sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Grupo de pesquisa Mídias Digitais e Mediações Interculturais

As parcerias realizadas durante o pós-doutorado continuam dando bons frutos e possibilitando desdobramentos interessantes com a convergência de pesquisas, orientações, eventos e cursos. Para dar conta das inquietações acadêmicas provocadas por novos caminhos abertos com as parcerias internacionais, criamos uma nova linha de pesquisa chamada "Mídias Digitais e Mediações Interculturais". A ideia do novo grupo de pesquisa surgiu durante a realização do ICCI - Imagens da Cultura Cultura das Imagens, realizado em novembro do ano passado, no Centro de Educação da UFPE. A disciplina "Tópicos em Tecnologias Educacionais: análise de redes" ofertada no segundo semestre de 2015, utilizou o referencial teórico da antropologia visual e etnografia digital, consolidando novas trilhas para a investigação no campo das tecnologias digitais e Educação. Para possibilitar a convergência dos temas de interesse dos pesquisadores envolvidos, foram criadas as seguintes linhas de pesquisa:

1 Mediações culturais, cinema e sociedade

2 Metodologias audiovisuais de pesquisa participativa

3 Mídias digitais na Educação

4 Mídias digitais, território e dinâmica urbana

O primeiro encontro com os participantes será no dia 14/12 (segunda-feira, às 13h), na sala 109A do Centro de Educação (UFPE). O grupo funcionará com atividades online e encontros presenciais bimestrais.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Escolas Muradas

O Comitê Gestor da Internet do Brasil publicou os resultados da "Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nas escolas brasileiras" referente ao ano de 2014. Ainda não tive tempo para me debruçar com atenção sobre os resultados, mas já observei que alguns elementos presentes no texto confirmam as pesquisas que estamos realizando na UFPE. No material disponibilizado na rede, o professor Nelson Pretto (UFBA) escreveu um artigo muito interessante intitulado "Escolas Muradas", no qual faz algumas críticas bastante pertinentes sobre as políticas públicas para o uso das tecnologias nas escolas. O artigo é sobre as tecnologias digitais, mas o título e algumas questões sobre as políticas para a Educação me levaram a pensar no movimento "Ocupa Escola" e no quanto ainda precisamos avançar. Penso que é muito bom ter acesso ao resultado de pesquisas que não sejam realizados por grandes empresas de comunicação ou organizações neoliberais que possuem uma concepção bastante comprometida sobre os objetivos e motivações para a inserção das tecnologias digitais no contexto das escolas. A pesquisa do CGI.br (com licença Creative Commons Atribuição Não Comercial 4.0 Internacional) é uma excelente referência para todos que pesquisam educação e tecnologias no Brasil.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Pensando fora da caixa

Pesquisar um determinado tema ao longo de muitos anos pode resultar em descobertas fantásticas, insights poderosos ou becos sem saída que obrigam o pesquisador a realizar uma pausa para avaliar todos os percursos desenvolvidos e buscar novos caminhos para descobrir o “x” da questão. Claro que os processos não são iguais para todos, mas é preciso estar aberto ao universo infinito de possibilidades que todas as pesquisas oferecem. Sempre digo aos meus orientandos que toda pesquisa é constituída de aspectos positivos e negativos, ambos são fundamentais para o processo de amadurecimento acadêmico e superação dos obstáculos. O problema é que ao concluir uma dissertação ou tese, as pessoas só relatam o que foi bom durante a pesquisa e ignoram os equívocos, desvios, dificuldades etc. A questão é que muitas pessoas podem ter a mesma dificuldade que o outro e o relato de como um determinado obstáculo foi superado, pode poupar meses de trabalho de um colega. As pesquisas sobre o uso de tecnologias na Educação, incluindo a Educação a Distância, sempre desembocam em elementos que, embora importantes, não me parecem suficientes para explicar o quadro que observamos hoje. Concluir que a apropriação tecnológica nas escolas não acontece de forma plena porque falta de estrutura, os professores são resistentes, a formação é inadequada etc., é gastar tempo, esforços e dinheiro com o que pode ser verificado em visitas simples nas escolas ou nos ambientes virtuais. Entretanto, se a resposta não é tão óbvia, porque não encontramos outros elementos que expliquem a realidade encontrada? Se não encontramos, estamos procurando no lugar correto? O fato é que as chamadas teorias tecnológicas na Educação não são tão diversificadas assim e nem foram aplicadas aos diferentes contextos educacionais existentes. Curiosamente, as pesquisas mais amplas são desenvolvidas por empresas ou organizações, como, por exemplo, Fundação Telefônica, Unesco etc. Venho me sentindo desconfortável com as minhas opções teóricas nos últimos anos e resolvi buscar novas possibilidades em outras áreas do conhecimento novos caminhos para trabalhar com o meu campo de pesquisa. O primeiro movimento foi realizar um projeto de pesquisa com foco nas boas práticas dos professores na rede e com o uso de tecnologias na sala de aula. O segundo movimento foi pesquisar realidades em escolas públicas fora do país, onde a tecnologia digital já se tornou invisível no fazer pedagógica. A terceira (ainda em andamento) é reunir os esforços com grupos de pesquisa de outras áreas para inserir outras dimensões no percurso investigativo. Sacrilégio? Blasfêmia? Mistureba? Talvez, mas vamos ver o que encontramos, só precisamos aguardar um pouco...

