sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Finalmente, 2011!

Nem preciso dizer o quanto este ano foi carregado, mas ele chegou ao fim como tantas coisas na vida. Na minha recente viagem ao Rio, ficou muito claro na minha cabeça que tudo muda na nossa vida, mas que as coisas boas e intangíveis permanecem. O amor, por exemplo, quando bem cultivado permanece para sempre, através das boas lembranças, dos gestos e da determinação inabalável de se continuar amando. Apesar de. As minhas atividades como professora me exauriram muito este ano, talvez por ter ingressado na pós-graduação ou talvez porque eu sempre acumulei atividades administrativas com a função de professor. Ser professor adjunto significa trabalhar para o governo com total autonomia no campo das ideias, mas essa liberdade tão significativa e incondicional (poucos podem se dar ao luxo de pesquisar o que quiserem) significa que o seu cérebro será espremido com uma laranja e que alunos, colegas e as agências de fomento, vão exigir de você respostas. Muitas respostas! E ideias, projetos, cursos, ementas, propostas, análises, pareceres e avaliações. Se você não tiver um colapso nervoso nos primeiros anos, vai tirar de letra o resto de sua carreira acadêmica. Diante de tudo o que aconteceu este ano, eu estou mais sentimental e não consigo avaliar o ano de 2010 pelas pequenas conquistas acadêmicas (trabalhos publicados, projetos aprovados etc.). Eu só consigo fazer um balanço deste ano agradecendo pelas novas amizades (presenciais e virtuais), pelo crescimento e carinho dos meus orientandos, pelo apoio dos meus colegas e pelo carinho e generosidade dos meus alunos. Fiz novos amigos e consegui reencontrar as preciosas amizades antigas. Nada pode ser mais importante que isso, independente do que possa pensar a CAPES/CNPq. Portanto, meus queridos, muito obrigada e FELIZ ANO NOVO!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Flutuação da Alma

Meu amigo virtual com fortes pontos de conexão, João Mattar, fez um belo post sobre o conceito de flutuação da alma e inconstância dos juízos, desenvolvidos por Spinoza. Vou reproduzir uma parte do post aqui, vocês podem ler o texto na íntegra no blog: Aquele estado de alma que nasce de duas afecções contrárias chama-se flutuação da alma, a qual está para a afecção como a dúvida para a imaginação; e a flutuação da alma e a dúvida não diferem senão segundo o mais e o menos. […] o corpo humano é composto de um grande número de indivíduos de natureza diversa e, por consequência, pode ser afetado de maneiras muito numerosas e diversas por um só e mesmo corpo e, inversamente, uma vez que uma só e mesma coisa pode ser afetada de numerosas maneiras, poderá, portanto, afetar também uma só e mesma parte do corpo de maneiras múltiplas e diversas. Por estas explicações, podemos conceber facilmente que um só e mesmo objeto pode ser a causa de afecções múltiplas e contrárias. (Ética, III, Proposição XVII, Escólio, p. 194). Faz muito tempo que li Spinoza e vou me poupar de fazer esse esforço novamente :), mas imagino que o conceito de flutuação da alma sirva como estrutura para a discussão sobre os diferentes pressupostos dos homens sobre a ética. A ideia de que um indivíduo pode ser afetado de diversas maneiras por um objeto, assim como as pessoas podem ser afetadas de formas diferentes por objetos diversos, me faz pensar no quanto buscamos um padrão de comportamento moral nos outros que está longe de existir. A minha concepção de vida pode ser muito diferente dos meus colegas, mesmo que estejamos de acordo em relação aos temas mais gerais do comportamento humano (como matar, roubar etc.). Porém, nas pequenas coisas do cotidiano e nas situações complexas que se colocam diante de nós, a variação nas percepções e na conduta pode ser enorme. Examente por ter feito muitas reflexões sobre o assunto nos últimos anos, escolhi não deixar mais que condutas que eu considero duvidosas das outras pessoas me afetem. Na diversidade das discussões sobre a ética e os padrões de conduta, só existe um caminho para a paz de espírito: seguir o seu caminho coerente com o que você acredita e agir com generosidade em busca do bem comum.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

TCC sobre a informática na Educação Infantil

Algumas pessoas choram em casamentos, eu choro nas apresentações de TCC... Durante o ano inteiro orientei duas alunas (Panmella Dias e Thaís Oliveira) que pesquisaram o uso da informática educacional na Educação Infantil. As duas já tinham trabalhado em escolas particulares como professoras de informática e decidiram ir à luta e pesquisar o tema. A dificuldade já começou na ausência de pesquisas sobre o que realmente está acontecendo nos laboratórios de informática nas escolas e o referencial teórico não ajuda muito, já que não existe um consenso entre os especialistas se as crianças pequenas devem realizar atividades no computador antes de aprender a ler e escrever. Porém, o que são dificuldades e obstáculos quando uma orientadora louca decide riscar um fósforo onde tem gasolina? As duas trabalharam muito, fizeram a pesquisa em duas escolas de Recife, observaram, registraram e analisaram os dados. O resultado? Um trabalho maravilhoso e a conclusão que as escolas não se apropriaram da sala de informática ao seu projeto político pedagógico e por isso mesmo realizam práticas instrucionistas. A banca foi maravilhosa, as professoras Thelma Panerai e Emília deram muitas contribuições importantes e elogiaram o trabalho da dupla. A família estava presente em peso para prestigiar o trabalho das duas, muitas comidinhas gostosas e um discurso de agradecimento que me fez chorar feito uma bezerra desmamada no pasto. Não foi um discurso de agradecimento formal não, foi o reconhecimento de que mesmo com um ano tão difícil, eu não deixei a peteca cair (ao meu favor, posso dizer que não fui a única a chorar, outra professora da banca também abriu o berreiro e não vou dizer o nome dela aqui para não perder a amiga!). Fui abraçada por todos os familiares (ai, gente, eu não mereço ser tão paparicada...) e terminei o meu dia com a certeza que estou no caminho certo. Meu lugar é mesmo aqui!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Artigo publicado na Revista Práxis Educacional

Finalmente, tenho um artigo publicado em periódico na Revista Práxis Educacional. A Revista Práxis Educacional é um periódico semestral do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas, Gestão e Práxis Educacionais, do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas (DFCH), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). A revista publica dossiês temáticos (encomendados a pesquisadores e estudiosos), artigos, resenhas, entrevistas, relatos de experiências, resumos de monografias, dissertações e teses recém-concluídas, dentro das seguintes temáticas: Alfabetização e Letramento; Formação de profissionais da educação; Políticas e Gestão da Educação; História, políticas e práticas de educação de pessoas jovens e adultas; Currículo, cultura e prática pedagógica. O tema da publicação onde está o meu artigo é Escola Pública (Vol.6, n.9), perfeito para inserir a discussão sobre as políticas públicas para a formação de professores. O artigo é resultado da minha tese de doutorado, intitulado Políticas Públicas de Formação de Professores da Educação Básica a Distância: O Contexto do Pró-Licenciatura. A revista é indexada, possui Qualis B4 em Educação e é publicada em versão impressa e online.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Resultado do mestrado

Ontem saiu o resultado do mestrado Edumatec/UFPE e não sei se tenho mais idade para emoções fortes. A nossa linha de pesquisa tinha menos vaga do que gostaríamos de ofertar e projetos bons (e alunos idem!) ficaram de fora. Eu fico louca da vida com isso, queria orientar trinta alunos se o regulamento permitisse. A demanda pela linha de Educação Tecnológica é sempre grande e a solução é aumentarmos o quantitativo de professores na linha para atender um maior número de alunos. Conseguimos ofertar oito vagas porque alguns professores disponibilizaram mais vagas, mas isso implicará em uma maior sobrecarga para eles a médio prazo. Alguns mestrados já tem ampliado a oferta de vagas para não perder talentos para outras regiões do país, como é o caso do CIN da UFPE que oferta quase 200 vagas na seleção do mestrado, mas é necessário implementar instrumentos de controle severos para o bolo não desandar. Eu já tinha comentado aqui no blog, existe uma demanda reprimida para a pós-graduação que precisa ser resolvida urgentemente, mas será necessário flexibilizar corações e mentes dos pesquisadores, gestores da CAPES, avaliadores dos cursos e pró-reitores.

