A edição do meu livro e de Sônia Pimenta, Didática e o Ensino de Geografia, ficou pronta esta semana e eu não podia deixar de fazer um comentário sobre a construção do texto. Em primeiro lugar, não se trata de um livro comum, o tema não é ficção nem tampouco pode ser considerado como um livro didático. O grande desafio era transformar todo o nosso conhecimento sobre o assunto em um material leve, que dialogasse com o leitor o tempo todo. Pesquisar, selecionar material, apresentar nosso ponto de vista sobre o assunto na perspectiva da aprendizagem, foram tarefas bem complexas... Neste contexto, surge o trabalho dos revisores, que analisavam a proposta das aulas, a estrutura e a linguagem. Aí, o desafio era outro, o foco estava centrado em ter tranqüilidade para ver as correções realizadas e lidar com aquilo de forma construtiva e motivadora. O que parecia tão claro estava confuso, os objetivos truncados, a apresentação nada acrescentava, o resumo resumia o texto em excesso e a auto-avaliação mais parecia uma atividade... As primeiras aulas pareciam um texto egípcio com tantas marcações, mas é uma satisfação enorme chegar ao final do livro e receber uma aula com elogios e poucas correções.Conheço algumas pessoas que não aceitam que seu texto seja alterado, sei de uma amizade que terminou por causa disso, e sei também que nossa cultura criou uma premissa falsa de que as pessoas cultas não cometem erros quando escrevem. Isso é uma bobagem sem tamanho, vejo o trabalho de revisão como um conhecimento técnico de pessoas que estudaram muito sobre o assunto. Da mesma forma que alguém pode tirar uma dúvida comigo ao rabiscar um mapa, eu posso apresentar um texto para uma pessoa da área rever e apontar as construções textuais mais adequadas. Agora, cabe aqui uma ressalva: nem todas as pessoas que possuem esse conhecimento técnico serão bons revisores. A revisão tem a ver também com estilo, com o que a pessoa entende como linguagem e o respeito ao formato pessoal que cada um imprime ao seu texto. Poucas pessoas fazem isso com desenvoltura, eu tive a sorte de conhecer a Professora Divanira Arcoverde que faz este trabalho com maestria. Ela e Rossana Delmar foram as revisoras de todo o trabalho de produção de material da UEPB, e posso dizer com conhecimento de causa: elas tiraram leite de pedra em alguns momentos! Como diz um amigo meu, é impossível transformar um texto ruim em algo bom, mas é possível transformar um texto truncado em algo que possa ser lido com coerência. Eu respeito muito o trabalho de revisão porque acredito que não seja fácil ficar do outro lado, tentando apontar o melhor caminho para o autor. A dificuldade é conseqüência de dois fatores:o primeiro, ter que captar o ritmo e o estilo de texto do autor e quais os melhores caminhos para melhorar o resultado final, o segundo é a incompreensão de alguns autores sobre a necessidade e a importância deste trabalho. Alguns se ressentem, como se ainda fossem crianças em sala de aula sendo punidos pela professora.Divanira sempre diz que a construção deste material é repleta de idas e vindas, por isso é um processo tão demorado. Eu percebo como um diálogo entre autores e revisores que trabalham juntos para o sucesso do resultado final. No meu caso, agradeço por ter tido as duas aparando as arestas e permitindo que eu me ocupasse com minha função principal: desenvolver o conteúdo nos prazos exigidos pela edição e manter minha integridade física e mental!
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