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Para não dizer que não falei das flores... (ou sobre o fim da UAB)

Vou registrar um comentário breve sobre o fim da UAB apenas porque a EaD é um dos temas deste blog, mas morro de preguiça de escrever sobre o óbvio (ou sobre o que parece óbvio para mim). Eu escrevi sobre a necessidade de institucionalização da EaD em maio de 2010 (o post pode ser acessado aqui). Naquela época, fiz uma crítica ao modelo adotado no país como política pública de Educação a Distância porque é um modelo que engessa e, pior, não determina a qualidade dos cursos. A crítica está presente na minha tese e nos artigos publicados sobre o tema desde 2009, ou seja: nenhuma novidade no país da memória curta! A notícia do fim da UAB deixou as universidades em polvorosa, várias instituições suspenderam as novas entradas de alunos e foi iniciada uma discussão sobre os critérios de credenciamento, qualidade, funcionamento e recursos. É curioso como questões tão essenciais ao funcionamento da EaD sejam retomadas apenas no momento em que o financiamento está em risco, e que instituições que sempre se posicionaram de forma contundente contra a EaD, agora se posicionem a favor da modalidade nas IES públicas. Também me causa espanto ver pessoas que estiveram na gestão do modelo UAB durante anos, se posicionarem agora "contra tudo que esta aí". Oi? Coerência, minha gente... A UAB acabou? Já acabou tarde, a política de Educação a Distância no Brasil precisava de mudança há muito tempo! Quero deixar claro que sou totalmente a favor da luta pela manutenção do financiamento para a EaD, preferencialmente em outro modelo de repasse de verbas. A EaD precisa deixar de ser um programa temporário, com mecanismos precarizados de pagamento de professores e disponibilidade de recursos. Se o processo de institucionalização da EaD nas instituições públicas estivesse consolidado, a modalidade não estaria em risco. Eu gostaria de dizer que estou otimista e que espero que sejam injetadas novas ideias, novas propostas, novas pessoas e novas concepções de Educação a Distância nas instituições públicas. Infelizmente, não parece que isso vai acontecer, considerando o teor das vozes que estão clamando por "mudanças". De qualquer forma, o pontapé inicial foi dado. Quando não é possível mudar as estruturas enraizadas e viciadas em determinados setores, a extinção é um santo remédio. Se vamos conseguir reconfigurar as políticas de EaD em outras perspectivas, não sei dizer. Espero, sinceramente, que sim.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Carta Aberta em Defesa do PNAIC

O Fórum das universidades públicas participantes do PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA vem, por meio desta, defender o PNAIC e prestar esclarecimentos acerca de seu funcionamento e avaliação, em resposta a críticas que vêm sendo externadas por alguns setores da sociedade.

As tentativas de desqualificação do trabalho desenvolvido no âmbito do PNAIC são inconsistentes e não há, de fato, um debate aprofundado acerca de quais seriam os reais motivos para os ataques recentes empreendidos não por professores, mas por setores da mídia e alguns setores da sociedade. As informações passadas são equivocadas, evidenciando falta de conhecimento acerca da proposta pedagógica e do funcionamento desta iniciativa de formação de professores alfabetizadores. Ao criticar o PNAIC, imputando a ele a responsabilidade de resolver em dois anos a dívida histórica que este país tem com o direito à alfabetização, os opositores manifestam opiniões pouco embasadas nos fatos.

A formação continuada dos professores alfabetizadores no âmbito do PNAIC foi iniciada em 2013, com continuidade em 2014 e 2015. Foram atendidos, em cada ano, mais de 300.000 professores. Nunca houve, na história da educação brasileira, uma ação com tamanha abrangência e tão fortemente voltada para o fazer pedagógico do professor. Desse modo, podemos apontar um primeiro aspecto positivo: a garantia do direito à formação continuada a todos os professores alfabetizadores, tendo como referência a realidade da sala de aula.

Tal abrangência só foi possível porque o PNAIC inclui a qualificação de profissionais efetivos das secretarias de educação municipais e estaduais, que, assumindo as funções de orientadores de estudo e coordenadores locais, são responsáveis pela formação dos professores dos três primeiros anos do Ensino Fundamental, nos próprios municípios. Desse modo, há um regime de colaboração entre os entes federados (Ministério da Educação, Secretarias Municipais e Estaduais de Educação) e as universidades públicas envolvidas, de modo que, em cada estado e município, os encontros de formação são planejados considerando-se as peculiaridades e necessidades locais. As ações de formação são concebidas e executadas por todos e não apenas pelas equipes das universidades. Desse modo, todos são responsáveis pelas conquistas realizadas. Nisso reside um segundo aspecto positivo: há, concretamente, um Pacto entre entes federados, que vêm empreendendo esforços para a melhoria da qualidade da educação.