Apresentação no 3◦ Simpósio Hipertexto

Eu participo dos eventos de Hipertexto desde a sua primeira edição e sempre gosto muito das discussões que acontecem no evento. O 3◦ Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação foi especial porque desta vez eu estava participando como professora da instituição. Outro diferencial foi a participação dos meus colegas e alunos do programa Um Computador por Aluno. Adorei! Na nossa reunião do UCA no dia anterior ao evento, o nosso coordenador, Professor Sérgio Abranches, informou ao grupo os horários das apresentações sobre o tema. Ele e o Professor Paulo Gileno iriam participar de uma mesa redonda, professores e alunos da graduação e da pós iriam participar das sessões coordenadas (o livro com os resumos do evento está disponível aqui). Eu fiz questão de dizer que só iria assistir a mesa redonda dele por consideração para fazer número e aplaudir, já que eu não aguentava mais ouvir a mesma coisa. Pois é, como diz o ditado aqui, língua falou... A apresentação dele foi maravilhosa, tinha gente assistindo na sala ao lado porque não tinha mais lugar vago na sala. É impressionante como surgem outras questões relacionadas com o uso do laptop em sala de aula. Na parte da tarde foi o momento da nossa sessão de comunicação, eu e a minha orientanda, Dagmar Pocrifka, apresentamos o artigo O Professor e o Desafio do Laptop em Sala de Aula:Reflexões Sobre o Projeto Magalhães e o Programa Um Computador por Aluno. Como muitas pessoas que iriam apresentar trabalhos faltaram, foi possível estender bastante o momento das perguntas e discutimos vários aspectos do uso da tecnologia na educação. Não consegui assistir a palestra do Lévy e terminei a semana mais morta do que viva, mas valeu muito a pena!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Apresentação no IV Simpósio Virtual em EAD

A correria está tão grande que só ontem consegui fazer o upload da minha apresentação no Simpósio Virtual em EAD. Bom, antes tarde do que nunca...


sábado, 27 de novembro de 2010

Dia Nacional da EAD

Ontem estive em Campo Grande/MS para participar do IV Simpósio Virtual em EaD, organizado pelo Portal Educação com o apoio da ABED. Embora a EAD esteja consolidada aparentemente, precisamos de mais espaço para discutir a sua estrutura, os seus problemas e a sua legislação. As tensões e disputas continuam existindo e é muito importante que as discussões sejam feitas com seriedade e coragem. Encontrei muitas pessoas interessantes lá, pude conversar bastante com a professora Vani Kenski e conheci os professores Robson Silva e Andréia Correia . Foi uma experiência repleta de emoções fortes e são tantos assuntos variados que resolvi dividir o conteúdo em várias postagens para contar a história toda. Vamos lá:

Encontro com Vani Kenski

A palestrante que abriu as atividades na parte da tarde foi nada mais nada menos do que Vani Kenski! Fomos almoçar juntas e a-do-rei a fofa! Delicada, atenciosa, agradável... Ela elogiou bastante o Edumatec e fiquei muito orgulhosa em trabalhar na UFPE. Conversamos bastante sobre EAD, ela está muito preocupada com as posições que estão sendo tomadas em relação ao processo de avaliação na EAD. Quem trabalha com EAD há muito tempo já sabe, é preciso estar sempre alerta!

Os profissionais do Portal Educação

Fiquei muito bem impressionada com todos eles, nos levaram para almoçar, fomos muito bem tratados por todos. O pessoal da equipe responsável pela organização das palestras tem formação na área de jornalismo, rádio e TV, marketing etc... Meu marido (que tinha formação em direção teatral) sempre afirmou que era preciso uma preparação específica para os professores que utilizam o vídeo na EAD, senão o resultado poderia ser patético ou um desastre completo. A experiência com o pessoal do Portal de Educação comprovou que a formação é realmente necessária e faz muita diferença para que os objetivos da estratégia pedagógica sejam alcançados.

A minha palestra

Eu fui preparada para um evento acadêmico normal, mesa comprida, telão com datashow, microfone etc. Quando entrei no local da palestra, fiquei em estado de choque: era um estúdio muito bem montado, com duas câmeras potentes, sistema de som e iluminação profissional e uma TV de LCD enorme para projetar os slides. Quase tive um faniquito! O rapaz que conduzia as apresentações me deu instruções: não fazer movimentos bruscos, me manter nas marcações do piso, evitar gestos exagerados, não avançar em direção à câmera, enfim, uma série de orientações que me fizeram querer sair correndo na hora. A sorte é que eles espertamente já tinham trancado a porta. Além de tudo isso, eu ainda iria falar depois da Vani Kenski. Vocês tem que concordar que é responsabilidade demais... Bom, tentei manter a calma dentro do possível, fiz a minha apresentação durante os quarenta minutos previstos e o tempo parecia voar. Depois da apresentação, tive vinte minutos para responder às questões enviadas pelos internautas. As perguntas foram muito semelhantes em todas as palestras e indicam que as nossas preocupações com a estrutura e o futuro da EAD também estão presentes entre os professores e alunos. Não tenho a menor ideia do resultado final, só sei que adorei a experiência e no final, estava quase tomando o microfone da apresentadora para ficar mais tempo no ar (hahaha! Eu sei, é ridículo...).

A viagem: 24 horas no ar!

Vocês não entenderam errado, eu passei duas noites sem dormir quase nada. Os horários dos voos saindo do nordeste para o resto do Brasil são de enlouquecer qualquer um. Saí daqui às 2h da manhã de sexta-feira, fiz uma conexão em São Paulo e cheguei ao aeroporto de Campo Grande às 11:40h. Quase dez horas de viagem! O aeroporto de São Paulo é um caso à parte, parece uma cidade que nunca dorme, peguei até engarrafamento no caminho da saída do avião até o desembarque (temos que fazer o trajeto de ônibus). Podem me chamar de pão-dura e já faz um tempinho que moro no nordeste (onde as coisas são mais baratas), mas um copo de café custar cinco reais e quarenta e cinco centavos, é o fim do mudo para mim! Um pobre turista na minha frente comprou um único croissant e pagou dez reais!! Ele perguntou o preço três vezes e deve ter pensado seriamente em nunca mais sair da Argentina novamente... Voltei no mesmo dia (a atendente no aeroporto disse que ia fazer uma viagem bate e volta) e cheguei em casa às 3h da manhã de sábado. Para completar, voltei no avião com o ex-governador, Cássio Cunha Lima. Parece inacreditável, mas duas mulheres pediram para tirar fotos abraçadas com ele. Como eu jamais pagaria esse mico, vocês vão ter que se contentar com a minha palavra.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Apresentação no ESLE/SBIE 2010

Hoje pela manhã apresentei a palestra "O Uso do Software Livre no Programa Um Computador por Aluno: um olhar sobre a prática dos professores e alunos", no ESLE - Encontro de Software Livre na Educação que aconteceu dentro do SBIE - Simpósio Brasileiro de Informática na Educação. Foi uma oportunidade incrível de dialogar com pessoas de outros Estados que estão trabalhando com o UCA e todos nós temos quase as mesmas questões. Surgiu a ideia de criarmos um grupo de discussão para compartilharmos as nossas dúvidas e socializarmos as estratégias realizadas. Eu adorei participar do evento, foi um momento muito rico de trocas importantes com pessoas que realmente acreditam e querem mudar a educação. Encontrei Alex, Lenon, Rodrigo, Adriana Aleixo, enfim, foi uma manhã muito agradável e produtiva. Para quem quiser fazer download da apresentação, deixo aqui o arquivo no Prezi, uma ferramenta incrível para apresentações (é o fim do domínio supergalático do Power Point... Muahahaha!).


