quinta-feira, 9 de abril de 2020

Fim da terceira semana de isolamento

Ao fim dessa terceira semana de isolamento, o estresse se instalou por diferentes motivos, colocando na berlinda a minha capacidade de ser equilibrada e, sobretudo, paciente e educada. Tem sido difícil lidar com a falta de flexibilidade das pessoas que gerenciam a burocracia, seja por ignorância, necessidade de poder ou burrice mesmo. Recebi na mesma semana dois pedidos que pareciam ter saído do armário de Nárnia e não de uma situação de pandemia: um pedido de ata de reunião presencial quando todos sabem que a universidade está com as atividades suspensas e a exigência de uma assinatura na ata de defesa de mestrado do examinador que participou virtualmente da banca. É preciso apelar para a paciência e o bom senso nessas horas e eu estou apelando muito... Meu apelo é para que as pessoas entendam que vivemos tempos completamente fora da normalidade e que estamos em guerra contra um inimigo letal que não podemos ver e do qual o presidente do país faz piada, dizendo que ele não existe. Não é possível que a burocracia vá causar mais estresse aos nossos professores e alunos além da carga extrema que sofremos todos os dias ao ver que a contaminação se multiplica e o número de óbitos só faz crescer. Tive uma crise de pânico no supermercado na última segunda-feira, é difícil ver as pessoas sem tomar qualquer precaução, insistindo em se aproximar mais do que o necessário e agindo como se não houvesse nenhum risco em andar pelas ruas. É angustiante saber que as manicures do pequeno salão perto da minha casa estão passando dificuldades e sem perspectiva de qualquer ajuda. Por fim, é arrasador receber a notícia de uma aluna nossa que perdeu o filho de 17 anos por insuficiência respiratória, mesmo que o resultado para o COVID-19 tenha sido negativo. Estamos condenados não apenas a ficar dentro de casa por um longo período, mas a viver com medo, ansiosos e inseguros sem saber o que o futuro nos trará. Vamos fazendo o que é possível, ajudamos um, nos preocupamos com o outro, oferecemos apoio ao terceiro, confortamos quem precisa... Fazemos tudo isso sem ter qualquer resposta sobre como será o nosso mundo amanhã. A única coisa que eu sei é que é impossível olhar para trás.

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