quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Para não dizer que não falei das flores... (ou sobre o fim da UAB)

Vou registrar um comentário breve sobre o fim da UAB apenas porque a EaD é um dos temas deste blog, mas morro de preguiça de escrever sobre o óbvio (ou sobre o que parece óbvio para mim). Eu escrevi sobre a necessidade de institucionalização da EaD em maio de 2010 (o post pode ser acessado aqui). Naquela época, fiz uma crítica ao modelo adotado no país como política pública de Educação a Distância porque é um modelo que engessa e, pior, não determina a qualidade dos cursos. A crítica está presente na minha tese e nos artigos publicados sobre o tema desde 2009, ou seja: nenhuma novidade no país da memória curta! A notícia do fim da UAB deixou as universidades em polvorosa, várias instituições suspenderam as novas entradas de alunos e foi iniciada uma discussão sobre os critérios de credenciamento, qualidade, funcionamento e recursos. É curioso como questões tão essenciais ao funcionamento da EaD sejam retomadas apenas no momento em que o financiamento está em risco, e que instituições que sempre se posicionaram de forma contundente contra a EaD, agora se posicionem a favor da modalidade nas IES públicas. Também me causa espanto ver pessoas que estiveram na gestão do modelo UAB durante anos, se posicionarem agora "contra tudo que esta aí". Oi? Coerência, minha gente... A UAB acabou? Já acabou tarde, a política de Educação a Distância no Brasil precisava de mudança há muito tempo! Quero deixar claro que sou totalmente a favor da luta pela manutenção do financiamento para a EaD, preferencialmente em outro modelo de repasse de verbas. A EaD precisa deixar de ser um programa temporário, com mecanismos precarizados de pagamento de professores e disponibilidade de recursos. Se o processo de institucionalização da EaD nas instituições públicas estivesse consolidado, a modalidade não estaria em risco. Eu gostaria de dizer que estou otimista e que espero que sejam injetadas novas ideias, novas propostas, novas pessoas e novas concepções de Educação a Distância nas instituições públicas. Infelizmente, não parece que isso vai acontecer, considerando o teor das vozes que estão clamando por "mudanças". De qualquer forma, o pontapé inicial foi dado. Quando não é possível mudar as estruturas enraizadas e viciadas em determinados setores, a extinção é um santo remédio. Se vamos conseguir reconfigurar as políticas de EaD em outras perspectivas, não sei dizer. Espero, sinceramente, que sim.

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