sábado, 20 de novembro de 2010

IV Simpósio Virtual de EAD

Na próxima sexta-feira (dia 26), vou participar do IV Simpósio Virtual de EAD realizado pelo Portal Educação. O evento já está em sua quarta edição, tendo como ponto de partida o dia 27 de novembro, Dia Nacional de Educação a Distância, instituído pela Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED em 2003. Segundo os organizadores do evento, a data é um marco para a Educação a Distância no Brasil, reafirmando a importância do ensino de qualidade e comprometido com resultado trazendo nomes de destaque no cenário nacional no segmento. Será um dia inteiro de palestras, mesas-redondas, debates e discussões sobre a Educação a Distância no Brasil e suas perspectivas no cenário atual, com transmissão gratuita e on-line para todo o país e mais de 60 países que o Portal Educação atinge. Eu participarei do evento a partir das 15h10, com a palestra A Contribuição da EAD para a Formação de Professores abordando a importância da EAD no cenário das licenciaturas hoje. Estou bem empolgada, não vou dormir por 24 horas (o evento acontecerá em Mato Grosso e os horários dos voos que saem do nordeste são somente para os fortes) e o mais importante: todo mundo pode participar, já que a transmissão é online e a inscrição é gratuita. Vai ser uma experiência interessante e imperdível, portanto, clique aqui para se inscrever!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O vale das baleias, ciência e religião

Eu gostava muito da revista National Geographic quando estava na graduação, mas a medida que fui aprofundando os meus estudos em Geografia, a revista deixou de ser interessante. Hoje, eu encontrei uma reportagem tão bela e intrigante na revista que fiz questão de registrar aqui. O texto é de Tom Mueller e as imagens de Richard Barnes. Acreditem, vale muito a pena! O deserto egípcio, que já foi um oceano, hoje guarda o segredo de uma das mais extraordinárias transformações evolutivas. O uádi Hitan - literalmente, "vale das Baleias" - revela uma fantástica abundância dessas pedras de Roseta da biologia. Nos últimos 27 anos, foram descobertos ali restos de mais de mil baleias, e um número ainda maior pode ser achado.Os fósseis são uma pista crucial para entendermos como as baleias modernas, essas máquinas bem adaptadas à natação, podem ser descendentes de mamíferos terrestres que antes caminhavam com quatro patas. Philip Gingerich devotou grande parte de sua carreira a explicar tal metamorfose, possivelmente a mais intrigante do reino animal. E, ao fazer isso, mostra que as baleias, um dia celebradas pelos criacionistas como o melhor indício contra a evolução, talvez sejam a comprovação mais elegante do processo darwiniano. Graças sobretudo a Philip Gingerich, o registro fóssil das baleias hoje proporciona uma das comprovações mais assombrosas da evolução darwiniana. Ironicamente, o próprio Gingerich cresceu em ambiente rigidamente cristão, em uma família de menonitas amish no leste do estado de Iowa. Todavia, na época ele não sentiu nenhum choque entre fé e ciência. "Meu avô tinha uma atitude aberta no que se refere à idade da Terra", conta ele, "e jamais mencionava a evolução. É preciso lembrar que eram pessoas de grande humildade, que só opinavam sobre aquilo que conheciam bem." Gingerich ainda fica perplexo com o fato de tanta gente ser afetada pelo conflito entre religião e ciência. Na minha última noite no uádi Hitan, caminhamos um pouco sob o céu estrelado perto do acampamento. "Nunca fui especialmente devoto", diz ele. "Mas acho que meu trabalho tem um aspecto bastante espiritual. Só de imaginar aquelas baleias nadando aqui, o modo como viviam e morriam, e como o mundo mudou desde então - tudo isso o põe em contato com algo bem maior que você, sua comunidade ou sua existência cotidiana." Ele então abre os braços abarcando o horizonte escuro e o deserto com as esculturas de arenito criadas pelo vento e os incontáveis fósseis de baleia. "Aqui há espaço para toda a religião que alguém possa querer."

sábado, 13 de novembro de 2010

III SETEC

Teoricamente, os blogs deveriam retratar o cotidiano do autor, com informações atualizadas diariamente. Digo teoricamente porque não é tão simples assim quando temos toneladas de atividades para colocar em dia no final do semestre. Quem anda por aqui já conhece o meu estilo e sabe que eu gosto de remoer as minhas impressões sobre vários temas, mas quando o acontecimento provoca muitas reflexões, o tempo exigido para concluir o post é muito maior. Foi o que aconteceu no dia 03 de novembro, quando participei do III SETEC – Seminário de Educação e Tecnologia na Escola Pública, promovido pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. O evento aconteceu no período de 3 a 5 de novembro, em Gravatá com o tema central “Tecnologia e Educação: desafios atuais para a prática docente”, contando com a participação de aproximadamente 190 professores da rede estadual, e palestrantes da Universidade Federal de Pernambuco. Fui convidada por Adriana Aleixo e nem pestanejei, fui correndo participar porque convencer professores da rede pública sobre a importância do uso das tecnologias digitais na educação, é comigo mesmo! No caminho para Gravatá, conheci o professor Alex Sandro, professor do CIN da UFPE e coordenador do projeto Amadeus (do qual já cansei de falar aqui). Parece incrível, mas nós ainda não nos conhecíamos e enquanto conversávamos sobre os nossos trabalhos, ele perguntou: não é você a professora que tem um blog? Hahaha, pois é queridos leitores, ele me conhecia através do blog! Chegando ao local do evento, fomos recebidos por Adriana, que é um amor de pessoa e muito competente, o tipo raro de pessoa que realmente acredita no que faz. Conversamos bastante e adivinhem só? Ela também me conhecia através do blog! Eu adorei participar do evento e fiquei bastante impressionada com a mobilização do Estado para sensibilizar e formar professores para o uso das tecnologias em sala de aula. É uma pena que nem todos percebam a importância desses momentos e o que eles representam como política pública, mas penso que é assim mesmo, precisamos inovar, tentar e insistir até que a apropriação tecnológica realmente se efetive. Para não contar só a minha visão do evento, reproduzo o relato oficial: O evento, promovido pela Superintendência de Tecnologia da Informação/STI, através da GSTE, em parceria com a Gerência de Ensino Infantil e Fundamental/GEIF, teve abertura da professora Zélia Porto. Em seguida foi a palestra do professor Alex Sandro Gomes, da Universidade Federal de Pernambuco, que abordou o tema “O uso das TICs na escola pública e seus impactos na formação dos alunos”, e da professora Ana Beatriz Gomes, também da UFPE, que apresentou o tema “Os professores e os desafios da aprendizagem mediada por tecnologias digitais”. A principal mensagem deixada aos professores pelos palestrantes foi: “não percam o tempo histórico esperando as condições mais adequadas da tecnologia na escola - apesar de todas as dificuldades, das situações adversas, os resultados podem sim, ser positivos”. O Superintendente de Tecnologia , João Carlos Duarte, ao fazer o encerramento do evento, agradeceu a parceria da GEIF, a participação dos professores, oficineiros e o esforço da equipe organizadora e coordenação. Finalizando, ele salientou que: “esse Seminário não foi para tecnólogos nem para loucos por máquinas, foi um encontro para professores e professoras loucos por ensinar !!!”.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Relatório UNESCO Ciência 2010

