O filme Gravidade do diretor mexicano Alfonso Cuarón (Labirinto do Fauno, filhos da Esperança, E tua mãe também) é um espetáculo visual e narrativo de tirar o fôlego. O filme começa com algumas questões interessantes: a "600 km acima da Terra não há nada para transmitir som, não há pressão atmosférica, não há oxigênio, ou seja: a vida é impossível". Os argumentos são científicos, mas o filme tem uma metalinguagem que explora questões filosóficas bastante interessantes sobre a condição humana, como a sua fragilidade em local inóspito, a solidão, o medo do infinito... As imagens da Terra são de tirar o fôlego, a vontade de estar no espaço (ou se deixar levar por ele) é bem real, assim como a angústia das situações vividas pela protagonista que variam do pânico até a falta de um propósito para viver. A direção é fantástica com ângulos inusitados e metáforas interessantes, mas a grande inovação é a desconstrução das referências de orientação. A nossa percepção é completamente alterada enquanto tentamos enquadrar os personagens no "em cima e embaixo" dos mapas e da ordem dos elementos (crosta terrestre, atmosfera, espaço sideral etc.). No meio do nada (literalmente), a heroína espantosamente humana renasce várias vezes enquanto luta para se manter viva, mesmo com todas as chances contra. Ao final, existem várias mensagens possíveis, mas uma delas é bem clara: é perigoso deixar o conforto do que conhecemos e enfrentar a imensidão do universo. Para quem quiser ler outras reflexões sobre o filme, é só acessar os links a seguir. Boa leitura e bom filme!
4 comentários:
Muito legal a indicação sob um ponto vista profundo...
Opa Ana
Além da questão do "não existe em cima & em baixo absolutos" numa Terra quase esférica ficar explicito... o impacto visual numa sala 3D é algo entre fascinante e agoniante...
Eu sei que ninguém espera uma aula de física num filme de ficção, mas uma das cenas importantes do filme (que resolve o destino de uma das personagens) tem um erro crasso que até mesmo estudantes de ensino médio sacaram...
Não tira o mérito do filme, é claro...
É filme pra comprar a caixinha assistir várias vezes e descascar as várias questões que pululam do mesmo (mesmo de cara limpa)...
abraços
Obrigada, Mario!
Abraços,
Ana
Pois é, Sérgio, para quem ensina Geografia é um inferno tirar as concepções equivocadas dos alunos. Eu tentei aproveitar o filme como diversão mesmo para não ficar frustrada com os erros. Gostei muito de mostrarem o movimento continuo no espaço e achei os erros desnecessários até do ponto de vista dramático (podiam ter arrumado outra justificativa para separar os protagonistas, a solução do filme é ridícula!). Apesar disso, fiquei completamente apaixonada pelo espetáculo visual do filme.
Abraços,
Ana
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