domingo, 17 de maio de 2020

Dois meses em isolamento social

Dois meses de isolamento social, dois meses enfrentando uma realidade que nunca imaginei que pudesse acontecer. A curva de novos casos e mortes não para de crescer e é frustrante cumprir as orientações de médicos e cientistas enquanto as pessoas continuam brincando com a roleta da morte porque "não conseguem ficar presas em casa". Na minha cidade praticamente tudo está fechado, lojas, cinemas, bares, restaurantes, praias e parques. Mesmo assim, a prefeitura tem feito ações de fiscalização e fechado lojas que comerciantes teimosos insistem em manter abertas. Padarias, supermercados, farmácias e postos de gasolina continuam funcionando e parece que viraram locais de encontro da população, estão sempre lotados. Sair apenas para o que é necessário não seria tão arriscado se todos usassem o mesmo princípio. Como não é possível confiar no bom senso das pessoas, cada ser humano na rua é um potencial risco de contaminação e mesmo mantendo a distância mínima recomendada, volto para casa com os nervos em pandarecos... O vizinho da minha mãe continuou passeando, bebendo cerveja com os amigos e ignorando qualquer sugestão de isolamento social. Foi contaminado e passou uma semana no hospital lutando para respirar. Teve sorte e voltou para casa, espero que recupere a saúde e a responsabilidade. A primeira pode ser tratada, a segunda não. Minha filha voltou ao trabalho com redução de carga horária e vários procedimentos de segurança, quando ela chega em casa é uma operação de guerra: roupa direto para a máquina (já tira a roupa na entrada), álcool nas maçanetas e no chão, banho imediato. Quando preciso ir ao mercado, a mesma coisa: desinfetamos as roupas, a pessoa e as compras.

Enquanto o mundo luta para salvar a sua população e a economia, vivemos uma situação no país que oscila entre o patético e o assustador. Estou cansada de assistir esse espetáculo mambembe de quinta categoria que nos arrasta para um buraco sem fim. A pandemia já nos exaure mentalmente, ter que conciliar o medo pela sobrevivência com o medo das ações de um genocida ignorante, é demais para mim!

O trabalho continua dobrado, iniciamos o processo de formação dos professores no Google Classroom e já temos mil professores inscritos para dar conta (vou publicar uma postagem só sobre o curso). Não é uma formação fácil, as pessoas estão com medo da realidade que enfrentamos, estão confusas, ansiosas e sem a menor ideia do que fazer... Não basta apenas ensinar como usar as ferramentas, é preciso ter paciência, compreensão e, sobretudo, empatia. Felizmente, isso não tem me faltado durante esse período difícil de quarentena.

Um comentário:

Sérgio Lima disse...

Não foi "sorte" do seu vizinho! A taxa de mortalidade da covid19 é de 6%. Ou seja, ele tinha de 94% de chance de não vir a óbito!

O isolamento tem como função espalhar, no tempo, as contaminações para que os sistemas de saúde suṕortem a carga...

Os especialistas têm apontado que o vírus vai circular entre nós pelos próximos 2 anos! Então é necessário manter o isolamento social, mas não precisa temer tanto a doença!

É possível que quase todos nós tenhamos contato com o vírus! Para uns 80% não vai passar de uma gripe. Uns 14% terão alguma complicação e somente 6% virão a óbito.

O grande problema é que 20% da população de qualquer cidade satura qualquer sistema de saúde, principalmente os nossos :-(

Por isso temos que fazer esses 20% se espalharem ao longo destes 2 anos!



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