O Brasil é destaque no relatório da UNESCO sobre Ciência, publicado a cada cinco anos. Segundo a notícia no site da UNESCO, o objetivo do Relatório é apresentar análises sobre a evolução histórica do setor de ciências por regiões e servir como subsídio complementar para o desenho e avaliação de políticas de ciência e tecnologia nas várias regiões do planeta. O relatório é um espelho do desenvolvimento mundial da ciência.“Ele mostra como a proliferação da informação digital e das tecnologias de comunicação estão modificando cada vez mais a imagem global”, explica a Diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova. No Relatório deste ano, o Brasil é o único país da América do Sul a ser contemplado com um capítulo exclusivo, o que mostra a influência e importância regional do país neste campo. Para a América Latina, o documento também dedica um capítulo para Cuba. Outros países que ganharam capítulos específicos foram Canadá, Turquia, Estados Unidos, Irã, Índia, China, Japão e República da Coréia. Não preciso nem dizer que estou sentindo o avanço do Brasil no campo da ciência na minha própria pele, com o financiamento dos meus projetos de pesquisa, bolsas para os meus orientandos, reforma nas instalações da Universidade e no próprio concurso público que possibilitou todas as minhas conquistas.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Um novo tempo no Brasil

É isso, depois de meses de sofrimento e muita militância na rede, elegemos a primeira mulher presidente do Brasil! Eu sempre batalhei pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, no trabalho, nas relações afetivas, enfim, na vida! Com três filhas mulheres, ganhei um reforço enorme para dizer: mulher pode sim! E nós podemos muito, mesmo que a nossa vida esteja mais sacrificada em nome da liberdade. Hoje temos dupla jornada de trabalho, equacionamos com muito sofrimento ser mãe e ter uma carreira, mas ao final do dia, a liberdade de escolher a profissão que queremos, a roupa que usamos e como vamos gastar o nosso dinheiro, faz tudo valer a pena. E não estou exagerando, vivemos em uma sociedade na qual as mulheres que saem nuas nas revistas ou que engravidam de um pop star é que são referência de ter dado certo na vida. Felizmente, temos um exemplo digno para mostrar para as nossas meninas tudo o que podemos ser: uma mulher na presidência do país!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Tudo que você queria saber sobre Skinner...

...mas não tinha coragem de perguntar! Na reunião do grupo de estudos discutimos Skinner e foi bem interessante observar a reação do grupo. Tivemos de tudo: amor, ódio, tédio, desconhecimento, entusiasmo, entojo, enfim, uma variedade tão grande de sentimentos que caberiam todos em um caleidoscópio emocional. Antes que vocês pensem que sou uma behaviorista dentro do armário, esclareço que escolhemos começar por Skinner porque praticamente todas as teorias relacionadas com educação e tecnologia passam pelas máquinas de ensinar, de forma declarada ou involuntária. Então, se vamos discutir as teorias da aprendizagem na EAD, vamos estudar qual foi a primeira proposta efetiva para a aprendizagem mediada por tecnologia. Acabamos discutindo o lado B do Skinner que poucos conheciam, surgiram as preocupações com a diversidade, a figura do professor como opressor, a necessidade de se oportunizar o ensino em iguais condições para todos, enfim, aspectos pouco discutidos do autor que precisam vir à tona se vamos falar sobre EAD de forma realista. Afinal, de projetos construtivistas que usam e abusam de questionários no Moodle, já estamos cheios! Foi uma tarde muito produtiva, concluímos que muitas práticas utilizadas hoje em dia são mais conservadoras do que a caixa de Skinner e usam a roupagem tecnológica para disfarçar o tradicionalismo. A próxima etapa será discutir Piaget, estabelecendo uma relação entre as etapas do desenvolvimento humano e sua possível relação com aprendizagem mediada por tecnologia.

domingo, 24 de outubro de 2010

Próximo encontro do grupo de estudos

Na próxima terça feira, dia 26/10, teremos reunião do grupo de estudos EAD na Formação de Professores. A proposta é discutirmos o papel das teorias da aprendizagem na educação a distância e vamos começar com as teorias tecnológicas da educação na figura de Skinner. Vamos discutir os três primeiros capítulos do livro Tecnologias do Ensino, enfatizando as práticas que ainda são recorrentes em sala de aula e que estão presentes no texto. Boa leitura e até lá!


Referência:SKINNER, B.F. Tecnologia do Ensino. São Paulo: Editora EPU, 2006.
Capítulo 1: A Etimologia do Ensinar
Capítulo 2: A Ciência da Aprendizagem e a Arte de Ensinar
Capítulo 3: Máquinas de Ensinar

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eventos na última semana

As semanas estão puxadas, muitos eventos, defesa de trabalhos, pesquisa para fazer e artigos para concluir... Semana passada a equipe de formação do Programa UCA-PE participou do 3º Seminário Um estudante, um computador, realizado na última quinta-feira. O evento aconteceu na UFPE e contou com a presença de palestrantes da USP, UFRJ, UNDIME Nordeste e Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. O coordenador do Programa UCA em Pernambuco, professor Sérgio Abranches, apresentou a proposta de formação de professores que está sendo realizada no Estado e os primeiros impactos do laptop educacional nas escolas. Surgiram muitas questões: a adaptação das máquinas para a educação inclusiva, a possibilidade de aquisição dos equipamentos através do pregão do Governo Federal, a necessidade de formação dos professores, a política de inclusão digital nas escolas, entre outras questões abordadas pelos palestrantes e participantes do evento. O seminário foi patrocinado pela Intel e a revista A Rede fez a cobertura do evento. Ontem participei da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na UFPE, com a mesa redonda "Primeiras reflexões sobre os impactos do Projeto Um Computador por Aluno para a comunidade e para a escola". Pensei que não teríamos público, mas vários alunos participaram, todos muito interessados no processo de implementação do programa UCA em Pernambuco. Foi bem interessante, o professor Paulo Gileno falou sobre o histórico do UCA e suas primeiras impressões enquanto eu abordei a formação dos professores e os impactos na prática pedagógica. Missão cumprida, agora preciso voltar ao artigo que estou escrevendo antes que a rainha de copas da minha consciência grite cooortem a cabeça!

domingo, 17 de outubro de 2010

Manifesto em defesa da educação pública

Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.
Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas. Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais.
Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.
Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública. Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.
Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.
No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Blog sobre a pesquisa Letramento Digital

Parece um clichê, mas este blog ficou pequeno demais para tratar de assuntos tão variados. Eu quero contar coisas específicas da minha pesquisa, como consegui o financiamento, os procedimentos burocráticos, os entraves e as surpresas. Enfim, o cotidiano e os bastidores da pesquisa científica financiada. Percebo que muitos alunos passam pelo mestrado (e até mesmo o doutorado) angustiados com suas hipóteses e resultados, simplesmente porque partem da premissa que na pesquisa nada pode dar errado. Bem, lamento decepcioná-los, mas quase tudo dá errado durante a pesquisa. Escolas se fecham durante a observação, os sujeitos se recusam a participar das entrevistas, documentos torna-se inacessíveis e dados aparecem como um emaranhado de informações indecifráveis. A única possibilidade de chegar ao final com um trabalho sério é ser honesto e manter a perseverança inabalável. É uma espécie de fé científica (se é que isso existe) que nos mantém íntegros até o final. Quem espera que uma pesquisa seja apenas harmonia e felicidade o tempo todo está no caminho errado, a ciência serve para quebrar os nossos próprios paradigmas e nos mostrar que o caminho é árduo, mas é possível ser trilhado. Por isso tudo, fiz um blog para tratar apenas dos percalços da pesquisa e mostrar que 99% é trabalho árduo e apenas 1% é inspiração e epifania. Acredito em insights porque tive vários ao longo da minha vida, mas a ideia mais incrível do mundo só resistirá se estiver estruturada em um contexto com organização e muita disciplina. O ícone está aí ao lado, é só clicar e conhecer um pouco do nosso cotidiano.

domingo, 10 de outubro de 2010

Não é feitiçaria, é metodologia!

