Na última quarta-feira terminou o 18° Congresso Internacional de Educação a Distância - CIAED/ABED e mesmo sendo impossível estar em todos os lugares ao mesmo tempo, vou tentar fazer um recorte do que eu pude acompanhar. Vou dividir o assunto em várias postagens para não tornar a leitura cansativa, começando com um panorama geral do evento. A minha percepção (e a de outras pessoas também) é que não o evento não trouxe nada de inovador sobre o tema, mas penso que a expectativa por novidades sempre foi (e continua sendo) um problema para quem trabalha com EaD. As pessoas querem soluções mágicas, um software, uma metodologia (com receita de bolo no estilo faça você mesmo), um material ou qualquer coisa que confirme a ideia geral de que fazer EaD é fácil. A questão é que quanto mais a EaD se expande em número de alunos, instituições e, consequentemente, pessoas que trabalham na área, mais evidente é que a modalidade exige trabalho árduo, muito estudo e aplicação de ações específicas para cada realidade. A quantidade de pessoas que participam do evento sem conhecer a EaD é preocupante e o desconhecimento fica evidente nas perguntas estilo "vergonha alheia", nas quais o palestrante é pressionado a apresentar uma receita pronta para ser replicada pelo participante em sua instituição. Nenhum modelo, método padronizado ou software vai resolver os problemas relacionados com a aprendizagem e a evasão. Algumas pessoas continuam buscando o Graal da EaD sem perceberem que ele não existe, mas o senso comum insiste no pressuposto - que está nas entrelinhas do discurso da EaD - de que é possível encontrar (e vender) modelos perfeitos para operacionalizar cursos a distância que além de eficazes, serão rentáveis. Um exemplo disso são os "cases de sucesso" no qual as pessoas contam as suas experiências exitosas em EaD (eu entrei em uma das salas com apresentação dos "cases" e quase caí em sono profundo cinco minutos depois do palestrante iniciar a sua fala). Enquanto parte das discussões no evento é dedicada ao canto da sereia, várias questões importantes são discutidas nos espaços que não recebem a mesma atenção. Talvez o que falte ao evento seja exatamente direcionar o foco para as questões menos comerciais da EaD e concentrar os esforços na colaboração e compartilhamento de soluções.
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