Meu pobre blog anda um pouco abandonado e não é por falta de notícias. Tem muita coisa acontecendo, mas pouco tempo para organizar as ideias e publicar um texto com o mínimo de coerência. Posso dizer que neste semestre estou vivenciando a vida acadêmica, na função de professor, de forma efetiva. No período passado eu estava direcionada apenas para as disciplinas da graduação, mas como tudo era novo, eu perdi muito tempo tentando entender como a máquina funcionava, tipo onde eu conseguiria um datashow, como as notas eram lançadas etc. But now, my friends, descobri que o buraco é muito mais embaixo e só os tolos acreditam que trabalharão apenas 12 horas semanais (carga horária mínima para quem está começando) e receberão por 40 horas. Fiz umas continhas básicas, vamos somar? Vou considerar o que seria o mínimo necessário para cada ação, mas a experiência vem mostrando que trabalhamos sempre mais do que o mínimo. Para atuar em sala de aula com 12 horas semanais, precisamos dedicar praticamente o mesmo tempo para preparar as aulas. Se a disciplina for do mestrado e doutorado, pode dobrar esse tempo. Assim, já temos 24 horas semanais das 40 horas da carga horária total. Temos ainda as reuniões obrigatórias, chamadas de reuniões do pleno (departamento), as reuniões do grupo de pesquisa, dos projetos e das eventuais comissões que temos que fazer parte. Vamos considerar apenas 4 horas semanais já que a frequência é variada. A orientação costuma variar porque o número de orientados por professor é diferenciado, mas se considerarmos a dedicação de uma mísera hora por semana para os orientandos (no meu caso tenho quatro), já acumulamos 32 horas de atividades. Restam apenas 8 horas para dar conta dos outros "serviços" que estão embutidos no pomposo cargo de professor adjunto: ler processos e emitir pareceres (sim, também somos burocratas juristas), ler todas as últimas publicações sobre a sua área de atuação, escrever artigos (na vida acadêmica quem não publica se estrumbica), participar de eventos, conduzir a pesquisa acadêmica aprovada em algum órgão da instituição, corrigir as avaliações e lançar notas, pensar e acompanhar projetos de PIBIC, PROINCI, escrever relatórios intermináveis sobre quase tudo o que fazemos, elaborar projetos e planilhas para participar de editais e participar de bancas para apontar aos outros o que está errado, inclusive em outras instituições. Fora tudo isso, ainda temos as chamadas eventuais do MEC para as reuniões em Brasília (com pouca grana e zero glamour, na última viagem eu fiz três baldeações e levei nove horas para chegar em casa porque a passagem era mais barata...). Ufa! Eu devo ter esquecido alguma coisa, mas posso afirmar: quem diz que professor de universidade pública não trabalha deveria passar um dia em minha companhia. Acho que vou fazer um sorteio aqui no blog. Quem sobreviver ao lesco-lesco, ganha a incrível oportunidade de me substituir por uma semana para que eu possa fugir para um refúgio paradisíaco inexplorado.
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