Enquanto a baixaria rola solta na corrida presidencial, todos nós seguimos com as atividades normais do cotidiano. Na última sexta-feira, tivemos uma atividade da disciplina Seminários de Pesquisa no mestrado. O Edumatec tem uma proposta bem interessante para os Seminários, os alunos são agrupados por área de pesquisa e apresentam o desenvolvimento da sua dissertação para os colegas e professores da linha de pesquisa. Assim, os alunos mais antigos contribuem com a apresentação do percurso escolhido, coleta/análise de dados, enquanto os mais novos apresentam os primeiros passos para a construção do seu trabalho. O tema do nosso encontro foi a análise de conteúdo como metodologia de pesquisa e surgiu uma questão interessante: qual é a diferença entre questionário com questões abertas e a entrevista semi-estruturada? Os alunos apontaram o meio utilizado, o formato, a abordagem, o modo de aplicação e uma das professoras resumiu: o questionário é fixo, não permite a intervenção ou a inferência do pesquisador. Não é possível, por exemplo, desdobrar uma questão, solicitar ao entrevistado que explique melhor uma passagem obscura ou que detalhe uma resposta. Diante da expressão de insegurança dos alunos, não tive dúvidas: - Pessoal, um exemplo prático é o casal Bonner entrevistando os candidatos à presidência da república. Quando é com o Serra, eles aplicam um questionário com perguntas fixas previamente estabelecidas, mas quando é com a Dilma, eles fazem entrevista e interferem o tempo todo. Sacaram a diferença? Todo mundo entendeu, até quem não vota no PT!

sábado, 9 de outubro de 2010

Notícias do Grupo de Estudos

No primeiro encontro do nosso grupo de estudos surgiram algumas questões interessantes para a nossa discussão sobre a EAD. Uma das lacunas apontadas pelos alunos é a falta de um maior aprofundamento nas teorias de aprendizagem que dão suporte ao uso das tecnologias na educação. Embora as concepções de aprendizagem sejam discutidas no âmbito de seus pressupostos, falta ainda um debate mais consistente sobre a sua aplicação. É relativamente comum encontrarmos concepções construtivistas ou socioconstrutivistas nos projetos pedagógicos dos cursos a distância, mas... o que acontece na prática pedagógica? Assim, ouvimos as demandas do grupo e vamos iniciar as leituras com um pouco de Skinner, Piaget e Vygotsky para esquentar os tamborins. Queremos chegar nas teorias utilizadas pelo pessoal de comunicação para realizar as pontes necessárias com a educação. O nosso próximo encontro está agendado para o dia 26/10, a partir das 13h. Vamos tentar usar o recurso da twitcam para dialogar com o pessoal que está distante e quer participar do grupo. Vamos ver o resultado da experiência na próxima reunião.
# Semana que vem vamos publicar os links para os textos, o mais difícil é encontrar artigos online para encaminhar as leituras.

sábado, 2 de outubro de 2010

Porque eu voto em Dilma

Amanhã teremos a incrível oportunidade de votar em uma mulher para presidente do Brasil. Mais do que somente uma questão de gênero, uma mulher de esquerda que lutou pela liberdade na época da ditadura. Eu poderia justificar o meu voto a partir da análise da melhoria e inclusão no ensino superior, realidade que eu conheço de perto. A expansão das vagas, a interiorização dos campus, o investimento na EAD, o PROUNI, os inúmeros concursos para professor das universidades federais (inclusive o que garantiu a minha vaga em uma delas)... Eu poderia falar sobre a importância de uma mulher presidente quando os dados mostram que uma mulher é agredida a cada hora por seus companheiros, maridos ou namorados. Poderia também falar sobre a competência de Dilma como gestora nos inúmeros cargos que assumiu (quem conhece a gestão do governo Lula de perto sabe que ela é a grande executora dos seus projetos). Mas nada disso importa. O que me faz votar em Dilma é o fato de eu ter saído do Rio de Janeiro e ter me surpreendido com a profunda miséria e carência que existia no interior nordestino. A minha formação em Geografia na linha marxista não me preparou para o que era a realidade nos grotões dominados pelo coronelismo. Pessoas em situação de extrema pobreza, entregavam os seus títulos ao candidato para ganhar cinco reais e ter o que comer no dia (é isso mesmo, eles entregava o título e sequer iam votar no dia da eleição!). Foi exatamente a melhoria na vida destas pessoas - a profunda transformação em suas vidas com o resgate da dignidade e da cidadania - que me fez considerar o Lula o melhor presidente que o nosso país já teve. A representação para estas pessoas de ter um presidente nordestino e operário mudou a forma como elas percebiam o mundo. E o mais importante: é algo que ninguém nunca mais vai tirar! É exatamente por esta razão (e não olhando para o meu próprio umbigo) que vou votar 13 amanhã. Quero Dilma presidente!

domingo, 26 de setembro de 2010

Resultados do Projeto Magalhães

Em Portugal, o programa de distribuição de laptops para os alunos das escolas públicas chama-se e-escolinha, no qual está inserido o Projeto Magalhães. O programa faz parte do Plano Tecnológico de Educação de Portugal, criado para realizar uma "revolução no ensino". Eles chamam os laptops de "magalhães" em referência ao navegador português (parece uma tentativa de dar uma roupagem de conteúdo histórico ao uso das tecnologias em sala de aula, mas isso é outra história). Bom, o que nos interessa é que eles divulgaram um relatório com os resultados de entrevistas realizadas com os professores em 2009 e 2010. Foram entrevistados 9473 professores do primeiro ciclo da Educação Básica e lá como cá, existem muitos problemas. Uma das primeiras questões é a opinião sobre o uso dos computadores com três possibilidades de resposta: concordo, discordo, não concordo nem discordo. A maioria dos professores concorda que o computador é positivo para melhorar a igualdade de oportunidades, facilitar a aprendizagem das crianças, estimular o espírito criativo etc. Porém, quando os itens referem-se ao estímulo ao trabalho docente, participação dos professores e melhoria da aprendizagem, o nível de concordância cai para a metade dos entrevistados. Ou seja, o uso do computador é ótimo para os alunos, pero não muito para os professores... Outro aspecto surpreendente é a pergunta sobre as atividades realizadas em sala de aula com o computador: 93% apontaram "ensinar a criança a usar o computador" como principal atividade! A opção "apoiar a realização dos trabalhos de casa", por exemplo, aparece apenas com 23% das indicações. Estranho, não? O que já observamos em nossa experiência aqui no Brasil, é que os alunos não precisam que o professor os ensine a usar o computador, pelo contrário, os alunos é que desvendam o computador para os professores! Outro aspecto importante, é que no Programa UCA existe um esforço concentrado para que o professor use o computador com atividades pedagógicas em sala de aula, estimulando o uso do Portal do Professor, Rived, sugestões de atividades etc. Em Portugal também existe o Portal das Escolas com materiais, mas 65% dos entrevistados afirmaram que não usam o portal. Obviamente, não conhecemos as questões políticas na implementação do projeto e é preciso analisar os resultados da pesquisa com mais cuidado, mas já é possível concluir que não é só abaixo da linha do Equador que existem problemas...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Reunião do Grupo de Estudos


A primeira reunião do grupo de estudos Educação a Distância e a Formação de Professores será no dia 28/09, às 13 horas, na sala 101 (Centro de Educação). Como já disse aqui no blog, o grupo de estudos é uma iniciativa minha e da Professora Thelma Panerai e faz parte das atividades do grupo de pesquisa GENTE. Convidamos as pessoas interessadas em estudar o tema para se juntar ao gupo em nosso primeiro encontro, no qual apresentaremos as pesquisas em andamento e o cronograma de atividades para os próximos meses.

