvir a apresentação de Gustavo Lins com Lado nix: web-série ou série na web? Análise dos termos através de estudos narrativos em mapas, a Amanda Bueno com Anitta Oficial: a construção da imagem de celebridades na rede, a Lucille Batista com Espantos inesgotáveis: análise do uso de imagens em comunidades virtuais educativas no Facebook e a Izabel Lima com Texturas Sonoras: acessibilidade e ludicidade nos áudio games. Eu aprendi tanto nesse evento, levei tantas sacudidas epistemológicas que estou reconstruindo os meu foco de pesquisa para o próximo ano. Aliás, 2014 foi o ano de sair da caixa e enfrentar um mundão de ideias, conceitos e perspectivas tão diferentes do que eu estava acostumada que estou precisando de um freio de arrumação para me organizar internamente. Só tenho a agradecer aos participantes que vieram de longe para compartilhar as suas produções, interagir e prestigiar o nosso evento. Muito obrigada!
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
Notas sobre o ICCI (5)
Na parte da tarde, enfrentamos a falta de energia que transformou o auditório em uma sauna sem a parte boa: o cheiro de eucalipto e pessoas de toalha. A professora Zilda Lokoi (USP/Diversitas) que além de ser uma fofa, é uma mulher corajosa, apresentou sua conferência Imagens de imigrantes e de movimentos sociais nas mídias com questões atuais sobre os imigrantes em São Paulo que trabalham em condições análogas ao trabalho escravo. A programação da tarde previa a apresentação paralela dos trabalhos dos participantes com as conferências e, por causa da falta de energia, tivemos que aguardar um pouco porque o calor na parte da tarde nas salas de aula do Centro de Educação é uma mistura do verão senegalês com as florestas do Vietnã. Ficamos tão desesperadas que até cogitamos entregar os certificados dos participantes que estavam presentes sem a apresentação completa, mas quase tivemos um motim porque as pessoas queriam apresentar os seus trabalhos com o tempo integral que estava previsto! Gente, estou cansada de participar de eventos e o que eu mais reclamo é a falta de compromisso das pessoas que vão apresentar seus trabalhos porque todo mundo sempre está com pressa, quer sair mais cedo e ninguém quer ouvir os outros! Esse foi o primeiro evento que vi justamente o inverso: todo mundo querendo ouvir os colegas e apresentar a sua produção. Apesar de estar no olho do furacão que me rendeu uma dor de cabeça fenomenal, fiquei muito orgulhosa com o comprometimento dos participantes e mandamos abrir as salas na hora. Felizmente, em menos de dez minutos a energia voltou e tudo transcorreu tranquilamente, embora a programação tenha ficado atrasada.
Após a apresentação da professora Zilda, tivemos a mesa-redonda Cinema, baralho e post-it: formando espaços de aprendizagem com o professor do CIn, Alex Sandro Gomes (UFPE), Paulo André Silva (UFPE) e Alessandro Lima (UFPE). A discussão foi muito interessante e concluímos a mesa-redonda com muitas perguntas, trocas de experiências e questionamentos. O professor Alex Sandro sempre apresenta questões para virar ao avesso tudo o que conhecemos como líquido e certo e a pesquisa do seu grupo mostrou exatamente como precisamos pensar mais à frente. Logo em seguida, iniciamos as sessões com as apresentações de trabalhos que seriam realizadas no auditório e concluímos as atividades do dia que poderiam ser resumidas em uma só frase: entre mortos e feridos, salvaram-se todos!
Notas sobre o ICCI (4)
O segundo dia de atividades começou com a mesa-redonda Saberes locais na academia: metodologias participativas de pesquisa e construção do conhecimento, com os professores José Ribeiro (UAb Portugal), Sérgio Bairon (USP) e Renato Athias (UFPE). As questões sobre a participação dos sujeitos de pesquisa no próprio desenvolvimento do trabalho apresentou uma nova perspectiva para a atuação do pesquisador, principalmente em relação aos limites éticos e o respeito ao outro. Embora os exemplos apresentados estivessem relacionados com a cultura indígena, muitos dos impasses relatados poderiam ser aplicados ao contexto escolar também.
Em seguida, o professor Antonio Xavier trouxe a discussão sobre as imagens e mídias na pós-modernidade com a conferência Cultura digital, imagens e mídias na pós-modernidade. O debate se concentrou nas possibilidades de inovação a partir do uso do hipertexto no contexto da sala de aula. Já quase no final da palestra do professor Xavier, faltou energia no Centro de Educação e logo descobrimos que toda a universidade estava sem energia também. Fizemos a pausa para o almoço e torcemos para que o problema da falta de energia fosse resolvido logo. Nem desconfiávamos que o inferno do calor do Recife estava nos esperando na volta...
