Estou participando do VI Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias (no Rio de Janeiro) e ontem assisti uma palestra muito interessante com o Professor Jacques Wallet, da Universidade de Rouen. O professor Wallet disse que as perguntas que nós fazemos hoje são as mesmas que fazíamos no passado sobre o uso de outras tecnologias. Ele mostrou um anúncio de 1920 que apresentava uma sala de aula com alunos dispersos e indisciplinados enquanto o professor lutava para manter a turma concentrada. O anúncio mostrava que ao usar o recurso de filmes em sala de aula, os alunos subitamente se tornavam verdadeiros anjinhos e o professor na ilustração do anúncio, estava calmo e satisfeito. Em suas pesquisas, Wallet trabalhou com três paradigmas sobre o uso das tecnologias na educação: a fratura digital, a inteligência coletiva e a diferença entre gerações. O primeiro paradigma foi descartado porque seria mais correto falar em fratura social e cultural, já que em muitos países pobres a inclusão digital não amenizou as diferenças sociais. O segundo paradigma ainda está em discussão porque nos últimos anos nenhuma descoberta significativa foi realizada pela inteligência coletiva, mas sim por grupos ou indivíduos. Para Wallet, o paradigma que está no centro da discussão sobre educação e tecnologia é o terceiro: a diferença entre gerações. Um aspecto interessante é que os jovens, adolescentes e jovens professores são nativos digitais e consumidores de serviços na web. Ele afirma que alguns benefícios no uso das tecnologias em sala de aula podem ser comprovados, mas que outros não, apesar de sua citação frequente em documentos oficiais. Os benefícios que não podem ser comprovados são: motivação, facilitação, transformação, massificação, redução dos custos e supressão dos professores. Existem três correntes hoje sobre o uso das tecnologias na educação: a primeira afirma que a escola é um lugar intocado e que as tecnologias devem ficar fora da escola; a segunda afirma que vivemos uma dissolução da estrutura da escola que está ameaçada pelo uso das tecnologias e a terceira corrente afirma que precisamos "domesticar" o uso das tecnologias nas escolas. Para o professor Wallet, inovação pedagógica e inovação tecnológica não são sinônimos. Participar de congressos e seminário é sempre muito cansativo, mas é muito importante constatar que as nossas pesquisas e estudos estão em sintonia com outros importantes pesquisadores do mundo.
10 comentários:
Opa Ana
Num mundo perfeito, todos que participassem de congressos com subsídios públicos, fariam como você, compartilhariam um pouco do que estão vendo...
Mas, a questão importante é... vamos ter encontro presencial aqui no Rio ou não :-) ?
bjs
Prezada Ana, vivemos em uma atualidade tão dinâmica e viva, que deveriamos levar estas tecnologias para dentro das escolas de uma maneira mais como ação do que só palestras e seminários. Dividir estas tecnologias em forma de projetos para os menos abastados nas própias escolas, assim podemos !domesticar" o uso das tecnologias.
Olá Ana! Muito interessante este post, concordo que a principal questão é a diferença das gerações...
Contudo a escola é parte integrante do mundo social e não pode ser dicotomizada, as tecnologias estão por toda parte logo é natural que estejam na escola também, desde que utilizadas com consciência, responsabilidade e fins pedagógicos.
Rodolfo,
É isso mesmo, o grande desafio é apresentar diretrizes concretas para o uso das tecnologias nas escolas, não apenas através de palestras motivacionais que falam sobre os benefícios, mas nunca mostram como chegar até lá!
É importante termos em mente a riqueza dessa ferramenta, mas também considerar a importância de se conhecer e saberutilizar tao recurso.
Acredito que a segunda corrente que afirma que vivemos uma dissolução da estrutura da escola que está ameaçada pelo uso das tecnologias se enquadra com o meu pensar. Porém acredito em um futuro positivo resultante da inserção da tecnologia na escola.
Gostaria aqui de deixar meu comentário que o uso de Tecnologia na escola é fundamental e que precisamos também estar abertos a modalidade de cursos presenciais e EAD , porém existe muita resistencia por parte de alguns que acreditam que o aproveitamento é menor. Será que é mesmo ? Na sala há bate papo , trabalho em grupo que somente um faz , etc...Em EAD com plataformas bem definidas é possível evitar esse tipo de situação . Você professor e aluno estão prepardos para esse novo mundo ?
Muito importante este artigo no que se refere realmente à mudança dos tempos. Preconceitos a parte, acredito que devemos fazer o que for melhor para nos aproximarmos dos nossos alunos e fazer com que eles tenam uma capacidade maior de aprendizado. Pode não agradar a muitos mais temos que acompanhá-los na evolução tecnológica, senão quem fica para trás somos nós. Abços.
Ana sempre é bom experimentar essas forma de conhecimento isso nos reforça dentro da comunidade aprendente e na sociedade do
conhecimento essa troca é de fundamental importância na nossa vida
Cátia
Participar de uma palestra dessa deve trazer muito conhecimento e tirar várias dúvidas.
Concordo plenamente com o terceiro paradigma colocado pelo professor Wallet, sou mãe e minhas filhas nunca precisaram de aula ou cursos para fazer o que fazem na web, e elas se interagem de uma forma absoluta e sem fronteiras.
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