Mini-curso Sobre o Ensino de Geografia

O curso de Pedagogia da UFPE passou por uma reforma há pouco tempo, buscando arejar a proposta pedagógica e o currículo. Considero que um dos grandes avanços foi a separação do componente curricular Metodologia dos Estudos Sociais em dois novos componentes: Fundamentos do Ensino de História e Fundamentos do Ensino de Geografia (com 60 horas cada um). Porém, o grande problema que enfrentamos atualmente é que temos alunos do perfil antigo que continuam cursando a matriz curricular do tempo dos dinossauros... É muito complicado ministrar componentes de um currículo que já está morto e enterrado, mas as questões legais exigem um período de transição. Foi justamente por perceber as lacunas que ficam no meio do caminho que a Professora Adriana Paulo me convidou para ministrar um mini-curso para os alunos do perfil antigo. Como missão aceita é missão cumprida, fui realizar a tarefa hérculea de resumir todo o material do curso Fundamentos do Ensino de Geografia em algo que coubesse nas três horas de mini-curso. A princípio seria apenas uma palestra, mas depois resolvemos que um mini-curso seria mais adequado. Adriana se encarregou de organizar tudo, preparou os certificados, fez a divulgação com os alunos, reservou o auditório, enfim, tomou todas as providências necessárias para dar tudo certo. Confesso que não criei muitas expectativas com o número de alunos inscritos, estou acostumada com os eventos no Centro de Educação e sei que uma plateia com 50 pessoas é coisa rara. Como eu considero que falar para meia dúzia ou trezentos participantes tem o mesmo grau de importância, nem procurei saber como estava a procura. Resultado: tivemos 76 inscritos e o mini-curso foi um sucesso (verdade seja dita, muito mais pela demanda existente entre os alunos do que pelas habilidades da professora). Terminei a empreitada acabada, já faz um tempinho que não enfrento três horas no palco, mas o resultado foi muito bom! O melhor mesmo foi ver que uma iniciativa absolutamente despretensiosa, realizada sem recursos mirabolantes e contando apenas com a boa vontade das pessoas, pode ser algo tão produtivo para os alunos, para o curso e para a Universidade.

sábado, 18 de setembro de 2010

Mais notícias do UCA em Caetés

Compartilho com vocês as boas notícias fresquinhas de Caetés, através do texto da minha querida Thelma Panerai, uma das professoras responsáveis pela formação e pesquisa do UCA Total na cidade: "O Projeto Um Computador por Aluno (UCA) é um sucesso em Caetés! Os uquinhas estão por todas as partes. Já na entrada da cidade, ao percorrermos as primeiras ruas, podemos avistar adolescentes carregando seus laptops azuis. É surpreendente e emocionante! As escolas não conseguem fechar suas portas em finais de semana, porque os milhares de novos internautas necessitam estar conectados permanentemente. Eles estão dentro das escolas durante o dia e durante o turno da noite. E são muuuuuuitos!Na cidade, há a tal praça com wireless, que agora se denomina Praça da Internet. Nela, vemos diversos grupos de crianças e jovens, sentados, concentrados,hipnotizados, com seus uquinhas abertos, trocando informações e aprendendo com seus companheiros. Isso é simplesmente indescritível! São inúmeros pequenos grupos que rodeiam o local, em constante processo de aprendizagem e/ou interação.No contato com a secretária de educação, soubemos que, em finais de semana, a praça fica completamente lotada. Soubemos também de pais agradecidos que foram expressar alegria por terem tais laptops em casa, onde, anteriormente, só havia ferramentas como enxadas e pás. Para eles, o uso e o domínio dos uquinhas pode significar que seus filhos não pegarão em ditas ferramentas. Eu me arrepiava com os relatos da secretária. Além disso, soubemos de filhos que estão ensinando aos pais, em casa, e de crianças em processo de alfabetização que tiveram sua curiosidade ampliada em relação às letras e, com isso, querem aprender logo a ler e a entender o computador.Observem as fotos, com crianças e os adolescentes uquistas, tanto na praça como no pau-de-arara que estava estacionado ao lado da praça. Sem dúvidas, é o início de uma grande transformação em Caetés, que já recebeu a visita de jornalistas do New York Times e que receberá a visita de jornalistas da Alemanha, na próxima semana. Olééééé! De Caetés para o mundo..." Bom, depois de ler o relato da Professora Thelma, tem mais alguém arrepiado até a medula aí?

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

UCA em Pernambuco

O Programa Um Computador por Aluno tem sua estrutura alicerçada em três pilares: formação, avaliação e pesquisa. O nosso grupo UCA da UFPE colocou, literamente, o pé na estrada nas últimas semanas e estamos encontrando muitas surpresas agradáveis em Pernambuco. Sexta-feira passada fomos visitar Surubim (eu, Dagmar e Paulo) e ficamos encantados com a escola Natalícia Maria Figueroa da Silva. A escola tem um projeto diferenciado (escola de referência) e funciona apenas com o Ensino Médio em horário integral. A estrutura da escola é excelente, o gestor João é muito eficiente e conhece profundamente a realidade dos seus alunos. Conhecemos a equipe de professores e todos estão muito interessados em aprender e desenvolver ações que destaquem a escola no projeto. Eles estão com muitas ideias boas para operacionalizar o UCA e o nosso maior desafio é formar as redes para compartilhar as boas práticas e os desafios do programa. Uma curiosidade: temos que correr mesmo com o programa porque os alunos já apelidaram o programa de "Programa Nunca" por conta da demora na sua implementação (adolescente é fogo, não dá mesmo para vacilar com eles...). Outra grande surpresa foi em Caetés, que está inserido no UCA Total e já se tornou uma realidade na cidade. Vejam só que depoimento fantástico da equipe de avaliação: A equipe de avaliação chegou à cidade em pleno feriado municipal e encontraram as crianças na praça usando o laptop para navegar na internet, fazer trabalhos da escola e acessar o orkut, é claro. Até na feira os laptops já circulam. Uma verdadeira revolução na cidade.Segundo depoimentos, existem alunos de outras cidades querendo estudar em Caetés e até mesmo alunos das escolas particulares da cidade migrando para a rede pública. À noite, inacreditavelmente, a escola estava aberta para os alunos poderem se conectar à internet e eles estavam lá, sem querer ir para casa. Todas essas experiências estão apontando para um resultado muito importante: a tecnologia bem empregada na educação, pode sim, fazer muita diferença!

sábado, 11 de setembro de 2010

Seleção para o mestrado do Edumatec/UFPE

Estão abertas as inscrições para a seleção do mestrado em Educação Matemática e Tecnológica da Universidade Federal de Pernambuco (PPGEdumatec/UFPE). As inscrições serão realizadas na Secretaria do Programa de Pós-Graduação do Edumatec, entre os dias 08 e 30 de setembro de 2010, pessoalmente, através de procurador ou via Sedex. São 25 vagas distribuídas em três linhas: Didática da Matemática, Educação Tecnológica e Processos de ensino aprendizagem em Educação Matemática e Científica. É necessário apresentar o pré-projeto e o currículo comprovado no ato da inscrição, conforme as orientações do edital. A prova será no dia 05 de outubro e a bibliografia básica está no final do post. A minha linha é Educação Tecnológica e vou adorar receber orientandas e orientandos vitaminados, preparados e cheios de disposição para queimar a mufa durante o curso. Portanto, queridos e queridas, corram contra o tempo!
BHERENS, M. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Curitiba: Champagnat, 2003.
BORBA, Rute (Org.) ; GUIMARÃES, G. L. (Org.) . A pesquisa em Educação Matemática: repercussões na sala de aula. 1. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2009. v. 2000. 240 p.
MORAN, Manuel. MASETTO, Marcos. BEHRENS, Marilda. Novas Tecnologias e Mediações Pedagógicas. São Paulo: Papirus, 2000.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Grupo de Estudos

Estamos iniciando as atividades do grupo de estudos Educação a Distância e Formação de Professores, com o objetivo de agregar os alunos do mestrado e da graduação com objetos de estudo relacionados com o tema. Em nossas discussões no grupo de pesquisa Gente, temos observado que a EAD tornou-se um campo de pesquisa bastante amplo, no qual cabem vários objetos de pesquisa e abordagens diferenciadas. A Profª Auxiliadora Padilha já coordena dois grupos de estudos, um sobre avaliação na EAD e outro sobre inclusão digital. Com a criação de mais um grupo de estudos, teremos três focos de pesquisa sobre EAD no Gente. O tema do nosso grupo de estudos agrega a minha pesquisa em letramento digital e apropriação tecnológica dos professores formados na modalidade a distância e a pesquisa da Profª Thelma Panerai sobre o aproveitamento dos 20% a distância nos cursos superiores. O grupo funciona com discussão de textos específicos e dos objetos de pesquisa individuais, com encontros presenciais previamente agendados (terças, às 13h). Eu gostaria muito de agregar o pessoal interessante que está na rede ao grupo, volta e meia surge o assunto nas listas, mas nunca conseguimos concretizar a ideia. Como diria a minha filha, seria muito massa!


