A morte de Stuart Hall foi a notícia triste da semana. Hall ficou conhecido como o pai do multiculturalismo e um dos grandes nomes dos teóricos dos Estudos Culturais. Nascido na Jamaica, Hall foi estudar em Oxford e, junto com Raymond Williams e E.P. Thompson, iniciou a produção teórica no campo dos Estudos Culturais. Independente de sua importância e inegável valor acadêmico, Hall sempre foi o meu autor preferido dos Estudos Culturais por causa das suas ideias e do seu estilo de texto. Adoro a forma como ele colocava as suas ideias, o ritmo do seu texto, a forma como ele brincava com as palavras... Sua morte é uma grande perda e deixo aqui a reprodução da minha passagem preferida do livro "Da diáspora: identidades e mediações culturais" (p.204).
"Quero sugerir uma metáfora diferente para o trabalho teórico: uma metáfora de luta, de combate com os anjos. A única teoria que vale a pena reter é aquela que você tem de contestar, não a que você fala com profunda fluência.Desejaria dizer algo mais adiante sobre a surpreendente fluência teórica dos estudos culturais contemporâneos. Contudo, a minha própria experiência com a teoria — e o marxismo e um exemplo paradigmático — consiste num combate com os anjos — uma metáfora que vocês podem interpretar o mais literalmente possível. Lembro-me de ter lutado com Althusser. Lembro-me de, ao ver a ideia de “prática teórica” em Lendo O Capital, pensar, “já li o suficiente”. Disse a mim mesmo: não cederei um milímetro a esta tradução pós-estruturalista malfeita do marxismo clássico, a não ser que ela me consiga vencer, a não ser que me consiga derrotar no espírito. Terá que caminhar sobre o meu cadáver para me convencer. Declarei-lhe guerra, até a morte".
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