sábado, 27 de julho de 2019

Documento da ANPEd sobre ética na pesquisa em Educação

A ANPEd (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação) disponibilizou o documento com orientações sobre a ética na pesquisa em Educação. Segundo o site da ANPEd, "o documento, organizado em forma de verbetes, constitui uma segunda fase dos trabalhos da comissão. A primeira fase construiu um documento de diretrizes gerais já apresentado na Assembleia da Associação em 2017. A importância do debate da Ética na Pesquisa em Ciências Humanas e no âmbito da pesquisa em Educação vem sendo preocupação da ANPEd há bastante tempo. Espera-se que o documento fomente bons debates para pesquisa em educação e que, uma vez apresentado a todos os sócios individuais e institucionais, possa ser referendado como Documento de Diretrizes da ANPEd para Ética na Pesquisa em Educação na Assembleia na 39ª Reunião Nacional da ANPEd em Niterói, em outubro de 2019".

Esse debate é urgente em função das dificuldades que os pesquisadores em Educação encontram para submeter os seus projetos de pesquisa nos comitês de ética que utilizam parâmetros e critérios da área da Saúde para avaliar os projetos. A questão é que os procedimentos da área de Saúde com seres humanos envolvem problemas muito diferentes do que encontramos na área de Educação. Invariavelmente, os pesquisadores perdem muito tempo justificando procedimentos e metodologias que são práticas recorrentes e adotadas na área para especialistas de outras áreas do conhecimento. O documento aborda essa questão e amplia a discussão com elementos bastante interessantes, como a pesquisa com indígenas e quilombolas, financiamento privado, confidencialidade, vulnerabilidade, pesquisa online, consentimento, entre outros assuntos.

A ANPEd está propondo uma discussão sobre o tema com a possibilidade de criação de comitês de ética específicos para as áreas de Ciências Humanas e Educação, algo que eu acho que já devia ter acontecido há muito tempo. Por outro lado, eu não concordo totalmente com o autor do tópico "pesquisa online" sobre o uso de dados coletados na rede: na minha opinião, todo material publicado na rede deve ser analisado como um documento e não depende da autorização dos seus autores para o uso na pesquisa. O argumento utilizado no texto para justificar o pedido de autorização é ruim, mas penso que é algo que precisamos discutir mesmo, sobretudo nos programas de pós-graduação com pesquisas sobre tecnologias digitais e Educação. Bom, o documento completo está disponível aqui, provavelmente teremos entendimentos bastante diferentes sobre algumas questões e isso é ótimo!

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Mulheres da Ciência 2019

Fiquei super animada em saber que será realizado o encontro Mulheres da Ciência 2019, entre 21 e 23 de agosto, na Universidade Federal de Pernambuco. O evento é organizado pelo grupo Bertha, composto por doze mulheres e a comissão organizadora é oriunda da UFPE e UFRPE. "Este é um evento que ocorre anualmente em Recife, na Universidade Federal de Pernambuco, com o objetivo de promover o diálogo entre profissionais e estudantes das áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Para isso, o Mulheres da Ciência conta com uma programação dinâmica e diferentes temas divididos em dois eixos principais: questões sociais de gênero e produção científica feita por mulheres". As inscrições no evento serão realizadas mediante a entrega de kits de produtos de higiene pessoal entregues nos pontos indicados no site do evento e nas redes sociais

Fiquei animada porque além da importância do evento no contexto em que estamos vivendo atualmente, com tantas agressões contra as mulheres, estou estruturando um projeto de extensão com foco na questão de gênero e equidade da Educação Básica. A ideia é desenvolver uma formação para os professores da Educação Básica com foco em ações que incentivem meninas a se interessarem pela área de Ciências e Tecnologia. As ações no ensino superior são importantes e muito necessárias, mas penso que precisamos pavimentar o interesse das meninas pelas áreas de Ciências desde cedo, oferecendo condições para que elas possam desenvolver o seu potencial. Os professores da Educação Básica podem ajudar neste processo e muitas vezes precisamos apenas colocar o assunto para discussão e pensar juntos em ações que podem mudar o cenário que temos hoje.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Resistência nas redes: o blog como um instrumento de luta

A minha primeira postagem aqui no blog foi em 2007, criei esse espaço como um instrumento de diálogo e conexão com pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo. Durante muito tempo funcionou bem, os professores que iniciavam os primeiros passos no contexto da cultura digital utilizavam o blog como um espaço de registro de suas experiências, dúvidas e compartilhamento de soluções. Foi um momento muito rico, com trocas entre diversos professores da Educação Básica. Eu conheci pessoalmente alguns desses professores blogueiros (chamávamos de "desvirtualizar a amizade") e até me casei com um deles! Com o surgimento de diversas plataformas de redes sociais, os blogs foram perdendo a sua função ou assumindo funções diferentes de sua proposta inicial. Muitos professores migraram a sua atuação virtual para o Facebook e outras redes, mas se por um lado esse movimento ensejava uma audiência maior e mais dinâmica, por outro lado as informações se tornaram dispersas e muitas coisas se perderam na efemeridade das redes sociais. Continuo acreditando que o blog é um espaço perfeito para os usuários publicarem as suas narrativas e compartilharem informações de forma organizada e com relativa facilidade de acesso e recuperação da informação. É possível observar o abandono dos blogs ao longo dos anos e minha atuação não foi diferente. Analisando o meu registro de publicações, vejo que passei de 115 publicações anuais em 2010, para apenas 10 publicações em 2018. A minha atuação nas redes sociais hoje ocorre em plataformas como Twitter, Instagram, Pinterest e Facebook, com abordagens e estratégias de uso bastante diferentes. No Twitter faço uma militância política contundente, no Instagram publico fotos relacionadas com viagens, comida, Yoga e um pouco de registro de trabalho. No Pinterest publico fotos de decoração, cachorros e viagens, já no Facebook registro as minhas atividades de trabalho e um pouco de política. Penso que cada plataforma tem o seu propósito e modo de uso, implico solenemente com quem replica as mesmas publicações em todas as redes. Também tenho estratégias diferenciadas, as minhas contas no Facebook e Instagram são fechadas e o Twitter é aberto. A minha regra de uso é restringir as informações pessoais e deixar visível para todos as questões relacionadas com o coletivo. Estou contando isso tudo porque decidi retomar o meu uso inicial do blog como um espaço de registro das atividades relacionadas com o trabalho, ampliando também para as questões que tangenciam esse universo: discussões sobre a cultura contemporânea, entretenimento, panorama do mundo, viagens e, sobretudo, como um instrumento de resistência ao ataque desleal que a ciência e a universidade vem sofrendo atualmente. É preciso ocupar os espaços, aumentar o volume e a visibilidade de nossas vozes para que a sociedade não seja enganada por falsos mitos políticos ou religiosos que desdenham da ciência e do conhecimento para obter vantagens com a ignorância do povo. É um movimento pequeno, mas necessário porque não é tempo de omissão, precisamos fazer a nossa parte mesmo que seja uma ação pequena ou pontual. As redes hoje estão tomadas por robôs que propagam mentiras (fake news é um nome chique para denominar as mentiras, não?) e constroem narrativas falsas que são alimentadas pela omissão ou subserviência das empresas que controlam as plataformas das redes sociais. Atuar na rede de forma efetiva e contundente é um movimento de resistência e defesa da ciência e do ensino público e gratuito. Em tempos sombrios de pós-verdade, esse é um movimento em defesa da democracia.

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