# A imagem que ilustra o post é a logo da minha pesquisa que foi aprovada no CNPq (é, estou muito chique ultimamente) e foi criada por Amanda Costa. Ela é autora do site do nosso grupo de pesquisa Gente, e nem preciso dizer que é muito talentosa, além de ser um doce de pessoa. Como ela é concluinte do curso de Pedagogia, eu tenho incentivado muito para que ela direcione o seu talento para o uso de tecnologias na educação.

sábado, 28 de agosto de 2010

Quando o tamanho é documento

Quando eu fiz vestibular nos idos de mil novecentos e antigamente, mesmo tendo a pontuação necessária para estudar na UFRJ, escolhi a Universidade Federal Fluminense (UFF) porque ficava na minha cidade. A minha amiga de infância optou pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mesmo tendo que sacolejar no ônibus vermelho da ETC (acho que era essa a sigla) até o Fundão todos os dias. Durante o nosso período na Universidade fui conhecer o Centro de Letras e Artes onde ela estudava e se arrependimento matasse, eu teria sucumbido aos 18 anos! Não era remotamente possível comparar as duas instituições, o tamanho e a estrutura da UFRJ massacravam qualquer tentativa de encontrar alguma vantagem na UFF. É preciso registrar que estou falando da UFF no final da década de 1980, não da estrutura que ela tem hoje. Naquele tempo a pesquisa era inexistente, as bibliotecas diminutas e a própria movimentação universitária era frágil. Claro que eu corrigi o meu erro fazendo a especialização e o mestrado no IPPUR da UFRJ, comprovando que a diferença entre as duas instituições era muito maior do que eu imaginava. Hoje eu percebo a mesma diferença na UFPE, constatando que uma universidade grande faz muita diferença para os professores e para os alunos. A maior parte dos meus alunos está envolvida em algum projeto, quase todos com bolsa. Os professores mais antigos reclamam da estrutura o tempo todo, mas temos laboratórios, uma ampla biblioteca, salas temáticas e cada professor tem a sua sala. Sim, estamos amontoados por falta de espaço, mas eu tenho uma mesa e uma estante com livros. No começo do ano recebi um kit de material de escritório, posso solicitar cópias e resmas de papel ao departamento. No intervalo do almoço eu tenho quatro opções de restaurante, nos quais posso escolher comer arroz integral, frango grelhado e uma variedade de saladas considerável, por um preço camarada. Assim que entrei na Universidade, participei de um edital e ganhei um computador e uma impressora a laser para desenvolver a minha pesquisa. A quantidade de eventos, grupos de estudo, projetos é impressionante, quase não dá para acompanhar. Só durante a semana passada, no auditório que fica no corredor da minha sala (exatamente dez passos de distância), aconteceram três eventos diferentes. O resultado de se trabalhar com condições e liberdade para pesquisar vem rápido: projetos com financiamento aprovados, PIBIC, extensão e publicações. Neste caso, o tamanho faz mesmo muita diferença...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A Origem

Nada do que eu possa dizer sobre o filme A Origem, do diretor, roteirista e produtor Christopher Nolan, será sequer próximo do espetáculo visual de deixar qualquer um boquiaberto. Estou apaixonada pelo filme, mas pode ser porque eu encaro os meus sonhos de maneira muito especial. Meus sonhos são visualmente muito próximos do que é mostrado no filme, também sempre me pergunto (dentro dos sonhos) se o que estou vendo é real ou não. Embora os críticos estejam associando elementos do roteiro ao filme Matrix, eu lembrei da introdução do livro O Oitavo Passageiro, de Alan Dean Foster, na qual o autor descreve a profissão do futuro, os sonhadores profissionais: "Sete sonhadores. Entenda-se que não eram sonhadores profissionais. Os sonhadores profissionais recebem bom pagamento, respeito, são talentos muito bem cotados. Como quase todos nós, estes sete sonhavam sem esforço nem disciplina. Sonhar profissionalmente, de modo que os próprios sonhos possam ser registrados e repetidos para entreter a outros é algo muito mais difícil: requer a capacidade de regular os impulsos criadores semi-conscientes e de estratificar a imaginação, combinação extraordinariamente difícil de obter. Um sonhador profissional é, simultaneamente, o mais organizado de todos os artistas e o mais espontâneo. Trama sutil de especulação não direta, não é tarefa de uma mente torpe como a sua ou a minha. Ou a destes sete sonhadores. Entre todos, Ripley foi a que chegou mais perto de alcançar esse potencial especial. Tinha certo inato talento para o sonho e mais flexibilidade de imaginação que seus companheiros. Mas carecia de verdadeira imaginação e dessa poderosa maturidade de pensamento característica do sonhador profissional." No filme isso sequer é mencionado, mas no livro é estabelecida uma relação entre a única sobrevivente (Ripley) e a sua capacidade de sonhar de forma mais estruturada, aproximando-se dos sonhadores profissionais. Ao assistir o filme do Nolan, tive a impressão que o futuro já chegou porque parecia que alguém tinha gravado um sonho e colocado o filme no circuito comercial. Faz tempo que eu não vejo um roteiro tão complexo e tão livre ao mesmo tempo! Nolan trabalha o roteiro de tal forma que o espectador é convidado a elaborar as suas próprias deduções sobre o que acontece na tela, coisa que parecia impossível. A minha leitura sobre o desfecho do filme (se é real ou não) pode ser diferente das outras pessoas, mas isso não importa, porque a minha conclusão é apenas mais uma possibilidade de autoria. O diretor faz uma afirmação supreendente: “É interessante, porque o cérebro humano costuma ser comparado a um computador, mas a verdade é que é uma analogia muito inadequada, já que o cérebro é capaz de mais coisas do que jamais saberemos. Para um diretor, essa ideia é muito interessante, porque não há regras para o que o cérebro pode criar, e um filme explorando isso seria a maior forma de entretenimento possível”. A minha conclusão é que se podemos transpor barreiras tão resistentes no campo do entretenimento, porque não poderíamos fazer o mesmo com o uso da tecnologia na educação?

sábado, 14 de agosto de 2010

A Universidade Pública no Próximo Decênio

A matéria publicada no site UOL (seção educação), sobre o 1º Ciclo de Debates A universidade pública brasileira no decorrer do próximo decênio, realizado no campus da Unesp na Barra Funda, conclui que a Universidade do futuro será interdisciplinar, a distância e com financiamento público. O crescimento no número de Universidades e a ampliação de vagas, vem propiciando a implementação de modelos alternativos de educação superior pública, com novos formatos de ingresso, currículos flexíveis e estruturas diferenciadas. As instituições que foram criadas agora, já apresentam uma concepção diferenciada em sua estrutura, como é o caso da UFABC, as mais antigas buscam novos modelos para se adequar (um bom exemplo é a organização em consórcios de sete Universidades mineiras para desenvolver atividades acadêmicas em conjunto). Todos estão de acordo com a urgência em se encontrar um novo modelo para o ensino superior que otimize os recursos, contenha a evasão e melhore o ensino e a pesquisa. Segundo os participantes do evento, é preciso ampliar os recursos destinados ao ensino superior, considerado inferior aos países desenvolvidos e que precisa ser ampliado (Gerhard Malnic, da USP) e estruturar cursos interdisciplinares com áreas comuns e disciplinas específicas em caráter optativo (Naomar Monteiro, UFBA). Surpreendentemente, vários participantes concordaram que a educação a distância terá um importante papel na formação e que o uso das tecnologias de informação e comunicação é essencial nas aulas presenciais e na gestão da universidade. Agora, eu gostei mesmo foi do discurso da professora Olgária Matos, que reproduzo a seguir:


