A última semana foi menos tensa, apesar dos números assustadores com a expansão da doença e o aumento exponencial das mortes. A cada momento ficamos menores e mais inseguros diante de um cenário caótico com políticas desencontradas ancoradas em muita suposição e pouca ciência. O volume de trabalho não diminuiu, embora algumas tarefas tenham sido concluídas com sucesso. As universidades começaram a pensar em alternativas para a realização de aulas remotas e isso implica em muito trabalho e novas configurações para a prática docente. Na realidade, a cada dois passos que damos para frente, andamos três para trás porque os processos burocráticos e as práticas dos professores foram construídas e somente para o presencial. Temos também a dificuldade de compreensão dos professores sobre o uso de tecnologias como instrumento de mediação para a aprendizagem está fundamentada em preconceitos com a modalidade a distância. São muitos desafios e inúmeras possibilidades, mas penso que quanto mais tempo demorarmos para enfrentar a questão, mais difícil será para organizar uma proposta viável de trabalho remoto para as atividades de graduação e pós-graduação. Independente dos diferentes posicionamentos sobre a adesão ou não ao formato remoto para retomarmos as aulas, penso que o contexto da pandemia torna qualquer previsão impossível. No momento atual, não temos a menor possibilidade de voltar para a nossa rotina nos próximos meses. Uma previsão otimista indicaria o retorno no final do ano, mas provavelmente não teremos aulas presenciais antes do próximo ano. Isso significa que teremos que pensar em alternativas para não suspender completamente as atividades de aula durante um tempo muito longo. Esse distanciamento das atividades acadêmicas tem implicações na vida dos alunos que precisam ser consideradas com cuidado, desde o atraso no prazo de conclusão do curso, até questões relacionadas com o pagamento de bolsas. Além das questões acadêmicas e financeiras, temos também o aspecto relacionado com a saúde mental dos alunos em isolamento social. A insegurança em relação ao contexto atual e ao futuro, comprometem o equilíbrio mental das pessoas, especialmente os alunos que estão em processo de formação. Esse entendimento foi adotado por universidades de outros países que também foram impactados com a pandemia e buscam alternativas e caminhos para desenvolver novas abordagens e dar continuidade ao processo formativo em seus diferentes níveis. Felizmente, estamos caminhando nessa direção e sabemos que temos muito trabalho pela frente, mas é preciso enfrentar esse momento com coragem e muita disposição. Se o futuro é incerto, cabe a nós trabalhar para viabilizar o melhor cenário possível.
Um comentário:
Estou na direção da associação docente do Pedro II. E tanto na associação quanto no sindicato de servidores há uma completa incompreensão sobre a EAD. Misturam o desconhecimento da modalidade com preconceitos sobre a mesma para rejeitá-la, a priori, como se fosse um bicho papão que vai acabar com escolarização, justiça social e todos os outros fantasmas que, justiça seja feita, nos assombram com esse boçal que ocupa o ministério da educação.
Mas confesso que me surpreendi que essa incompreensão também ocorra na Academia! A situação é mais desesperadora do que eu poderia imaginar :-(
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