Completamos seis meses convivendo com a pandemia no dia 16 de setembro, se considerarmos a data em que foi decretado o isolamento social. Seguimos sem aulas e com quase mil mortos por dia, mas a pandemia parece ter acabado para algumas pessoas. Cada um decide onde quer ir e como quer se aglomerar, praias lotam em feriados, bares estão cheios nos fins de semana, pessoas passeiam nos shoppings despreocupadas... Os cautelosos (ou mais bem informados, a decisão é de vocês) se escandalizam com o comportamento dos seus familiares, amigos e vizinhos. Rupturas são inevitáveis, afinal, quem quer receber visitas ou convites de parentes e amigos que não acreditam na existência e letalidade do vírus? Não é uma questão de opinião, é sobrevivência mesmo! A rede está repleta de relatos de pessoas que eram céticas e mudaram de ideia depois de semanas no hospital lutando por suas vidas. Segundo um certo presidente, são fracos que não enfrentaram o vírus com coragem. A minha filha de 15 anos me pergunta se as pessoas enlouqueceram, se estamos vivendo um surto coletivo. Ela que deveria estar inquieta e ansiosa para retornar a vida de adolescente ao normal, está em casa há seis meses sem reclamar e espantada com a falta de bom senso das pessoas. Parece que o instinto de sobrevivência animal não funciona muito bem com os seres humanos, estamos mais para os dodôs retratados na animação "A Era do Gelo" do que para leões. As aulas remotas estão funcionando muito melhor do que eu esperava e, apesar dos percalços e do cansaço diante das telas que já se apresenta com um problema, estamos fazendo o possível no contexto atual. O risco de aglomeração com aulas presenciais é inaceitável em um país que normalizou mil mortos por dia e que está muito longe de controlar a pandemia. Os preparativos para um cenário de retomada das aulas no formato híbrido já está sendo discutido, mas ainda levaremos um bom tempo para conviver nos espaços educacionais como antes. Mesmo que uma vacina milagrosa fosse disponibilizada amanhã, ainda teríamos o tempo de produção, distribuição e imunização de todos. Diante desse cenário, é urgente pensarmos em como podemos melhorar o ensino remoto, oferecendo equidade nas condições de acesso e estratégias diversificadas para a ação dos professores. Caminhamos com uma rapidez enorme até aqui: nos adaptamos, nos reorganizamos, colaboramos e refletimos muito sobre as nossas práticas, mas ainda temos muito a fazer. O caminho é longo, mas é menos penoso quando vamos juntos.
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