Um terceiro aspecto a ser considerado é que não há obrigatoriedade de utilização de um material didático específico. Na formação, são realizadas reflexões sobre diferentes estratégias de ensino e de materiais, de modo a contemplar variados modos de ensinar e de aprender. As secretarias de educação podem adquirir materiais como jogos, livros, revistas, jornais. O MEC também tem colaborado, disponibilizando o material de referência da formação e distribuindo livros didáticos, livros de literatura, jogos, dentre outros. Os professores podem produzir e selecionar materiais diversos.

Assim, programas de aquisição de livros (literatura e didático) que garantem o acesso dos estudantes a material de qualidade são discutidos no interior da formação, as políticas são mais bem compreendidas e isso ajuda a potencializar o seu uso. Não há, no âmbito do PNAIC, interesses comerciais que obriguem secretarias de educação a comprar nenhum pacote fechado de materiais e nem prescrição aos professores do que precisam realizar em sala de aula. Os professores são formados para ganhar autonomia e terem consciência do que estão fazendo. Espera-se, no PNAIC, que os professores ampliem conhecimentos e possam cada vez mais realizar um ensino consistente, refletindo sobre suas práticas para, a partir delas, construir saberes, num processo ininterrupto.

Um quarto aspecto a ser destacado é que o PNAIC apresenta objetivos ligados aos direitos de aprendizagem que têm ajudado os professores a definir metas e as redes a desenvolverem suas propostas curriculares com base em um repertório comum.

As universidades responsáveis pela formação dos orientadores de estudo atuam juntas, em seminários periódicos, para refletir sobre temas ligados ao ensino nesta etapa de escolaridade e produzir os materiais de referência da formação dos professores. Desse modo, há um trabalho conjunto de produção de um material básico, ao qual são agregados novos materiais, em cada estado, para contemplar temáticas e experiências locais. Os autores dos materiais são pesquisadores de diferentes instituições, com experiência em formação docente, além de professores da Educação Básica, que socializam experiências de sala de aula. Desse modo, há articulação entre ensino, pesquisa e extensão nas instituições públicas de ensino superior participantes.

Nos dois anos de execução do PNAIC foram realizadas avaliações permanentes. Os professores respondem mensalmente um questionário, julgando a formação recebida quanto a diferentes critérios: distribuição do tempo, volume de informações apresentadas, relevância dos conteúdos abordados, aplicabilidade para a prática profissional. Com pequenas variações entre os estados, os resultados dessas avaliações feitas pelos docentes mostram que há grande aceitação do PNAIC. Em todos os critérios, as médias alcançadas têm sido em torno de 9,0.

As universidades também utilizam instrumentos de avaliação específicos, nos quais têm sido apontados alguns aspectos muito positivos, como a qualidade dos materiais de formação utilizados, a articulação entre a teoria e a prática, a diversidade de temáticas tratadas, considerando-se a complexidade do trabalho do professor alfabetizador, além do respeito aos professores como profissionais.

Algumas universidades também têm desenvolvido pesquisas no âmbito do PNAIC, identificando mudanças qualitativas nas práticas dos docentes, que condizem com seus depoimentos e relatos que têm sido narrados em seminários anuais de socialização de experiências.

Não há, no entanto, ainda, uma avaliação relativa aos impactos nas aprendizagens das crianças. A Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) é a primeira experiência brasileira de avaliação das crianças concluintes do ciclo de alfabetização. Ela teve início em 2013, ano em que o PNAIC começou. Foi repetida em 2014. Portanto, o tempo ainda é muito curto para se ter alguma informação sobre avanços nesta área e, é necessário se registrar, a alfabetização é um direito que tem sido negado na nossa história.

Segundo o IBGE, em 1920, 70% dos adultos com 15 anos ou mais eram analfabetos. Em 2009, 8,9% da população com 10 anos ou mais era analfabeta. Vê-se, portanto, que houve uma grande redução na quantidade de analfabetos entre adultos, embora o país ainda não esteja garantindo esse direito a todos os cidadãos. É necessário maior investimento para que todos os adultos possam ter acesso a este conhecimento.

É preciso ressaltar que também houve mudança e ampliação no que se considera alfabetização, hoje pensada como domínio do sistema de escrita para seu efetivo uso em leitura e produção de textos. Assim, nossas expectativas sobre a aprendizagem de crianças de 08 anos mudaram, embora algumas propostas de formação de professores e materiais didáticos oferecidos às redes públicas continuem a adotar concepções que restringem o conceito de alfabetização à aprendizagem de um suposto código.

