O fim dos livros de papel, substituídos pelos e-readers, vem causando polêmica e muitas discussões acaloradas. Na cobertura do evento Techonomy no Caderno de Tecnologia do Jornal O Globo, o idealizador do One Laptop Per Child, Nicholas Negroponte, afirmou que "os livros de papel estarão 'mortos' em cinco anos e utilizou comparações com as câmeras com rolo de filme e música em mídias físicas serviram para reforçar o exemplo. Outro caso é o da própria iniciativa OLPC: é muito mais fácil enviar um laptop com centenas de livros digitais do que a mesma quantidade em papel". Na verdade, não vejo justificativa para tanto alarde, o uso dos livros virtuais já se constitui uma prática comum para todos que estão incluídos digitalmente. Eu tenho mais de cem livros arquivados no meu computador e hoje alterno entre a leitura digital e os livros de papel. Os dois maiores obstáculos para a disseminação dos livros digitais eram a leitura na tela e a indiponibilidade de um acervo organizado. A leitura na tela foi resolvida com a solução e-Ink, eu tive oportunidade de ler no Kindle e realmente não faz diferença do papel. O lançamento de mais títulos digitais está atraindo mais consumidores e os e-readers já se tornaram objetos de desejo. Independente do fetiche da mercadoria, penso que é importante refletir sobre a contribuição da leitura digital para a educação a distância, ou mesmo presencial. A maior dificuldade dos alunos na modalidade a distância reside na transposição das práticas do ensino presencial para o uso das ferramentas tecnológicas utilizadas na EAD. Os alunos sofrem para ler textos em PDF, apresentações e materiais na web. Com a consolidação da leitura eletrônica, a transição entre as diferentes modalidades será cada vez mais sutil, amenizando as dificuldades dos alunos no processo de adaptação. É importante considerar que o uso intenso das tecnologias digitais sempre privilegia áreas do trabalho e do lazer, muito pouco é aplicado de fato na educação. Embora o uso dos livros virtuais não seja diretamente uma inovação voltada para a educação, certamente influenciará nos processos de apreensão do conhecimento, principalmente se conseguirmos romper as barreiras da propriedade intelectual e favorecer o compartilhamento. Isso está acontecendo com obras que já são consideradas como domínio público ou que foram liberadas pelos autores/herdeiros. Algumas experiências já apontam para a aquisição de materiais virtuais (mais baratos) entre os alunos com menor poder aquisitivo. Se o livro digital vai se tornar um meio para a democratização do acesso ao conhecimento e o livro de papel será um luxo no futuro, dependerá de como vamos nos mobilizar para isso. É justamente aí que está o pulo do gato!
# Feliz dias dos pais para os leitores queridos, quem sabe algum felizardo não ganhou um e-reader de presente hoje? :)
Update: Entrevista sobre o futuro do livro com Jean Paul Jacob, pesquisador emérito da IBM: “O livro de papel nada mais é do que tinta sobre árvore morta. Chamar isso de tecnologia é um insulto para mim”.
Um comentário:
Bom dia professora, estou fazendo uma reportagem sobre livro digital e sua contribuição para a EaD, e gostaria da sua opinião.
meu email: luciana.limadittz@gmail.com
Postar um comentário