
Em Portugal, o programa de distribuição de laptops para os alunos das escolas públicas chama-se e-escolinha, no qual está inserido o Projeto Magalhães. O programa faz parte do Plano Tecnológico de Educação de Portugal, criado para realizar uma "revolução no ensino". Eles chamam os laptops de "magalhães" em referência ao navegador português (parece uma tentativa de dar uma roupagem de conteúdo histórico ao uso das tecnologias em sala de aula, mas isso é outra história). Bom, o que nos interessa é que eles divulgaram um relatório com os resultados de entrevistas realizadas com os professores em 2009 e 2010. Foram entrevistados 9473 professores do primeiro ciclo da Educação Básica e lá como cá, existem muitos problemas. Uma das primeiras questões é a opinião sobre o uso dos computadores com três possibilidades de resposta: concordo, discordo, não concordo nem discordo. A maioria dos professores concorda que o computador é positivo para melhorar a igualdade de oportunidades, facilitar a aprendizagem das crianças, estimular o espírito criativo etc. Porém, quando os itens referem-se ao estímulo ao trabalho docente, participação dos professores e melhoria da aprendizagem, o nível de concordância cai para a metade dos entrevistados. Ou seja, o uso do computador é ótimo para os alunos, pero não muito para os professores... Outro aspecto surpreendente é a pergunta sobre as atividades realizadas em sala de aula com o computador: 93% apontaram "ensinar a criança a usar o computador" como principal atividade! A opção "apoiar a realização dos trabalhos de casa", por exemplo, aparece apenas com 23% das indicações. Estranho, não? O que já observamos em nossa experiência aqui no Brasil, é que os alunos não precisam que o professor os ensine a usar o computador, pelo contrário, os alunos é que desvendam o computador para os professores! Outro aspecto importante, é que no Programa UCA existe um esforço concentrado para que o professor use o computador com atividades pedagógicas em sala de aula, estimulando o uso do Portal do Professor, Rived, sugestões de atividades etc. Em Portugal também existe o Portal das Escolas com materiais, mas 65% dos entrevistados afirmaram que não usam o portal. Obviamente, não conhecemos as questões políticas na implementação do projeto e é preciso analisar os resultados da pesquisa com mais cuidado, mas já é possível concluir que não é só abaixo da linha do Equador que existem problemas...