Até 2012 não se tinha dados sobre a situação de crianças aos 8 anos de idade, pois não havia avaliações como a ANA, uma avaliação em larga escala que informa sobre os níveis dos estudantes por escola, município ou estado. Portanto, não podemos indicar claramente quais avanços podem ter ocorrido nos últimos anos. A apresentação dos resultados da ANA é feita agrupando-se as notas por intervalos. No caso da leitura, a ANA trabalha com metodologia de múltipla escolha e com habilidades que podem ser medidas com essa metodologia, deixando de fora outras habilidades também importantes, mas que não podem ser avaliadas por meio de questões de múltipla escolha. São propostos quatro níveis de leitura. O primeiro nível é composto tanto por estudantes que não conseguem ler palavras, quanto pelos que conseguem ler palavras, mas não conseguem ler textos.

A junção desses dois perfis em um só nível dificulta o debate sobre o diagnóstico feito, pois tradicionalmente as crianças que sabem ler e escrever palavras são consideradas alfabetizadas. Assim, em uma perspectiva tradicional no nível 1 estariam as crianças não alfabetizadas e as alfabetizadas. Muitas propostas de alfabetização, sobretudo centradas na memorização de letras, fonemas e sílabas apresentam tal concepção. No entanto, no PNAIC, é utilizada uma concepção de alfabetização que só considera a criança alfabetizada quando ela é capaz de ler textos.

Desse modo, no PNAIC teríamos como nível mínimo esperado o nível 2, em que as crianças são capazes de ler textos curtos, identificando informações e reconhecendo as finalidades dos textos. Assim, 75,87% poderiam ser consideradas alfabetizadas em 2013 e 77,79% em 2014. Assim, em apenas um ano, o aumento foi de 1,92%. Tal diferença pode, a princípio, parecer muito pequena, mas tratando-se de avaliações em larga escala, sabe-se que as mudanças não se dão, via de regra, de forma rápida.

Os níveis 3 e 4 são os das crianças que já têm um domínio maior na leitura, lendo textos mais longos e complexos. É o que no PNAIC temos insistido em colocar como metas a serem atingidas em médio e longo prazo. Em 2013, 42,77% das crianças atingiram tal nível e em 2014, 43,83%.

Em produção de textos, os resultados são agrupados em cinco níveis. No primeiro, estão as crianças que não escrevem palavras. Essas são as consideradas não alfabetizadas por autores de diferentes abordagens teóricas.

No nível 2, as crianças escrevem palavras, mas não conseguem produzir textos. Em uma abordagem tradicional, seriam consideradas alfabetizadas. Para as equipes executoras do PNAIC, tais crianças não podem ser consideradas alfabetizadas, pois se espera que elas sejam capazes de escrever textos.

É a partir do nível 3 que estão as crianças que escrevem textos. Em 2013, não houve avaliação das capacidades de escrita de textos. Em 2014, 73.32% estão nesses níveis. Não há como dizer se houve, nos últimos anos, algum progresso, pois, como foi dito, nunca houve avaliação desse tipo no país.

Nos encontros de formação do PNAIC, as discussões conduzem os professores a pensarem que é importante melhorarmos cada vez mais as capacidades de escrita das crianças. No entanto, é importante considerar que não se espera de uma criança do ciclo de alfabetização que ela domine a norma ortográfica, pois essa aprendizagem ocorre durante todo o Ensino Fundamental. O mais importante é que ela produza textos com sentido, com clareza e que atendam a diferentes finalidades na sociedade, para que não tenhamos, adiante, os ditos analfabetos funcionais, tão presentes ainda entre adultos na nossa sociedade. Esses analfabetos funcionais seriam aqueles que conseguem ler e escrever palavras, mas não são capazes de compreender e produzir textos mais complexos.

Abordagens metodológicas centradas apenas no ensino de letras, fonemas, sílabas e palavras não auxiliam os estudantes a chegarem aos níveis mais elevados de escrita. Por isso, no PNAIC, busca-se aprofundamento de estudos e planejamento de situações de ensino em que tanto seja garantida a aprendizagem do sistema de escrita e ortografia, quanto o desenvolvimento de capacidades de leitura e produção de textos.

Os dados da ANA, portanto, não podem ainda ser usados para uma avaliação de avanços, ou não, no processo educativo, embora sinalize que ainda temos muito que fazer para garantir uma alfabetização plena a todas as crianças. Estamos com mais de 20% das crianças brasileiras terminando o ciclo de alfabetização sem conseguir ler e escrever textos. É preciso energia concentrada para que os direitos dessas crianças sejam garantidos e que as demais crianças alcancem níveis cada vez mais ampliados de domínio da leitura e da escrita.

As reflexões acima sobre os resultados da ANA ajudam a entender que não é possível, neste momento, fazer relação direta entre o que foi encontrado e o que vem sendo desenvolvido no âmbito do PNAIC. Sem dúvidas, ainda há muito a ser conquistado para que se garanta o direito a uma alfabetização plena de todos os brasileiros. O PNAIC, com certeza, tem muito a contribuir.

