segunda-feira, 3 de maio de 2010

Alice

Ontem fui assistir ao filme de Tim Burton e fiquei muito impressionada com o espetáculo visual do filme. Li que algumas pessoas não gostaram do roteiro, acharam o filme fraco etc e tal, mas não consegui enxergar nada disso. O filme aborda com delicadeza o principal elemento do livro de Carroll, a busca pela identidade como um processo de crescimento. A pergunta "você é mesmo Alice?" é realizada várias vezes ao longo do filme, como uma espécie de pegadinha para o espectador. Ficamos em dúvida se ela é realmente Alice ou não, da mesma forma que no livro o autor resolve o surrealismo da história com Alice acordando de um sonho. A opção por uma Alice adulta é interessante porque retira a questão temporal do universo infantil. O filme não se resume aos conflitos de uma pré-adolescente em crescimento, ele opta por tratar um conflito que pode nos acontecer em qualquer momento de nossas vidas. Burton optou por focar as nossas escolhas e o que podemos ser a partir delas, a sensibilidade dele ao traduzir o universo feminino é fantástica (vale a pena ler o texto do Arnobio Rocha sobre o filme). No mundo real, ela é uma marionete cujo noivado foi arranjado sem que ela sequer soubesse. No submundo/subterrâneo ela pode escolher o que quer ser (sonho de independência de qualquer mulher que deseja escolher o que quer ser e não o que esperam que ela seja). Ao final, Alice pode escolher o que realmente queria para a sua vida, ela rompe com o status quo criado ao seu redor para que ela aceitasse de forma passiva o casamento.O espetáculo visual envolve muitas outras questões, é impossível não reagir diante do colorido, movimento das câmeras, cenografia espetacular e figurinos maravilhosos. Ao subverter a perspectiva (os diferentes tamanhos de Alice, e a enorme cabeça da Rainha Vermelha com o corpo pequenino, por exemplo), Burton traduz para as imagens a concepção do roteiro. Ou melhor, deixa uma pista para nós de sua abordagem ao contar a história de Alice. Talvez seja justamente nesse momento que ele incomode tanto, não é um filme linear, tampouco uma versão. É cinema no seu conceito mais simples: contar uma história que possa ser compreendida através da linguagem visual.

6 comentários:

Anônimo disse...

Beatriz,
Obrigado pela citação, fico honrado com ela e principalmente pelo excelente comentário que fizestes lá.

Abraços

Arnobio Rocha disse...

Beatriz,
Obrigado pela citação, fico honrado com ela e principalmente pelo excelente comentário que fizestes lá.

Abraços

Morena de Angola disse...

Beatriz,
assisti Alice ontem a noite. Seu post tá brilhante. Beijo e saudades muitas!

Ana disse...

Arnobio,

Gostei muito da sua análise, não podia deixar de registrar aqui. Não conhecia o seu blog (descobri através do twitter).

Abraços,

Ana disse...

Querida Alásia,

Fico muito feliz que você está bem e já retomou as atividades em pleno vapor. Saudades de nossas fofocas animadas!

Beijos

Norbert Steininger disse...

Norbert Steininger
NAO ESTUDEM NA UNINTER. E perda de tempo e dinheiro. Uma instituiçao que NAO RESPEITA o aluno e os direitos dele. NAO ESTUDEM LA. Procurem outra instituiçao seria.
Minha email para duvidas e n.steininger@bol.com.br

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