Em contraponto ao otimismo de alguns colegas, Olgária Matos, professora de filosofia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), falou sobre a transformação do ensino em mercadoria e o esvaziamento do discurso científico no futuro da universidade. "Na universidade dita moderna, anterior à atual [pós-moderna], não se fazia a pergunta ‘para que serve a cultura?’, tão comum nos dias de hoje. A questão era: ‘de que a cultura pode nos liberar?’." Para a professora, o excesso de pragmatismo da “universidade pós-moderna” a impede de se aprofundar. Sua natureza seria pautada sempre pela mudança incessante de métodos de estudo e pela dificuldade de diferenciar pesquisa e produção. Ela acredita que a aplicação dos mesmos critérios de avaliação de produtividade das áreas de Exatas e Biológicas à de Ciências Humanas é um reflexo desse comportamento. "Exigir que um teórico da minha área, por exemplo, publique dois artigos inéditos todo ano é ridículo. Será que alguém acredita que um pensador pode ter duas ou três idéias brilhantes ao ano?"


Como eu me pergunto a mesma coisa todos os anos, tenho que concordar: abalou, fofa!

domingo, 8 de agosto de 2010

O Fim dos Livros de Papel

O fim dos livros de papel, substituídos pelos e-readers, vem causando polêmica e muitas discussões acaloradas. Na cobertura do evento Techonomy no Caderno de Tecnologia do Jornal O Globo, o idealizador do One Laptop Per Child, Nicholas Negroponte, afirmou que "os livros de papel estarão 'mortos' em cinco anos e utilizou comparações com as câmeras com rolo de filme e música em mídias físicas serviram para reforçar o exemplo. Outro caso é o da própria iniciativa OLPC: é muito mais fácil enviar um laptop com centenas de livros digitais do que a mesma quantidade em papel". Na verdade, não vejo justificativa para tanto alarde, o uso dos livros virtuais já se constitui uma prática comum para todos que estão incluídos digitalmente. Eu tenho mais de cem livros arquivados no meu computador e hoje alterno entre a leitura digital e os livros de papel. Os dois maiores obstáculos para a disseminação dos livros digitais eram a leitura na tela e a indiponibilidade de um acervo organizado. A leitura na tela foi resolvida com a solução e-Ink, eu tive oportunidade de ler no Kindle e realmente não faz diferença do papel. O lançamento de mais títulos digitais está atraindo mais consumidores e os e-readers já se tornaram objetos de desejo. Independente do fetiche da mercadoria, penso que é importante refletir sobre a contribuição da leitura digital para a educação a distância, ou mesmo presencial. A maior dificuldade dos alunos na modalidade a distância reside na transposição das práticas do ensino presencial para o uso das ferramentas tecnológicas utilizadas na EAD. Os alunos sofrem para ler textos em PDF, apresentações e materiais na web. Com a consolidação da leitura eletrônica, a transição entre as diferentes modalidades será cada vez mais sutil, amenizando as dificuldades dos alunos no processo de adaptação. É importante considerar que o uso intenso das tecnologias digitais sempre privilegia áreas do trabalho e do lazer, muito pouco é aplicado de fato na educação. Embora o uso dos livros virtuais não seja diretamente uma inovação voltada para a educação, certamente influenciará nos processos de apreensão do conhecimento, principalmente se conseguirmos romper as barreiras da propriedade intelectual e favorecer o compartilhamento. Isso está acontecendo com obras que já são consideradas como domínio público ou que foram liberadas pelos autores/herdeiros. Algumas experiências já apontam para a aquisição de materiais virtuais (mais baratos) entre os alunos com menor poder aquisitivo. Se o livro digital vai se tornar um meio para a democratização do acesso ao conhecimento e o livro de papel será um luxo no futuro, dependerá de como vamos nos mobilizar para isso. É justamente aí que está o pulo do gato!


# Feliz dias dos pais para os leitores queridos, quem sabe algum felizardo não ganhou um e-reader de presente hoje? :)

Update: Entrevista sobre o futuro do livro com Jean Paul Jacob, pesquisador emérito da IBM: “O livro de papel nada mais é do que tinta sobre árvore morta. Chamar isso de tecnologia é um insulto para mim”.

sábado, 7 de agosto de 2010

Projeto de Pesquisa Aprovado no CNPq!

Semana passada saiu o resultado do PIBIC e fiquei toda fofa com a aprovação do meu projeto. Ontem saiu o resultado do Edital 02/2010 do MCT/CNPq/MEC/CAPES (Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas) e tcham-tcharam... meu projeto foi aprovado, com financiamento! O projeto Letramento Digital, Autoria e Colaboração em Rede: Os professores da Educação Básica e o Papel das Licenciaturas a Distância na Apropriação das Tecnologias Digitais, é a continuação da minha tese de doutorado e tem como objetivo geral investigar as mudanças paradigmáticas na prática docente dos professores da rede pública concluintes de cursos de Licenciatura a distância, a partir da apropriação dos dispositivos tecnológicos e consolidação da cultura digital, através da utilização das ferramentas de autoria da chamada Web 2.0. Segundo o CNPq, foram aprovados 604 projetos de pesquisa para o desenvolvimento científico, social e tecnológico do País, no âmbito das Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas. Ao todo serão investidos R$ 8 milhões, sendo 50% da CAPES e 50% do CNPq. Mesmo o meu financiamento sendo um ínfima parte dos recursos totais do projeto (mas ainda assim vou poder comprar equipamentos, fazer viagens e contratar serviços de terceiros), estou dançando nas nuvens porque tudo o que sempre acreditei que poderia realizar na minha vida profissional está se concretizando. E muito mais rápido do que eu imaginava!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A Poesia do Deserto

Depois da minha experiência na pequisa dos desertos do mundo (que inclui desertos quentes e frios e, acredite, eles são muitos), eu fiquei fascinada pela riqueza dos desertos. Quando eu li Terra dos Homens, de Saint-Exupéry, o fascínio se traduziu em poesia e eu descobri que outras pessoas também se sentiam atraídas pelo deserto. Exupéry também aborda o deserto no seu livro mais famoso - O Pequeno Príncipe - e muitas passagens dos seus livros são auto-biográficas, já que ele foi piloto de correspondência nas rotas dos desertos durante muitos anos. Para ele, o deserto é poesia e amor:


Entretanto, amamos o deserto. Se no começo ele é apenas solidão e silêncio é que não se entrega aos amantes de um dia.(...) Nada nos adiantaria visitar a sua cela. Ela está vazia. O império do homem é interior. Assim também o deserto não é feito de areia nem dos tuaregues nem dos mouros armados de fuzil... As areias são, a princípio, desertas. Mas vem o dia em que, temendo a aproximação de um rezzou, vemos, naquelas areias, as dobras do grande manto em que ele se envolve. E assim o rezzou também transfigura as areias... Aceitamos as regras do jogo: o jogo nos faz, agora, à sua imagem. O Saara, é em nós que ele se mostra. Abordá-lo não é visitar um oásis. É fazer de uma fonte, nossa religião.


SAINT-EXUPÉRY, A. Terra dos Homens. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

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