Qualquer política de formação de professores precisa de tempo para consolidar práticas e aprofundar conhecimentos. Os problemas educacionais brasileiros são resultados de uma longa história de descaso. Não se pode atribuir possíveis resultados negativos a políticas recentes. Qualquer interrupção na rede de trabalho que se formou pode colocar em risco o potencial transformador do PNAIC, que se estabeleceu como uma experiência bem-sucedida de regime de colaboração entre os entes federados e as universidades públicas. O PNAIC precisa ser concebido como uma Política de Estado, para que não fique vulnerável a qualquer instabilidade do País. Deve ser encarado como uma conquista brasileira e como um esforço coletivo que está acima de interesses particulares.

É preciso também enfrentar outros problemas que têm impedido, ou dificultado, a realização da tarefa que temos que realizar. Ações que garantam a melhoria da formação inicial de professores e sua oferta pública, a ampliação da jornada escolar das crianças, a melhoria salarial dos profissionais da educação, a garantia de melhores condições de trabalho, com tempo suficiente para que os docentes possam planejar a ação didática, elaborar materiais, desenvolver projetos especiais para as crianças que estejam precisando, não podem ser desconsiderados no debate sobre os resultados das avaliações.

Universidade de Brasília Universidade do Estado da Bahia- Universidade do Estado de Minas Gerais- Universidade Estadual de Campinas- Universidade Estadual de Maringá- Universidade Estadual de Montes Claros- Universidade Estadual de Ponta Grossa- Universidade Federal da Paraíba- Universidade Federal de Alagoas- Universidade Federal de Goiás- Universidade Federal de Juiz de Fora- Universidade Federal de Mato Grosso- Universidade Federal de Mato Grosso do Sul- Universidade Federal de Minas Gerais- Universidade Federal de Ouro Preto- Universidade Federal de Pelotas- Universidade Federal de Pernambuco- Universidade Federal de Rondônia- Universidade Federal de Roraima- Universidade Federal de Santa Catarina- Universidade Federal de Santa Maria- Universidade Federal de São Carlos- Universidade Federal de Sergipe- Universidade Federal de Tocantins- Universidade Federal de Uberlândia- Universidade Federal do Acre- Universidade Federal do Amapá- Universidade Federal do Espírito Santo- Universidade Federal do Maranhão- Universidade Federal do Oeste do Pará- Universidade Federal do Pará- Universidade Federal do Paraná- Universidade Federal do Piauí- Universidade Federal do Rio de Janeiro- Universidade Federal do Rio Grande do Norte- Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Artigo publicado na Revista Diálogo Educacional

Os resultados da pesquisa financiada pelo edital Universal do CNPq começam a aparecer: publicamos um artigo na Revista Diálogo Educacional (PUC-PR), intitulado "PRÁTICAS E PERCURSOS DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA COM AÇÕES DE AUTORIA E COLABORAÇÃO NAS REDES SOCIAIS". Além da excelente qualificação da revista, o artigo escrito em parceria com a querida Thelma Panerai Alves está muito bem acompanhado: Eliane Schlemmer, Vani Kenski, Edméa Santos, Marilda Aparecida Behrens e outros autores brilhantes apresentam os resultados de suas pesquisas. O tema da revista é Formação de Professores e Redes Sociais e durante o processo de ajuste do artigo tive contato com a professora Elizete Matos, responsável pela editoração deste número da revista. Depois da publicação, ao ler o prefácio da revista, descobri que a professora Elizete faleceu aos 56 anos. É impressionante como as nossas conexões na rede nos proporcionam momentos felizes e novas amizades, mas também nos trazem a tristeza inerente ao ciclo da vida dos nossos conhecidos virtuais. Reproduzo aqui o trecho do prefácio escrito pela professora Patrícia Lupion Torres que traduziu toda a tristeza com a perda da colega de trabalho, mantendo as lembranças positivas da Professora Elizete no seu belo texto.

"Começo esse editorial prestando minhas homenagens póstumas à professora Elizete Lúcia Moreira Matos, colega do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCPR, que nos deixou precocemente aos 56 anos. Coube a Elizete e a mim a organização deste número da revista Diálogo Educacional, mas infelizmente ela não poderá ver o resultado final de nosso trabalho. Neste trabalho de organização, assim como em tudo que fazia, Elizete colocou toda sua energia. E quem a conheceu sabe que não era pouca a energia que dela emanava! Ela foi intensa em tudo que fez e viveu, talvez porque inconscientemente soubesse que sua passagem por aqui seria breve. Assim, essa revista é resultado de nosso trabalho, sempre muito integrado e colaborativo. Terminar este trabalho é a última homenagem que faço a ela em nome do nosso Programa de Pós-Graduação. Elizete se foi dessa existência terrena, mas deixou para cada um de nós — alunos, professores e funcionários da PUCPR — uma lembrança e um legado positivo". Prefácio da Revista Diálogo Educacional, Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 15, n. 45, p. 373-376, maio/ago. 2015.