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
Notas sobre o ICCI (3)
A parte da tarde foi intensa porque tivemos muitos temas e perspectivas diferentes para discutir em pouco tempo. Começamos com o professor Mariano Báez Landa do CIESAS (México) com a conferência "Olhares antropológicos: a interface da antropologia e a multimídia". Foi muito interessante porque ele fez uma análise maravilhosa sobre os protestos no México e o papel das redes sociais propondo um outro viés de análise para as relações entre a mídia e os movimentos populares. Logo a seguir, tivemos uma mesa sobre a produção de documentários e a contribuição da antropologia visual para a Educação com o professor Rui Mesquita (Labutuca - UFPE), professor José Ribeiro (UAB - Portugal) e eu como mediadora da discussão.
A sensibilidade do professor Rui e os relatos das ações do Labutuca na Universidade foram muito elogiados por todos e o professor José Ribeiro alinhavou a questão do uso de documentários na Educação apresentando os aspectos teóricos da discussão e as possibilidades de interseção entre a antropologia visual e Educação. Terminamos a discussão já emendando com outra mesa sobre cultura digital na Educação com a professora Patrícia Smith (UFPE), o professor Sérgio Abranches (UFPE) e o professor Marcelo Sabattini (UFPE). Foram apresentadas perspectivas muito interessantes sobre o uso dos aparelhos móveis, as imagens nas redes sociais e a formação docente no contexto da cultura digital.
Ufa! Cansados? Pois ainda não acabou! Terminamos as atividades do dia com uma belíssima apresentação no Second Life com a professora Isa Seppi/ Janjii Rugani (Centro Universitário Senac – SP- Brasil) e Paula Justiça (Esgn - Portugal) com a colaboração de José Saldarriaga / Mauro Enyo - Peru, Paulo Fernandes/Genius Bikcin - Portugal, Vânia Assumção/Sophia Bandler – Brasil e Wanda Campos / Wan Laryukov – Portugal.
A performance de dança que eles apresentaram foi memorável e possibilitou uma excelente discussão sobre o uso do Second Life. Fim do dia, hora de juntar as forças que sobraram para descansar e enfrentar o segundo dia de trabalho com disposição e bom humor porque a interação com as pessoas e a complexidade das discussões fez todo o esforço dispendido valer muito a pena!
sábado, 13 de dezembro de 2014
Notas sobre ICCI (2)
O primeiro dia de atividades do ICCI começou tranquilo, tão tranquilo que as pessoas que chegavam para o evento pensaram até que não tinha evento! Iniciamos as atividades com a abertura para dar as boas-vindas aos convidados e participantes com a presença da coordenadora do Programa de Pós-graduação em Educação Matemática e Tecnológica - Edumatec, Professora Paula Baltar. A primeira conferência do dia foi "10 anos de ICCI e cooperação universitária internacional" com o Professor José Ribeiro, da Universidade Aberta de Portugal. Ele falou sobre os dez anos de atividades do ICCI e a importância da articulação e colaboração entre as instituições de diversos países. Ele traçou um histórico do evento que começou na cidade de Múrcia, na Espanha e as edições seguintes foram realizadas na cidade do Porto (Portugal), Sevilha (Espanha) e São Paulo (Brasil).
Logo em seguida tivemos a exposição do professor Sérgio Bairon da USP, "A relação dialógica entre a Cultura Letrada e a Cultura Oral na Produção Partilhada do Conhecimento". O professor Sérgio é uma figura incrível e trouxe reflexões importantíssimas sobre o não reconhecimento da cultura oral em nossa sociedade e as experiência com o projeto Diversitas em São Paulo. As atividades da manhã começaram intensas, mas a densidade da discussão era só um prenúncio do que viria na parte da tarde!
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
Notas sobre o ICCI (1)
A primeira coisa que passa pela cabeça de quem está coordenando um evento é "por que eu fui me meter nesta confusão"? A segunda coisa é "onde eu estava com a cabeça quando pensei que seria uma boa ideia"? Nada contra eventos, é claro, mas produzir qualquer evento científico com recursos escassos (=quase inexistentes) é tarefa que faz qualquer desafio de reality show parecer brincadeira de criança! A solução foi priorizar as pessoas e implorar para conseguir as coisas que faltavam. Eu e Thelma Panerai ficamos tão surtadas nas semanas anteriores ao evento que desconfio que as pessoas resolveram nos ajudar não por solidariedade, mas por medo mesmo. As pessoas olhavam para a nossa expressão de desespero com cabelos desgrenhados e olhos esbugalhados e deviam pensar "céus, é melhor ajudar antes que elas saiam daqui dentro de uma ambulância psiquiátrica"... Nós sabíamos que o evento seria pobre, mas não estávamos preparadas para chegar ao limite da miserabilidade. Felizmente, quase tudo deu certo e o mais importante foi ter conseguido acolher as pessoas com o carinho que elas mereciam. A Thelma Panerai (que foi minha companheira incansável de loucura organização) é muito criteriosa e fez questão de conseguir um bom hotel para os palestrantes, de ir buscá-los no aeroporto etc. São pequenos gestos que fazem muita diferença para quem veio de longe e enfrentou uma viagem desconfortável apenas porque acredita no compartilhamento do conhecimento. Fizemos o melhor (muito além do que poderíamos) e espero que as pessoas tenham se sentido acolhidas e bem-vindas. No final do dia, com os pés doendo e o corpo no limite da exaustão, é só isso que faz a diferença!