sábado, 26 de abril de 2014

No Porto

As cidades exercem um fascínio tão grande em mim que fui estudar e escrever sobre o urbano durante um bom tempo da minha vida. Conhecer o Porto tem sido uma experiência única e difícil descrever. Uma aluna referiu-se ao Porto como uma cidade encantadora, uma reportagem para turistas fala em cidade mágica, a sua história é fantástica, a sua geografia é surpreendente com suas pontes em grandes alturas e penso que é tudo isso e muito mais. Tenho certeza que a J.K. Rowling criou o beco diagonal em Harry Potter inspirada no tempo em que morou aqui! Foi difícil conciliar a necessidade de desvendar a cidade ao mesmo tempo em que eu tinha que concluir as pendências burocráticas e operacionais para viver aqui. O processo de instalação para morar em outro país não é fácil, mesmo que seja por um tempo determinado. Tudo acontece ao mesmo tempo: procurar casa, escola, panela, providenciar documentos, participar de eventos... Creio que levei um mês para ajustar a rotina e equilibrar as tarefas. Eu tive muita sorte em ser tão bem recebida pelo meu orientador do pós-doc, ele merece um post só para falar sobre as suas qualidades, mas basta dizer que ele fez com que eu me sentisse em casa. Nada e fácil: o frio é impiedoso, a chuva é irritante, alugar casa não é tão simples quanto parece e você frequentemente estará dentro de um círculo de obstáculos que mais parece uma armadilha. Apenas um exemplo: você não pode alugar casa se não tiver o NIF (o nosso CPF no Brasil), mas não pode tirar o NIF se não tiver um comprovante de residência no seu nome! Hã? A solução foi pedir, muito sem graça, para o meu orientador se responsabilizar por mim na Secretaria da Fazenda. Além de discutir questões acadêmicas e enfiar antropologia visual na minha cachola (que já não é mais a mesma faz tempo), o coitado ainda teve que ser meu responsável fiscal! Depois das contas devidamente prestadas para a Capes, filha matriculada na escola e as mínimas (mesmo!) condições de sobrevivência garantidas, pude começar a me dedicar aos estudos e ao campo de pesquisa. Estou encantada com a antropologia visual e aprendi muito sobre a etnografia virtual nos últimos dois meses. Em cada passo que eu dou, penso em como poderei ser útil para os meus alunos e orientandos. Espero multiplicar tudo que estou aprendendo muitas e muitas vezes... As coisas que tenho aprendido com o Professor José Ribeiro no campo teórico e metodológico são muito importantes, mas as coisas que ele tem me ensinado sobre generosidade, história de vida e conhecimento, são essenciais!

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