domingo, 5 de julho de 2015

Chamada de artigos da Revista Texto Livre: Linguagens e Tecnologia

Faço parte do comissão editorial da Revista Texto Livre: Linguagem e Tecnologia e informo que está aberta a chamada para artigos que serão publicados no segundo semestre de 2015. A Texto Livre é uma revista interdisciplinar dedicada a temas relacionados ao software livre, estudos da linguagem, tecnologia da informação e Educação. A revista é um periódico semestral mantido pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais desde 2008. São temas correlatos de interesse desse periódico: intertextualidade, usabilidade, uso de computador em sala de aula, cultura livre, inclusão digital, letramento digital, divulgação em software livre e outros temas da relação linguagem e tecnologia. A revista está classificada como B3 na área interdisciplinar e possui as seguintes indexações:

DOAJ (Directory of Open Access Journals) [Suécia]; SEER [Brasil]; Latindex [México]; Periódicos Capes [Brasil]; Diadorim – Diretório de Políticas de Acesso Aberto das Revistas Científicas Brasileiras [Brasil]; Sumários.org - Sumários de Revistas Brasileiras [Brasil]; LivRe [Brasil]; Revistas científicas electrónicas (UNAM) [México]; Journal4free [Portugal]; e-Revist@s [Espanha]; MIAR (Matriz de Información para el Análisis de Revistas) [Espanha]

Comissão Editorial da Revista Texto Livre: Linguagem e Tecnologia:

Ana Cristina Fricke Matte, SEMIOTEC/FALE/Grupo Texto Livre, Universidade Federal de Minas Gerais

Daniervelin Renata Marques Pereira, Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Fatima Conti, Universidade Federal do Pará

Paulo Francisco Slomp, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Adelma Araujo, Universidade Federal de Minas Gerais

Ana Beatriz Carvalho, Universidade Federal de Pernambuco

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Fora de Campo - Cinema e Migrações: Curso de Verão

Fora de Campo é a designação do Curso de Verão que vai ocorrer no âmbito de FILMES DO HOMEM – Melgaço International Documentary Film Festival. Será um encontro de reflexão e debate multidisciplinar – Ciências Sociais, Artes e Ciências da Comunicação, em torno do tema Cinema e Migrações, e resulta da parceria da Câmara Municipal de Melgaço com a AO NORTE - Associação de Produção e Animação Audiovisual em colaboração com Universidades e Grupos de Investigação/Pesquisa de Portugal, Galiza e Brasil.
São objetivos do curso a aproximação das abordagens artísticas, tecnológicas e das ciências sociais e humanas do cinema; a colaboração das Redes e Grupos de Investigação/Pesquisa participantes no Festival; o envolvimento da população e comunidade local nas atividades culturais e artísticas realizadas no Curso de Verão e no Festival; contribuir para a afirmação da cultura e desenvolvimento local.
O curso terá uma componente teórica – conferências e seminários, uma componente teórico-prática workshops, uma componente prática – trabalho de campo e visionamento de filmes integrada no FILMES DO HOMEM e um projeto e produto final apresentado pelos participantes que pretendam uma certificação.
Área Científica – Ciências Sociais, Artes e Ciências da Comunicação
Coordenador Geral – José da Silva Ribeiro
Consulte o Programa, preencha e envie ficha de inscrição, através de e-mail, até ao dia 15 de julho de 2015, para docs@filmesdohomem.pt




quarta-feira, 24 de junho de 2015

Bancas virtuais

Ontem, estive na UERJ virtualmente durante toda a manhã, mais precisamente no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana. Participei da banca de qualificação de doutorado do Lázaro Santos (que só conheço virtualmente e que também conheceu o meu trabalho através das redes sociais). O trabalho COLA E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: MEIO E MEDIAÇÃO PARA A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO, orientado pela Profa. Dra. Eloiza Oliveira, é tão diferente e inovador que quase dei pulinhos na cadeira durante a defesa. Lázaro está propondo investigar a velha cola como uma tecnologia que pode ajudar os alunos na perspectiva da aprendizagem colaborativa. Sem sair de casa, conheci professores interessantíssimos de outra instituição (que também não aguentam mais a rigidez acadêmica), outras possibilidades de estrutura e organização do trabalho científico e uma disposição enorme para combater a ausência de inovação na produção científica. A participação virtual em bancas de qualificação tem se tornado uma prática corriqueira nos programas de pós-graduação, só neste ano já participei de cinco e cada uma é mais produtiva e interessante que a outra! Definitivamente, quem minimiza as mudanças que as tecnologias digitais estão provocando nas relações humanas e nas relações de trabalho, vive em outra sociedade...

