sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Orientações da Capes sobre o plágio

Em janeiro, todos os programas de pós-graduação receberam as orientações da Capes sobre o combate ao plágio nas Universidades. O documento da Capes sugere a utilização de softwares para analisar os trabalhos apresentados e identificar possíveis casos de plágio, embora enfatize que é necessário a análise de uma comissão para a conclusão final sobre a ocorrência de plágio. O assunto é complexo nos mais diferentes níveis, desde o conceito de "propriedade intelectual" até o foco no aluno como o grande trapaceiro. Nós sabemos que o plágio também ocorre entre colegas e, frequentemente, a coisa se resolve com um pedido de desculpas e a justificativa de que houve um engano. Em alguns casos, o plagiado se contenta com a inserção do seu nome no artigo e fica tudo bem. Outro problema é que o conceito de plágio está na intencionalidade, ou seja, a pessoa tem que ter copiado com a intenção explícita de enganar alguém (seja uma banca, um corpo editorial, uma comissão etc) tirando proveito próprio disso. Por isso que as justificativas de engano acabam colando, a pessoa diz que houve um erro, mas não tinha a intenção de se beneficiar dele. Existe também o plágio involuntário dos alunos que não conseguem perceber a diferença entre parafrasear e citar, mas neste caso, cabe ao orientador analisar e ensinar ao aluno como proceder. Um orientador que acompanha de perto os seus orientandos, acaba conhecendo o seu estilo e percebe quando a escrita está fora do padrão. Porém, os critérios de produtividade têm atochado os professores com uma quantidade grande de alunos, dificultando o acompanhamento mais detalhado (apesar de ser uma péssima desculpa, é claro!). Outra questão é o tal do chamado autoplágio, o autor que recorta, modifica e reapresenta as mesmas ideias em vários eventos. Particularmente, acho isso uma bobagem, não é possível esperar que na área de ciência humanas, por exemplo, alguém possa produzir dez artigos por ano, utilizando estruturas teóricas diferentes. Se isso acontecer, o sujeito é um péssimo pesquisador que uma hora trabalha na perspectiva x, na outra z e assim por diante... Pesquisa custa dinheiro e se um trabalho de dois anos resultar em apenas um único artigo, vamos inviabilizar o pesquisador brasileiro. Claro que não estou defendendo a cara-de-pau de alguns colegas, mas temos que ter bom senso e flexibilidade em alguns limites. Particularmente, sou a favor do compartilhamento total, meus trabalhos estão aqui no blog e o único cuidado que eu tenho é não colocar na rede artigos ou material ainda não publicado para evitar o movimento inverso: que alguém se aproprie do que eu escrevi e diga que não sou eu a autora. Eu já fui plagiada por uma colega de trabalho e confesso que a sensação não é nem um pouco agradável. Entrei em contato com ela, apontei o plágio e ela se desculpou, mas ficou por isso mesmo. Enviei o trabalho plagiado para o meu superior imediato e, felizmente, saí da instituição, mas o sapo continua entalado na minha garganta até hoje. Por isso mesmo, trabalho com os meus alunos para que eles construam a sua própria produção, mas estou longe de acreditar que o problema é o aluno. Afinal, eles ainda são imaturos e estão em processo de formação (inclusive ética), mas um professor doutor que plagia o trabalho de um colega, não passa de uma pessoa comum com um sério desvio de caráter.

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