domingo, 10 de junho de 2012

Estamos em greve!

Vou pedir licença aos leitores para começar o domingo com o megafone virtual da militância. Eu realmente pensei que a greve dos professores não aconteceria, afinal, no ano passado a categoria aceitou os 4% de aumento em 2012, sem muito esforço do governo para convencer as pessoas. A justificativa do governo no ano passado era a crise mundial, mas ficou a promessa de que a carreira docente, os salários e outras reivindicações seriam rediscutidas no começo deste ano. A promessa saiu do papel, ficou no ar e agora virou algo como o "aparece lá em casa dos cariocas" (só lembrando antes que alguém me jogue pedra: eu sou carioca!). Enquanto isso os critérios de produtividade da CAPES continuam provocando colapso nervoso nos professores, o ministro anuncia com um sorriso no rosto que vai trazer não sei quantos mil cientistas estrangeiros para trabalhar no Brasil e mandar centenas de alunos para o exterior. Tudo muito lindo, muito bacana, mas... e as condições do professor? Um professor doutor que espreme os seus neurônios até a última gota, que tem uma responsabilidade enorme na formação dos seus alunos e orientandos merece ganhar o salário que é pago hoje nas Universidades Públicas? Nos exigem publicações em periódicos internacionais (mas não nos dão condições), participação em eventos (nunca consegui que passagens e diárias na minha Universidade, dizem que existe essa possibilidade, mas estou inclinada a acreditar que é lenda urbana) e precisamos nos atualizar constantemente. Resumindo: para publicar em periódicos, comprar livros para me atualizar e participar de eventos pelo país, eu preciso bancar todas as despesas. Eu gosto muito da Dilma, votei nela, tenho orgulho de ter uma mulher presidenta , mas não aceito ter que tirar uma parte considerável do meu salário (as inscrições em eventos nacionais variam entre 100 e 600 reais) para fazer algo que o próprio governo exige e é parte do meu trabalho. A indignação dos professores se transformou em uma greve que já dura 20 dias e atingiu 51 instituições de ensino superior. A previsão mais otimista dos meus colegas é que ela dure até agosto, mas pode durar muito mais. As reivindicações (que nem são tantas assim) são justas e urgentes. Uma universidade pública de qualidade, com professores competentes e comprometidos não pode existir com voluntariado ou gambiarras para se trabalhar. Pagar melhor e dar condições de trabalho ao professor, é valorizar a Educação e garantir que as pessoas continuarão trabalhando empenhadas em contribuir para o desenvolvimento do país!

3 comentários:

João Mattar disse...

Querida Ana, isso nem chega a ser militância - é (como você mesma diz) apenas a reivindicação do que é seu direito. Apoio. Boa sorte!

Ana disse...

Penso que é importante nos posicionarmos publicamente para ficar claro para os nossos alunos e colegas qual é a nossa posição. Obrigada pelo apoio!

Albergio Diniz disse...

Como costumo dizer: Em regime capitalista, falar em valorização da educação sem remunerar decentemente seus professores é o melhor exemplo de demagogia.
Até quando iremos aturar essa conversa fiada?

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