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Análise de redes dos principais sociólogos contemporâneos

Minhas pesquisas recentes têm abordado a organização em rede dos professores da Educação Básica como ferramenta de análise da efetiva colaboração entre eles. É também uma importante indicação da consolidação da cultura digital dos professores. Já faz alguns anos que me interesso por redes e sua análise, embora não exista quase nada especificamente voltado para a Educação. O tema da dissertação de mestrado da minha orientanda, Thaís Oliveira, defendida no ano passado, aborda a análise das redes dos principais professores que discutem o uso das tecnologias digitais no Brasil. Os resultados são bem interessantes e a dissertação está disponível no site do Edumatec. A pesquisa de Thaís focou as redes sociais desses professores, mas a análise de redes permite diversas possibilidades e todas são muito interessantes. O trabalho de investigação do Julian Cardenas buscou responder se os sociólogos contemporâneos estão conectados entre si mediante as suas redes pessoais e organizações. Foram escolhidos 17 autores da elite da sociologia (Bourdieu, Castells, Granovetter etc.) e buscou-se determinar as conexões entre eles a partir dos seguintes elementos: universidades onde estudaram, onde lecionaram, revistas nas quais foram membros do comitê editorial, comitês e organismos nos quais foram assessores. Primeiro foram construídas as redes de casa sociólogo com suas conexões diretas e depois juntaram as 17 redes e construíram a rede sociocêntrica para estudar a conexão e a dispersão entre eles. A pesquisa é um bom exemplo das inúmeras possibilidades de análise de redes que não precisam ser virtuais, elas se estabelecem em ações concretas do cotidiano e podem ser mapeadas e analisadas como qualquer outro fenômeno (link outras informações sobre o trabalho aqui). Vale a pena a leitura!

terça-feira, 12 de maio de 2015

Vídeo: Por que a tecnologia não revolucionou a educação

Existem muito mais coisas entre o céu e a Terra que supõe a nossa vã filosofia e a questão é bem mais complexa do que parece, mas penso que o vídeo é um bom meio de começar a discussão. A Fátima Conti fez algumas observações bem interessantes sobre o vídeo, vale a pena ler.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

O impressionante discurso de Ursula Le Guin

Ursula Le Guin é uma escritora norte-americana que se destacou na ficção-científica. Ela recebeu um importante prêmio concedido pela Fundação Nacional do Livro dos EUA e fez um discurso de agradecimento que contemplou a questão dos escritores, o mercado capitalista e, sobretudo, uma inquietante visão sobre as contradições do nosso tempo: "Acho que tempos difíceis estão chegando, quando desejaremos as vozes de escritores que possam enxergar alternativas para o modo como vivemos agora (...) Vamos precisar de escritores que possam lembrar a liberdade - poetas, visionários, realistas de uma realidade maior". Alguém na plateia gritou "eu te amo" e eu só posso dizer "eu te amo também, Ursula"! A editora Aleph que publica os livros de Ursula no Brasil disponibilizou o vídeo.

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Posted by Editora Aleph on Quinta, 16 de abril de 2015

Jornadas Internacionais Online - JIO

Evento organizado pela Professora Doutora Daniela Melaré, da Universidade do Porto. Link para outras informações: https://drive.google.com/file/d/0By9707WBTDVqZFZCY0t6ZTdMTFU/view

quinta-feira, 16 de abril de 2015

quarta-feira, 25 de março de 2015

Anais Eletrônicos do X ICCI - Imagens da Cultura Cultura das Imagens

Os artigos publicados nos anais eletrônicos do X Seminário Internacional Imagens da Cultura Cultura das Imagens estão disponíveis para acesso. Boa leitura!

sábado, 7 de março de 2015

Defesas 2015: efemeridade e mídias sociais como recursos pedagógicos

A maratona de defesas 2015 já começou e trouxe boas surpresas para todos. Existe um risco muito grande no meio acadêmico de nos acomodarmos com as estruturas e modelos existentes porque é mais fácil seguir o curso e acatar as proposições estabelecidas do que brigar contra o sistema. Eu busco sempre um caminho mais equilibrado onde eu possa cumprir (mesmo contrariada) as exigências do sistema, mas sempre encontrando um espaço para "quebrar" as estruturas de acomodação porque entendo que só assim é possível produzir inovação. Se não saímos nunca do quadrado e das amarras que nos engessam nos modelos, como poderemos desenvolver coisas novas? Não preciso nem dizer que isso dá muito trabalho e é preciso muita determinação e paciência para não perder o foco e se conformar com a realidade. Sendo assim, nem preciso dizer que dou pulinhos de alegria e esfrego as mãos de satisfação quando um aluno com potencial de inovação se apresenta. Foi assim que eu conheci o meu orientando, Kleber Emmanuel Oliveira Santos, formado em Design na UFPE e com um potencial teórico de tirar o fôlego. Ele ingressou no mestrado do Edumatec com um projeto estruturado no campo da Educação e com uma proposta muito bem amarrada. Eu não participei da seleção e da divisão das orientações porque estava de licença médica e no meu primeiro encontro com Kleber eu já sabia que teríamos um ótimo trabalho ao final, não pelo projeto que ele apresentou, mas por suas inquietações e determinação em fazer algo diferente. Quer dizer, era apenas uma suposição, já que todos os mestrandos enlouquecem em diferentes níveis ao longo do curso e uns encontram o rumo antes do final enquanto outros ficam perdidos para sempre (se você está estudando e ainda não enlouqueceu, aguarde. Se você já concluiu e acha que não enlouqueceu, pergunte aos seus parentes!).

Por coincidência, eu tinha me interessado alguns meses antes por Gilles Lipovetsky, um filósofo francês que trabalha com questões relacionadas com a efemeridade e pós-modernidade e decidimos juntar a questão da efemeridade com o uso das tecnologias digitais, com a ressalva de que não ia ser nada fácil construir uma base teórica que sustentasse a dissertação. O resultado foi a dissertação "As Mídias Sociais estão na moda? Efemeridade e apropriação das Mídias Sociais como recursos pedagógicos" que ele defendeu de forma brilhante no dia 25 de fevereiro. Agradeço imensamente as contribuições da banca - Professor Marcos Dornellas e Professora Thelma Panerai - que trouxe uma discussão teórica de alto nível e a sugestão de publicação. Eu tenho muito orgulho dos meus alunos porque sei muito bem o que é realizar um percurso tão penoso e defender um trabalho que é resultado de dois anos de pesquisa. Com Kleber fiquei mais orgulhosa ainda porque ele não teve medo de inovar, mesmo quando o próprio sistema se voltou contra ele. A resposta da luta está no trabalho impecável, com uma metodologia tão bem construída que deve servir de modelo. Enfim, um trabalho tão bem realizado que vou indicar para publicação no próximo edital de defesa de dissertações e teses. Ele realmente merece!

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Videoteca do X ICCI

Fim de férias é sinônimo de muito trabalho!

As férias terminaram e já estou pegando no tranco para dar conta de tanto trabalho. Fevereiro é o prazo final para as defesas no Edumatec e em vários outros programas de pós-graduação, o que significa uma avalanche de teses e dissertações que precisam ser lidas, comentadas e avaliadas. Comecei a semana terminando a revisão dos trabalhos dos meus orientandos ao mesmo tempo em que tento organizar o meu calendário para conseguir estar presente em todas as reuniões, bancas, eventos etc. É preciso ter fé, kiridos, porque só o pensamento científico não consegue dar conta de turbinar o lattes... A burocracia e os prazos são tão malucos que só ontem vi que um artigo que enviei para uma revista há dois anos foi publicado no ano passado! Já coloquei o bendito no espaço das publicações em periódicos aqui no blog. O lado positivo da correria até agora tem sido a qualidade dos trabalhos dos meus alunos. Conseguimos sair do quadrado e apostamos em temas inovadores que abordam questões em perspectivas diferentes do que vemos por aí. O exercício teórico não é nada fácil, mas os resultados são bastante animadores. Em breve vou publicar aqui o resultado das defesas e as novas linhas que pretendo seguir. Adeus, sol e mar!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Um bom ano

Ao final de cada ano, eu costumava fazer um balanço para contabilizar as coisas que produzi profissionalmente durante doze meses. A vida tem suas reviravoltas, as prioridades mudam e isso não é mais importante (na verdade, acho que nunca foi). Hoje contabilizo as novas amizades que fiz durante o ano, as amizades antigas que foram reforçadas, os lugares que conheci, as experiências engraçadas, o carinho das filhas, os beijos e afagos que dei e recebi. Claro, teve também o pós-doc, uma experiência maravilhosa daquelas para guardar dentro de um livro de capa dura com folhas transparentes para proteger, mas que só pode ser medida através das belas conversas com as pessoas que conheci ou do cuidar e proteger que aprendi enquanto estava fora. Durante os primeiros meses do pós-doc, eu tinha a nítida sensação que meu cérebro estava se esticando, quase podia ouvir as engrenagens trabalhando a todo vapor para dar conta das leituras e discussões. Imagem, cinema, antropologia visual, narrativas, metodologia, a cada novo encontro de orientação uma nova porta se abria e me mostrava mais possibilidades para pensar a cultura digital. Foi um ano realmente intenso... As orientações, publicações, palestras, aulas, bancas e eventos fizeram parte da minha vida em 2014 no mesmo ritmo frenético de sempre, mas são apenas uma parte da minha vida. Não é (e nem pode ser) a parte mais importante). São registros que valem a pena não pelo suposto sucesso das empreitadas, mas pela possibilidade de interagir, apoiar, ensinar, aprender, esclarecer e indicar o caminho para as pessoas. A coisa mais importante que descobri (e que consegui colocar em prática): é o amor que nos move, mas não do jeito que pensamos. O amor está nas pessoas e se não podemos ter tempo para conviver com elas e exercitar a nossa generosidade, carinho e compaixão, a vida não vale a pena. Entre as mudanças que aconteceram em 2014 (mudança de país, mudança de casa, inúmeras viagens, lugares incríveis, novos amigos presenciais, novos amigos virtuais, muitas risadas e conhecimento), o que fica mesmo é a memória do afeto e a cada vez que aciono as minhas lembranças, consigo encontrar paz e felicidade. Foi mesmo um bom ano, um excelente ano...

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